Pedra do Quilombo - Parque da Pedra BrancaFoto de Divulgação Inea

     O 13 de Maio chega a cada ano mais ressignificado. Conceitos, expressões e personagens vêm sendo repensados. A própria palavra “escravo”, impressa nos livros didáticos, não é mais bem-vista no cenário atual. Ela foi substituída por “escravizados”, que explicita uma condição imposta, e não uma aceitação pacífica, como dava a entender a denominação anterior.
     O protagonismo dessa história também mudou. A outrora redentora Princesa Isabel, que sancionou a Lei Áurea em 1888, vem sendo destronada do foco principal, substituída pelos heróis negros que resistiram ao sistema então vigente.
     A própria data (13/05) perde força representativa para o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, que marca o assassinado de Zumbi (1655-1695), último líder do Quilombo de Palmares. Já os quilombos remanescentes vão se repaginando. De espaços tidos como marginais, para de locais de resistência cultural e de preservação não só da memória, mas também do meio ambiente.
O papel dos Quilombos na preservação ambiental
     Não é por acaso que espaços ocupados por essas comunidades estejam entre os mais harmonizados com a natureza. Além da ancestral conscientização, ainda somam-se os preceitos ligados à natureza, contidos nas religiões de matrizes africanas.
“Nós e os indígenas somos os povos que mais preservamos o meio ambiente” ressalta o presidente da Associação Cultural do Camorim, Adilson Almeida.
Sacopã
     É nos 18 mil metros quadrados ocupados pelo Quilombo Sacopã que encontramos o que resta da Mata Atlântica no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. A especulação imobiliária no terceiro metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro não só desmatou a região como já tentou, por várias vezes, expulsar os quilombolas. Justo eles, ocuparam a região desde o século XIX após fugirem do açoite em Macaé e Nova Friburgo.
Camorim
     Este quilombo está localizado no Parque Estadual da Pedra Branca, a maior floresta urbana do Brasil, orgulha-se Adilson Almeida “A implantação do parque nos ajudou a salvar o que restou dos nossos 35 mil metros quadrados. Sofremos muita violência, intimidações, ações de grileiros e desmatamentos.
     Atualmente outra pressão social vem da ação da milícia que domina boa parte da Zona Oeste, embora Almeida evite se aprofundar nas intervenções dessa ação criminosa por toda a região.
     No entanto, uma das mais recentes agressões veio justamente de quem deveria proteger: a prefeitura do Rio. Em 2014 a comunidade assistiu estarrecida a derrubada de mais de mil árvores da Mata Atlântica de um território que os quilombolas tinham como seu. A ação foi justificada pelas autoridades como necessária para erguer o condomínio que hospedou os árbitros dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
     Embora protegidos pelo parque, os "camorins" ainda são impactados pela alta especulação imobiliária, que está se aproximando do seu território. “Fomos um quilombo rural que virou um quilombo urbano com o avanço da urbanização” revela Adilson Batista Almeida
     Compartilhando sua conscientização ambiental, os quilombolas participam de ações educativas nas escolas do bairro. Eles também já contabilizaram o plantio de 37 mil árvores na área e entorno do Parque Pedra Branca.