Não apenas um, mas por muitos "Dias Mundiais Sem Carro", assim como torcemos por uma adesão maior ao movimento por parte da população, por empresas e pelo poder público. A data já teve maior mobilização em anos anteriores passando agora em 2023 quase que totalmente despercebida com exceção de algumas ações isoladas.
Trata-se de uma iniciativa global para conscientizar sobre os impactos do uso excessivo de veículos individuais e promover alternativas mais sustentáveis, como o transporte público, bicicletas e caminhadas. Além dos congestionamentos nas cidades, esse movimento visa destacar as preocupações ambientais relacionadas à poluição do ar, ao buraco na camada de ozônio e ao efeito estufa.
As estatísticas são preocupantes: o setor de energia é responsável por aproximadamente 75% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), e o setor de transporte contribui com cerca de 20% dessas emissões. As mudanças climáticas e o aquecimento global estão se manifestando em todo o mundo, tornando a necessidade de mudança mais urgente do que nunca.
Mobilidade Sustentável: O Caminho a Seguir
No setor de transporte, a descarbonização desempenha um papel fundamental para frear o avanço das mudanças climáticas. A transição para fontes mais limpas e sustentáveis é crucial para minimizar o impacto ao meio ambiente. Porém, não basta apenas a substituição da matriz energética. É preciso também promover mudanças de hábitos, entre eles, evitar o deslocamento individual em automóveis e o estímulo ao uso de bicicletas, patinetes e as caminhadas, por sinal, alternativas bem mais saudáveis.
“Olhando para as ideias e preceitos da economia circular, nota-se um ponto fundamental ligado à redução das emissões de GEE: mudança da matriz energética global, valorizando formas de energia mais limpas e sustentáveis. Isso vale tanto para o setor produtivo quanto de transporte”, afirma Edson Grandisoli – doutor em Educação e Sustentabilidade e coordenador do Movimento Circular
Ainda segundo Grandisoli, em um cenário ideal é preciso implementar caminhos e alternativas para tornar as atividades humanas net zero (sem emissões líquidas de dióxido de carbono). Isso implica reduzir drasticamente o uso de derivados de petróleo como a gasolina e o diesel. A transição para um setor de transporte de impacto zerado não resolve totalmente os efeitos da mudanças climáticas por si só, mas é um passo fundamental na direção certa.
“Embora tornar o setor de transporte net zero não resolva a questão climática de maneira definitiva, é um ponto fundamental de mudança, dentro de um conjunto de outras práticas”, aponta.
Retrocesso do fim do home office Já estão em andamento várias ações mitigadoras para tornar o transporte mais sustentável. Isso inclui a promoção de biocombustíveis, o desenvolvimento de veículos elétricos e a redução das distâncias percorridas pelos deslocamentos. O próprio home office forçado pela pandemia da Covid-19, deu uma forte contribuição. No entanto, o retrocesso de algumas empresas forçando o retorno presencial pode reverter esse quadro de melhoria.
No Rio de Janeiro, o Dia Mundial sem Carro contou com distribuição de bilhetes gratuitos nos acessos a estação do metro do Leblon, bairro com um dos metros quadrados mais elevados do mundo. Embora a companhia justifique a escolha pela alta concentração de automóveis na região, não evitou a crítica por não estender a entrada franca para estações localizadas em bairros mais carentes.
Apesar do forte calor e da baixa umidade relativa do ar, em Brasília, cicloativistas participaram de um bicicletaço que seguiu em direção à frente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, destacando a importância da mobilidade sustentável.
Egoísmo do transporte individual Em outros lugares, programas inovadores buscam transformar o paradigma histórico do uso excessivo de carros. Um exemplo é a cidade com uma infraestrutura tradicional baseada em autoestradas, conhecidas como "Freeways". Los Angeles, nos Estados Unidos está implementando um programa piloto que oferece US$ 150 por mês aos moradores para utilizar o transporte público, aluguel de bicicletas, trens e patinetes elétricos, incentivando a adoção de alternativas mais sustentáveis.
Em várias outras partes do mundo, inclusive no Brasil, foram desempenhadas campanhas para a carona solidária que também pode ajudar na redução do impacto. Porém, diga-se de passagem, esse incentivo parece que foi esquecido no últimos anos.
O "Dia Mundial Sem Carro" teve início em 1997, na França como forma de conscientização. Em 2000, a União Europeia aderiu a essa iniciativa através de uma Jornada Internacional intitulada "Na Cidade, Sem Meu Carro." Em alguns lugares do planeta, o 22 de setembro foi expandido para uma semana inteira de ações e reflexão.
À medida que as mudanças climáticas continuam a se agravar, a promoção da mobilidade sustentável e a redução das emissões do setor de transporte tornam-se imperativas. Com o envolvimento de governos, empresas e a sociedade em geral, podemos enfrentar esse desafio global e trabalhar juntos em direção a um futuro mais sustentável.
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