Por daniela.lima
Rio - “Não há nobreza na pobreza”, diz o personagem Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio, em ótima atuação) ali pela metade das quase três horas de duração de ‘O Lobo de Wall Street’, filme mais recente de Martin Scorsese. De certa forma, a frase resume bem suas motivações.A vontade de ter sempre mais do que possui é o motor que impulsionará o personagem principal ao topo da especulação na bolsa de valores de Nova York — e também será aquilo que promoverá sua queda. 
Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) arremessa notas de dólares de seu iate como forma de ostentaçãoDivulgação


A trama, baseada em fatos reais, conta a história de Belfort, que, por meio da manipulação de compra e venda de ações na década de 1980, em pouquíssimo tempo se transforma em um dos maiores milionários de Wall Street — o principal centro de finanças e investimentos dos Estados Unidos. Sua ascensão — e também a de seus sócios — é regada com todos os tipos de consumo e excessos: drogas, mulheres, carros, mansões, festas e iates. Tudo aparece em grandes quantidades.

É inevitável notar que ‘O Lobo de Wall Street’ remete a pelo menos dois trabalhos anteriores de Scorsese: ‘Os Bons Companheiros’ e ‘Cassino’. Nos três filmes, encontramos um narrador que se dirige diretamente ao público — provocando a quebra da quarta parede, que separa os personagens da plateia —, a ascensão e queda de um grupo de indivíduos de moral questionável, a presença da lógica cristã por meio da punição do mal, a redenção, close-ups acelerados e cenas fortes entrecortadas por alívios cômicos. Todos elementos recorrentes na filmografia do realizador americano.
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A duração do filme — que poderia ser um pouco menor para evitar algumas redundâncias do roteiro — não reduz a eficiência da obra em seu objetivo principal: mostrar o perigo da ganância sem controle e as consequências provocadas por ela.