Por nara.boechat

Rio - Integrante, como ele mesmo fala, da “geração analógica”, o ex-engenheiro do hawaii Humberto Gessinger lança o quinto livro, ‘Seis Segundos de Atenção’ (Ed. Belas Letras, 168 págs., R$ 34), o primeiro disco solo — o independente ‘Insular’ — e vira meme de Facebook. O motivo foi a música ‘O Papa é Pop’, lançada em 1990 e ressuscitada a partir da vinda do comunicativo Papa Francisco ao Brasil.

Humberto GessingerDivulgação

“Volta e meia lembram também do ‘a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes’”, diz Gessinger, citando os versos de ‘Terra de Gigantes’. “É legal saber que uma coisa que você falou ficou para sempre. Mas nem estava fazendo um tratado sobre religião, era uma música sobre cultura pop. Muitos jornalistas me ligaram quando o papa veio e eu sempre falava que não tinha nada a acrescentar”.

O primeiro solo de Gessinger (descontando-se ‘Humberto Gessinger Trio’, de 1996, também um disco de banda, mas com seu nome na capa) poderia ser um álbum dos Engenheiros. Ou do Pouca Vogal, que formou com o guitarrista gaúcho Duca Leindecker. “Nunca tinha me passado pela cabeça lançar com meu nome. Mas vi que seriam muitas participações e que não teria banda fixa”, afirma Gessinger, de volta ao baixo, que tocou por vários anos nos Engenheiros.

Em ‘Insular’, os mais fixos são Rodrigo Tavares (guitarra, Fresno) e Rafael Bisogno (bateria). O rodízio em faixas como ‘Sua Graça’, ‘Milonga do Xeque-Mate’ e ‘A Ponte Para O Dia’ inclui músicos gaúchos consagrados como Frank Solari (guitarra) e Bebeto Alves (voz) e ex-engenheiros como Adal Fonseca (bateria) e Lucio Dorfman (teclados). “No show, vai rolar um power trio com Rodrigo e Rafael”, diz Gessinger, tencionando gravar um DVD. Ele não torce o nariz para as poucas aparições recentes do rock nacional nas paradas. “Não acho que o rock deva ser hegemônico no Brasil. Aliás, nenhum som deveria ser”.

O cantor, que põe textos toda semana no blogessinger.blogspot.com, afirma que sua maneira de ver música nunca mudou. “É uma busca pessoal e interior. E acho sinal de respeito ao público não pensar nele quando faço um trabalho”, diz Gessinger. Mas mesmo em tempos de crowdfunding (discos financiados pelos fãs)? “Do ponto de vista da viabilização, isso é legal. Desde que não interfira no estético”, diz. “Com o digital, o artista tem que tomar cuidado com o que lança. Não é para lançar qualquer coisa, como nas redes sociais, em que o cara posta coisas irrelevantes: o trânsito parado, o prato de comida”.

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