Lília Cabral - Globo/Estevam Avellar
Lília CabralGlobo/Estevam Avellar
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No ar como Valentina em 'O Sétimo Guardião', Lília Cabral sempre foi muito reverenciada por seus personagens ao longo de seus 37 anos de trabalho na televisão. Mas hoje ela atravessa um momento atípico: recentemente, viu seu nome na imprensa, envolvido em uma suposta briga nos bastidores da trama. 

A coluna procurou a atriz para esclarecer alguns pontos desta polêmica e entender o que ela acha disso tudo. Na entrevista abaixo, Lília também fala um pouco da carreira, da experiência de trabalhar com atores mais jovens e inexperientes, e também revela alguns detalhes de sua vida pessoal, embora seja sempre muito reservada quanto a isso. 

Caro leitor, com ou sem conflitos nos bastidores da novela, uma coisa não podemos negar: Lília é e sempre foi referência no quesito atuação. Com vocês, Lília Cabral Bertolli.

O jornal Extra citou uma briga entre você e Marina Ruy Barbosa. Você já se pronunciou sobre isso. Houve exagero na publicação ou nada daquilo aconteceu? Você desconfia de como a informação foi parar na imprensa?

O que tinha que ser dito sobre o assunto já foi falado. Gosto demais da Marina e acho que ela é uma atriz com muito talento, muita responsabilidade e que tem uma vida de trabalho inteira pela frente.

Notas como essas da imprensa sobre você te abalam emocionalmente?

Tem gente que diz que eu não deveria dar importância a esse tipo de notas, mas é muito triste tudo isso. Alguém pode até não gostar de um trabalho que eu fiz ou estou fazendo, mas é importante que haja respeito.

Acha que você, 'O Sétimo Guardião' ou Aguinaldo Silva estão sendo perseguidos?

Perseguição é uma palavra muito forte. Eu não me sinto perseguida, e acredito que o Aguinaldo também não. Eu defendo a novela dele e visto a camisa. Aliás, faço isso com todos os autores com os quais trabalho. Vou defender sempre, porque eles estão me dando histórias para contar e eu vou ser eternamente agradecida.

O que você acha da imprensa nos dias de hoje?

Recebo diariamente dois jornais que, quando chegam, tenho prazer em ler. Quando vejo que um bom jornalista consegue interpretar num pedaço de papel tudo aquilo que a gente vê e que, quando lê, compreende melhor, reconheço o bom jornalismo. É muito importante para o nosso dia a dia. Na verdade, eu já pensei em ser jornalista, já que meus pais não queriam que eu fosse atriz. Quando eu estava na USP, fazendo a Escola de Arte Dramática, se eu ficava sabendo que tinha algum jornalista importante dando aula na faculdade de Comunicações, que era ao lado, eu ia assistir como ouvinte, e saia de lá completamente fascinada.

'O Sétimo Guardião' tem sido bombardeada com notas sobre audiência e dificuldade de entendimento da história. Você e Aguinaldo são parceiros. Vocês conversam sobre isso?

Eu e Aguinaldo somos parceiros e tenho o maior respeito por ele e pelo trabalho dele. É uma história linda, com atores que a gente gosta, uma direção brilhante e um acabamento que nos orgulha estar fazendo parte disso. Sempre digo para as pessoas que é bom sonhar dentro desse realismo mágico. Cada um dos sete guardiães tem uma falha trágica, um desvio. É uma crônica admirável sobre você ter a possibilidade de ter alguma coisa que pode salvar o mundo, e que revela que, na verdade, estão todos pensando no próprio umbigo.

Você é uma das maiores atrizes deste país. Esta novela tem muitos atores novatos. Como é pra você ter que lidar com gente com quase nenhuma experiência?

Eu já fui mãe de tanta gente, já contracenei com tantos atores que estavam começando e que agora tenho orgulho de ver o crescimento. Eles me ensinaram muito. Todos dizem que aprenderam muito comigo, mas eu é que aprendo com eles. Eles não têm vício, vão para a cena de coração aberto. O que eu mais gosto de ver é o empenho. Me lembro de todos que fazem parte da minha história, e eu tenho é que agradecer porque eu rejuvenesci convivendo com eles, fiz amigos, e a gente sempre que se vê lembra desses momentos com muito carinho. Mas há também os que são novatos só porque ainda não tinham feito novela, como é o caso da Nany People, que é uma atriz fantástica. Quando eu soube que ela tinha feito teste, torci muito para que desse tudo certo. Então eu nunca olhei eles como novatos, mas como colegas.

Em algum momento você teve dificuldade de entender a trama da novela?

Não tive dificuldade em entender a trama da novela. Não só eu, como todo o elenco.

Nos dias de hoje, a internet faz com que o público exija verdade ao extremo nas tramas. O realismo fantástico de 'O Sétimo Guardião' é o oposto disso. Você acha que isso prejudica o entendimento da trama?

Não é que o realismo fantástico seja o oposto, ele é uma crônica. Você assiste a situações reais, mas contadas de forma mais lúdica. 'O Sétimo Guardião' é uma homenagem a várias novelas que nós temos na memória, como Tieta, Porto dos Milagres, Padra Sobre Pedra, A Indomada, Fera Ferida, Saramandaia. Todas essas novelas tinham a pincelada do realismo fantástico. Trazer isso de volta também é uma maneira de contar para os jovens sobre o que foi feito no passado.

Sua história na TV é impressionante e parece não faltar mais nada. O que ainda você precisa viver na sua profissão para se sentir realizada?

Falta tanta coisa! Já fiz papel de rica, de pobre, de quase rica, de quase pobre... Mas, o que eu gostaria de fazer agora? Não sei, porque eu acho que, quando as coisas vêm para mim, sempre é uma surpresa e um desafio. Com a Valentina, eu tenho todos os dias um desafio: dentro de um único capítulo, contraceno com várias pessoas e, com cada uma, ela tem uma forma diferente de ser, mas a essência é a mesma. E quando eu poderia imaginar que, aos 60 anos, teria uma personagem como essa?! Para mim, é muito grandioso. É uma generosidade de um autor que colocou nas minhas mãos um cristal para eu lapidar. Então, qual é o personagem que que gostaria de fazer? O personagem que eu quero fazer é sempre o próximo.

Que tipo de personagem você não se submeteria a fazer nos dias de hoje?

Agora não me veio nenhum à mente.

O que te faz feliz e o que costuma te tirar do sério?

O que me faz feliz é comer uma pizza com os amigos (risos). E o que me tira do sério é hipocrisia.

Me fale uma frase que traduza o seu atual momento.

Sou feliz com o que eu tenho e com o que eu faço, e quero fazer muita gente feliz com o que tenho e com o que eu faço.

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