Marina Ruy Barbosa -  Pino Gomes/Divulgação
Marina Ruy Barbosa Pino Gomes/Divulgação
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Marina Ruy Barbosa, a Amália de 'Deus Salve o Rei', é a entrevistada deste domingo. No bate-papo a seguir, a atriz fala sobre a vida de casada, seu papel na novela, rede social e diz que valoriza o romantismo, mas tem seu lado guerreira. "Detesto que coloquem a gente numa caixinha e que isso no impeça de sair do lugar de conforto, de fazer algo diferente, novo ou inusitado", afirma. Esbanjar dinheiro não é com ela: "sei dar o valor certo para as coisas, tenho os pés no chão. Se eu acho que não vale, não me enche os olhos. Acho que isso nem é ser pão dura. É ser justa".

Amália é romântica e guerreira ao mesmo tempo. Com qual das duas facetas da personagem você mais se identifica?

Com as duas, sem dúvidas. Ninguém é uma coisa só e eu detesto rótulos. Detesto que coloquem a gente numa caixinha e que isso no impeça de sair do lugar de conforto, de fazer algo diferente, novo ou inusitado. Sou naturalmente romântica. Isso é parte de mim. Valorizo o romantismo no outro e gosto de alimentar o meu lado romântico, me faz bem, me traz um conforto emocional. Mas a guerreira é muito presente em minha vida, no dia a dia.

Amália ficou entre dois amores: Virgílio (Ricardo Pereira) e Afonso (Rômulo Estrela). Isso aconteceu com você?

Não. E graças a Deus, né? No caso da Amália, ela ficou entre duas escolhas, porque ela nunca amou Virgílio. Ainda assim deve ser uma situação difícil e dolorosa. Eu sempre tive namoros longos e por isso nunca me vi em um dilema desses. Voltando à Amália, ela tinha um relacionamento com Virgílio, duradouro inclusive, mas quando o cara certo apareceu, quando o coração bateu forte, ela não conseguiu evitar. E acho que isso pode acontecer com qualquer pessoa. O importante é ser honesto com si mesmo e com o outro.

Como é estar em uma novela de época? Tem roupas mais pesadas, apliques, botas...

É quente (risos). Eu sempre quis fazer uma novela de época. É tudo diferente, desde a maneira de falar até a forma de se vestir, de usar o cabelo e fazer a caracterização. A gente demora um pouco mais para entrar em cena, tem que fazer cabelo, tranças, apliques... E colocar o figurino primoroso, tão cheio de detalhes. A gente acaba se acostumando. Mas como atriz é uma delícia ter todos esses recursos.

Seu marido é piloto e não tem nada a ver com esse meio artístico. Ele te assiste? Sente ciúmes das cenas de Amália com Afonso?

Esse meio já não está mais tão distante assim. Ele é um superparceiro, está sempre ao meu lado e com isso está conhecendo mais de perto a minha profissão. Ele sempre soube da minha carreira e acho que a minha vida profissional está no pacote das coisas que ele admira em mim. Sim, ele me assiste. Não é sempre por causa do trabalho dele também. Sobre o ciúme... isso é curioso. Não, não é ciúme a palavra. Mas trabalho com arte. Faço novelas que entretém o público, que mexem com as emoções do público. Se ele não sentir nada vendo as cenas de Amália, é frustrante até pra mim como atriz (risos)!

Por que lançar um livro de poesias?

Primeiro porque é um gênero que eu gosto. E leio. Então surgiu a chance de conhecer novos escritores e de fazer uma coletânea dos meus poemas preferidos. E, claro, fazer uso da minha voz como pessoa pública para incentivar a leitura. Deixar um pouquinho o celular de lado e sentir o prazer de folhear um livro.

Pensa em fazer uma biografia?

Não. Seria muita pretensão pensar nisso, ainda mais com 22 anos. Claro, comecei a trabalhar muito cedo e são muitas as histórias. Mas é preciso bem mais que isso para se fazer uma biografia.

Como você lida com as redes sociais?

Eu administro as minhas redes. Uso esse canal para trabalhar e me relacionar com as pessoas. Posto o que quero, do jeito que quero, muito mais de forma intuitiva, com a minha lógica. Gosto de interagir, afinal é um meio que permite essa troca. Mas nunca perdi de vista o que é mais importante: a rede social é um recorte da minha vida. Um recorde fiel à realidade, claro. Mas algo que eu escolho compartilhar. Mas as redes não me definem, tampouco me resumem.

Do que você tem medo?

Não é bem um medo, mas ficar ociosa me angustia. Gosto muito de estar trabalhando. Acho que isso talvez seja o que mais mexa comigo. Ah, e claro, a ausência repentina da família. Acho que é comum temer perder as pessoas que a gente ama. Tenho medo também de perder tempo com coisas ou pessoas que não me acrescentam.

Como é a rotina de casada? Já sentiu vontade de voltar a morar com a mãe?

Eu e minha mãe somos amigas e parceiras de trabalho. Convivemos muito e ela é muito presente na minha vida. Hoje, minha mãe é minha stylist (assina meu figurino na maioria dos trabalhos que faço fora da novela). Sobre a vida de casada, é muito especial construir uma vida a dois, conviver, dividir, somar. E isso se faz no dia a dia, tijolinho por tijolinho. Temos uma vida a dois, mas temos rotinas pessoais, que são bem puxadas, então aproveitamos todos os momentos para ficarmos juntos. E quando estamos juntos, fazemos valer esse tempo tão precioso. Eu acredito no amor.

