Por daniela.lima
Rio - Falar de remakes de clássicos é sempre uma tarefa complicada. Não dá para avaliar ‘Carrie, A Estranha’, de Kimberly Peirce, sem comparar com o original de 1977, dirigido por Brian De Palma. E, nessa comparação, quem guarda uma boa recordação do filme protagonizado por Sissy Spacek, na pele de Carrie White, talvez se decepcione. Já para quem não o conhece, o longa pode passar uma impressão um pouco melhor, mas soar como uma história superficial de bullying e vingança. 
‘Carrie%2C A Estranha’%3A Um clássico do terror de volta às telasDivulgação


Carrie (Chloë Grace Moretz), uma menina aparentemente indefesa e frágil, sofre com a opressão de sua mãe, Margaret (Julianne Moore), uma fanática religiosa. Os maus-tratos em casa se estendem ao ambiente escolar, onde a jovem é rejeitada e insultada pelos outros estudantes. Quando Carrie fica menstruada pela primeira vez, tem um surto no banheiro do colégio por não entender o que está acontecendo com o seu corpo. Irada diante da ridicularização que sofre das garotas do colégio, ela percebe que tem estranhos poderes telecinéticos.

No filme de Kimberly, a raiva é o que desencadeia os poderes da protagonista — e é só. Digo isso
pois, ao ignorar a motivação das manifestações dos poderes de Carrie, a diretora muda completamente a linha da trama original, na qual uma menina indefesa e introspectiva não entende o que está acontecendo consigo nem consegue controlar seus poderes em momentos de ira.
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Neste remake, Carrie demonstra cada vez mais confiança a partir do momento em que começa a estudar sobre os seus poderes e a dominá-los. Na épica cena do baile de formatura, não é o descontrole que desencadeia a tragédia que marca o clássico do terror, e sim a vingança. Tal escolha faz com que a Carrie de Kimberly seja completamente oposta à de Brian. Como se abduzida por um algum espírito soberbo, a partir da cena do banheiro, Chloë descamba de uma boa atuação para algo forçado, que torna sua personagem artificial.
Julianne Moore está bem no papel de Margaret, mas não chega a ser tão assustadora como Piper Laurie no filme da década de 70. O que não é culpa da atriz, que é excelente, e sim da forma como a trama é conduzida — fugindo às premissas básicas do terror e esvaziando todo o suspense e tensão contidos no original.
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Não que o remake de ‘Carrie, A Estranha’ não tenha qualidades. Os efeitos especiais são bons e as cenas do início do filme — até a parte em que Carrie fica menstruada no chuveiro — são bem
trabalhadas, mantendo uma tensão constante no ar. Mas, infelizmente, não passa daí.