Rio - Nascidos da criatividade dos calceteiros lusitanos, os mosaicos feitos com pedras portuguesas se integraram à paisagem carioca de tal forma que acabaram se transformando em marca de identificação visual da cidade — é difícil pensar no tapete de calcário que recobre os calçadões da orla e não associá-lo de forma imediata ao Rio de Janeiro. Para apresentar a origem dessa forma de ornamentação urbana e entender qual o caminho que ela percorreu até se transformar em chão para quem vive por aqui, o Museu Histórico Nacional apresenta, até o dia 1º de agosto, a exposição ‘Tatuagens Urbanas e o Imaginário Carioca’.
A ideia da exposição nasceu do livro ‘Tapetes de Pedra’, editado em 2010 pela pesquisadora e produtora cultural Renata Lima, coordenadora do projeto. Ela escreveu a obra a partir de pesquisas sobre o tema — durante o trabalho, ficou encantada com as formas dos pavimentos e desenhos criados para compor as calçadas.
A mostra é dividida em três módulos: ‘Histórico’ — com acervos de várias instituições, como o Museu da Cidade de Lisboa, Museu da Cidade e Castro Maya, além de registros relacionados aos calçadões de Copacabana e Ipanema —, ‘Calceteiro’ — que conta com o acervo do Museu dos Moldes de Lisboa, além de fotografias e filmes de várias épocas — e ‘Imaginário Carioca’ — reunião de objetos inspirados nas calçadas do Rio de Janeiro, que revela como o carioca se apropriou das formas desse tipo de pavimentação para criar designs de joias, mobiliário, obras de arte e moda. Inspiração que faz todo sentido quando consideramos que há 1,218 milhão de metros quadrados de calçadas portuguesas na cidade.
Em paralelo à exposição, o projeto vai discutir a importância da conservação e adaptação das calçadas aos novos padrões de mobilidade e acessibilidade urbanas. “Por meio do material recolhido em acervos de instituições de Portugal e do Brasil, conseguimos trazer telas, desenhos, fotos e moldes que formam um conjunto de grande importância para se conhecer as calçadas portuguesas. A parceria com a Câmara de Lisboa nos possibilitou o empréstimo de obras originais, que são verdadeiros tesouros do patrimônio urbano”, afirma Renata Lima,coordenadora geral da exposição e curadora no módulo dos calceteiros.