Por daniela.lima

Rio - Ah, que saudade dá, de vez em quando, dos velhos tempos... “De tomar uma cachaça no canto do bar sem ninguém te reconhecer”, rememora João Bosco. “De cantar pertinho do público nos barzinhos”, completa o parceiro Vinicius. 

No CD ‘Estrada de Chão’%2C João Bosco %26 Vinicius resgatam canções que cantavam nos baresDivulgação


A dupla sertaneja sul-mato-grossense já não desfruta mais desse ‘privilégio’ do anonimato. Transita entre os mais populares artistas do gênero no país, e no novo CD reúne um verdadeiro ‘dream team’ da canção do campo: Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Sérgio Reis, Bruno & Marrone, Leonardo e Roberta Miranda, além de duplas veteraníssimas como Matogrosso & Mathias ou Rionegro & Solimões. Tudo para um projeto especial da carreira — que, acredite, já acumula mais de duas décadas — no qual resgatam, com seus convidados, músicas que ouviam, adoravam e tocavam nos barzinhos, ainda na região pantaneira onde cresceram. ‘Estrada de Chão’ é, hoje, o mais perto que eles vão conseguir chegar das emoções daqueles saudosos velhos tempos.

“Mas não são músicas clichês. Não tem ‘Fio de Cabelo’, por exemplo”, ressalta Vinicius, citando o megassucesso de Chitãozinho & Xororó. “O público sempre se identificou com a gente por isso, porque optamos por fugir do repertório óbvio”.

A seleção pesca canções como a clássica ‘Trem Bão’ ou Tempo Ao Tempo’, de autoria de Roberta Miranda, interpretada originalmente por Chrystian & Ralf. “A gente já trazia a ideia de algo parecido desde os velhos tempos mesmo, de revisitar nossa carreira, desde a origem, com a participação das pessoas que foram importantes. É simplesmente a realização de um sonho”, emociona-se João Bosco. “Quando participamos do DVD dos 40 anos de Chitãozinho & Xororó, o assunto apareceu e eles gostaram. Depois Zezé Di Camargo & Luciano toparam e, com essas credenciais, foi mais fácil conseguir os outros convidados”, detalha.

Buscando manter respeito pela obra que está homenageando, a dupla procurou manter-se próxima dos arranjos originais. “Mas sem deixar de trazer elementos modernos. A sonoridade é mais atual, enquanto que antes privilegiavam muito mais o som acústico das violas. ‘Me Leva Pra Casa’ é mais lento no original, com Zezé Di Camargo & Luciano, do que como gravamos agora”, exemplifica João Bosco.

Há também duas novidades no meio do roteiro clássico: ‘Morena Linda do Mato Grosso’ exalta as belezas da terra de origem e ‘Amiga Linda’ fala de amigos que começam a misturar amizade e paixão. “Se pode existir amizade entre homem e mulher, sem que exista sexo? Acho que sim”, atesta Vinicius. “Mas sempre com chances de florescer a qualquer momento, né?”, completa ele, quase convicto.

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