Quantas vezes por semana você liga para a sua mãe?

Nunca contei! Mas a gente se fala com frequência. E trabalhamos juntas, afinal ela me veste em trabalhos publicitários e eventos. E é a minha mãe. Ela sempre vai ser minha grande amiga.

Filhos estão nos seus planos?

Estão sim, mas não por agora e não tenho uma previsão. Acho que saberemos quando a hora certa chegar.

Alguém já ficou incomodado quando você pediu para guardar o celular na cestinha que você mantém dentro da sua casa?

Não! Eu dei uma entrevista falando que as vezes, quando tem jantar lá em casa eu falo: galera, vamos esquecer um pouco o celular e conversar! Só que tudo que a gente fala em entrevista vira uma questão! É uma coisa que eu tento me policiar sempre: não ficar toda hora no celular, principalmente quando eu estou com pessoas especiais do lado!

Sabe cozinhar?

Eu me viro. Mas não sei fazer um super almoço ou jantar. Não sou adepta a dietas radicais, até porque gosto de dar umas escapadas, amo doce por exemplo. Mas nos últimos tempos comecei a ter mais atenção com o que eu comia. Eu sempre comi muita besteira: pizza, hambúrguer, doce... Aí comecei a perceber que podia ter mais atenção e tenho me sentido bem mais disposta. Comecei a fazer exercício também quase todos os dias antes do trabalho.

O que não pode faltar na sua bolsa?

Celular e chiclete.

Você está mais para pão dura ou mão aberta?

Acho que estou no meio do caminho. E isso tem uma razão bem simples: valorizo o meu trabalho e o que ganho com ele. Gosto de presentear meus amigos, minha família. Mas sei dar o valor certo para as coisas. Se eu acho que não vale, não me enche os olhos. Acho que isso nem é ser pão dura. É ser justa. Não sou impulsiva na hora de gastar.

Qual foi a última coisa que você comprou?

Uma barrinha de cereal no aeroporto, porque saí de casa correndo e não deu tempo de tomar café da manhã.

Você gosta de estar antenada com a moda?

Gosto. Não é exatamente antenada. Mas presto atenção em moda, porque eu gosto. Mas isso não quer dizer que eu - ou qualquer outra pessoa - tenha que ser refém dessa moda, das tendências. Eu adoro me informar, mas tenho o meu estilo, sou mais clássica.

O que você não usa de jeito nenhum?

Calça saruel eu não curto muito (risos).

O que você acha que as pessoas pensam de você?

Eu acho que as pessoas estão me conhecendo mais e entendendo que não sou uma coisa só. E eu acho ótimo! Eu sou mais caseira, gosto de programas em família... É o meu estilo de vida, o que me faz bem. Mas não tem regra! Dizem "ela é toda certinha". Não tem definição pior do que essa. Significa que o oposto disso é ser "erradinha"? Claro que não, né? Tenho tentado fugir desses adjetivos pejorativos. Cada um com suas escolhas! Acho que essa visão do que pensam sobre mim, diz mais sobre a pessoa do que realmente sobre quem eu sou.

A opinião do outro te incomoda?

Eu estaria mentindo se falasse que não. Críticas são bem-vindas, desde que sejam respeitosas. O que me chateia é quando leio algo dito por alguém que não me conhece, sugerindo algo mentiroso sobre mim. Me incomoda gente sem educação.

Qual é a sua maior virtude?

Acredito ser uma boa ouvinte com os amigos e sou muito correta nas relações que estabeleço. E sou muito persistente. Talvez a persistência seja o meu grande trunfo. Minha dedicação. Mas pensando bem, acho que minha maior virtude é ser grata! Acho que na vida a gente temos que ser gratos com o que conquistamos, com as oportunidades que aparecem, com as pessoas que passam no nosso caminho, e com o lugar que estamos sabe? Isso eu tenho.

E o seu grande defeito?

A vida adulta vai chegando e tudo vai mudando. Sou naturalmente inquieta. Calma, mas inquieta. E essa inquietude às vezes me leva para um estado de ansiedade que me incomoda. Mas percebo que lidar com essa ansiedade está mudando porque estou me tornando mais madura. Sou muito intensa, então acho que é um defeito também, as vezes me importar demais com algumas coisas sabe? Tipo, quando alguém é grosso comigo, eu fico remoendo aquilo, absorvo muito as coisas...

Qual é o seu sonho de consumo?

Não sou consumista. Claro que de vez em quando paquero uma bolsa, um sapato... quem nunca? Mas nada que seja um sonho de consumo. Nada muito exagerado, nenhum desejo exorbitante. Sou viciada em trabalho, é o que me motiva e me alimenta. Mas às vezes a rotina fica mais puxada e o meu sonho de consumo é poder ter uma brechinha pra estar em casa, vendo minhas séries ao lado do meu marido, de moletom, sem make...

Você é princesa ou plebeia? Por que?

As duas coisas! Na verdade, três, quatro, cinco coisas sei lá. Sim, a pessoa pode ser atriz, pode ter uma carreira de dedicação, estudos e bons trabalhos e querer se aventurar na música, nas artes, na moda, na literatura.... por que não? Se reinventar, se desafiar. Ninguém precisa ser uma canção de uma nota só. É graças a isso que estou construindo a minha trajetória de vida. Sou o que sou hoje, sou varias, e continuarei sendo, me descobrindo, me redescobrindo, aprendendo, errando, mas principalmente tentando.

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