Ciclone extra-tropical devastando Rio Grande do Sulfoto Divulgação Defesa Civil do RS

Vivemos em uma era de crescente conscientização ambiental, onde as questões relacionadas estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Fenômenos climáticos se intensificam em quantidade e intensidade, atingindo áreas em que não ocorriam antes. Junto, um rastro de catástrofes como inundações, enxurradas, desabamentos, incêndios, nuvens de fumaça e poeira… Com isso, aumentam as preocupações em pessoas mais conscientes ou que moram em áreas de risco e no entorno delas.
“Ondas de calor e incêndios, ciclones e tufões, terremotos e maremotos, desmoronamentos pelo acúmulo de chuva, como o que afetou a Serra do Mar, aumento da poluição, acúmulo de lixo. São tantas notícias catastróficas que a gente se pergunta: o que acontecerá com o mundo?”, questiona Claudia Coser, professora, consultora e CEO da Plataforma Nobis.

Essa crescente preocupação com o estado do planeta tem gerado um fenômeno psicológico conhecido como eco-ansiedade. Ele pode se manifestar de diversas formas, desde sentimentos de impotência até preocupações em tomar alguma providência.
Segundo a American Psychology Association (APA), a eco-ansiedade é o “medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das próximas gerações”.

Brasil: Desastres cada vez mais próximos
O que parecia distante da realidade brasileira, como ciclones, furacões e até terremotos estão cada vez mais se aproximando de nosso cotidiano devido ao aquecimento global, as mudanças climáticas e outras agressões ambientais. 
Um exemplo é o ciclone extra-tropical que atingiu essa semana os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa região no extremo sul brasileiro já sofreu com quarto fenômeno extremo desse tipo somente em 2023. Nos últimos dois anos, registramos catástrofes climáticas também em Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão e Petrópolis (RJ) em São Sebastião (SP).

Eventos extremos se tornaram mais frequentes, e a grande maioria deles tem relação com o aumento da temperatura do planeta. O último relatório da ONU fala em “momento-chave” e “que esta é a década da ação, se nós quisermos mudar esse quadro”.

Fenômeno Mundial
E não é um problema isolado. Trata-se de um fenômeno global que não escolhe idade, gênero ou localização geográfica. Os jovens, em particular, têm se destacado como defensores do meio ambiente, mas também estão sujeitos a altos níveis de ansiedade relacionada ao clima.

Os impactos na saúde mental são profundos. A constante preocupação com o meio ambiente pode levar a sintomas de estresse, ansiedade, depressão e insônia. Sentimentos de desesperança e impotência também podem se instalar, à medida que as pessoas se sentem sobrecarregadas pela enormidade dos desafios ambientais.
É essencial reconhecer a eco-ansiedade e buscar apoio quando necessário. Ter conversas abertas sobre o tema com amigos, familiares e profissionais de saúde mental pode ajudar a aliviar o fardo emocional. Além disso, cultivar resiliência emocional e encontrar maneiras de lidar com a ansiedade pode ser fundamental para enfrentar esse desafio.
Como transformar a eco-ansiedade em ação
O medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental, é um fenômeno psicológico que afeta cada vez mais pessoas em todo o mundo. Diante das mudanças climáticas e dos desastres ambientais que se multiplicam, muitos se sentem angustiados com o futuro do planeta e das próximas gerações.

No entanto, a eco-ansiedade também pode ser um motivador para a ação. Muitos estão canalizando suas preocupações ambientais em prol da conscientização e da busca por soluções. Participar de movimentos de conservação, apoiar políticas ambientalmente responsáveis e adotar práticas sustentáveis são maneiras de transformar a ansiedade em ação positiva.

Trata-se de um reflexo das preocupações legítimas com o meio ambiente, mas também é um apelo para agirmos em prol de um futuro mais sustentável. Com conscientização, apoio e ação coletiva, podemos transformar a ansiedade ambiental em uma força motriz para a mudança positiva, ajudando a preservar o nosso planeta e a nossa própria saúde mental.