Por gabriela.mattos
Rio - "Talvez eu não tenha nascido para ser artista, mas eu nasci para ser professor”, acredita Vik Muniz, um dos artistas plásticos brasileiros mais conhecidos no exterior. Lançando dois volumes de um livro-catálogo hoje na Livraria Travessa do Leblon, ‘Vik Muniz: Tudo Até Agora’ (Capivara Editora, 901 págs, R$ 270), Vik se ocupa dos últimos preparativos para outro grande projeto: a Escola Vidigal. “Uma coisa que eu estou sempre tentando afastar do meu trabalho é a pedagogia, e acho que é por isso que tento fazer isso em outras áreas”, explica.
Vik Muniz em seu escritório e a capa do livro que traz sua obra completaDivulgação

No percorrer da publicação, que traça 1.400 obras do criador, as causas sociais são retratos recorrentes. Desde a série no Jardim Gramacho, registrada no filme ‘Lixo Extraordinário’, até instalações mais recentes, como ‘Lampedusa’, que trouxe a tragédia dos refugiados para a Bienal de Veneza, Vik frisa a importância do artista sair da sua zona de conforto. “Você ficar num estúdio na Zona Sul o dia todo não é muito ambicioso, é isolado. O mundo é pobre, sujo, não é um shopping center. Mas o mundo é muito interessante e tem gente incrível com quem você pode aprender muito”, avalia.

E é justamente para criar um ambiente de aprendizado que uma obra feita por arquitetos americanos se ergueu no Arvrão, alto do Morro do Vidigal. Voltada para crianças de 4 a 8 anos, a escola gratuita — que terá a função de ser complementar ao ensino básico — tem apoiadores com o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e a Central Saint Martins, de Londres. “Queremos montar programas de cultura visual e tecnologia”, adianta Vik, cuja intenção é disponibilizar os modelos para professores na internet. “Eu quero que as pessoas não saiam de lá (Vidigal) e que as coisas melhorem. E quero ser parte desse processo”.

?Com reportagem de Clarissa Stycer