Rio - Como Miguel de Sá Ribeiro, seu personagem em ‘Velho Chico’, Gabriel Leone tem convicções, mas revela que seu idealismo não passa por imposições. “Não sou radical, e ele também não. Trocar é um exercício diário e interessa muito”, diz. A um mês do fim da trama das 21h, o destino amoroso do personagem de ideias revolucionárias na agricultura é previsto, mas não revelado na íntegra. No entanto, Gabriel compartilha da mesma torcida do público para que Miguel e Olívia (Giulia Buscacio) se casem.
“É uma história linda. Eles lutaram para ficarem juntos. Têm o sonho em comum de ter um cantinho de terra, é natural que tudo se encaminhe para esta união”, diz o ator sobre o desfecho, que ele jura ainda não conhecer. “As cenas finais são secretas, ainda não recebemos”, completa.
A novela de Benedito Ruy Barbosa lhe deu um personagem com ricos conflitos na área afetiva: a descoberta tardia de um pai na família rival e o nascimento de um grande amor, com direito à drama extra, já que Olívia poderia ser sua irmã. As cenas com a atriz Giulia Buscacio emocionaram o país e se destacaram pelo entrosamento entre os dois.
“Tivemos um período de preparação antes da novela. Isso foi fundamental para a relação que criamos. Além disso, química é uma questão de parceria. Eu e ela somos generosos, um cuida do outro em cena”, revela.
O intérprete do agrônomo Miguel exalta que a admiração que existe entre os personagens se estende à que existe entre ele e a atriz. “Giulia é dedicada e sabemos que estamos participando de um trabalho diferenciado. Trabalhamos em sintonia pelo bem da cena, queremos que a história seja contada”, esclarece.
Gabriel conta ainda que as orientações do diretor Luiz Fernando Carvalho, guiando a linha do trabalho, deram luz aos caminhos da construção de Miguel e suas ligações: “Tudo sempre teve que ser intenso. As relações dele são de muito amor, isso dá força para as histórias”.
Sem namorada
O amor também é primordial para o ator de 23 anos,que embora afirme estar solteiro, assume que o sentimento o impulsiona. “É isso que me move: amor pela família, profissão, por amigos, por uma namorada”.
Gabriel parece intenso como Miguel, mas fala com leveza sobre relacionamentos. O ator acredita que, quando há afeto e vontade, todos os obstáculos impostos pela rotina podem ser superados, mas também admite que até no amor deve-se ter medida. “A força do sentimento deve levar para limites saudáveis. As dificuldades são naturais. É normal ter que adaptar, fazer concessões, só não pode ficar doentio”, reconhece ele, emendando: “Vale tudo no amor, desde que seja bom,não te consuma”.
A novela está acabando, mas ainda tem muitas emoções pela frente. O ator se orgulha de ter feito parte de “um projeto privilegiado”, como ele mesmo define, e garante que não se deixou influenciar pelas críticas que a trama sofreu inicialmente.
“Isso é normal. Trouxemos uma linguagem que há um tempo não era utilizada. Alguma reação ia causar. Isso é bom porque também gerou curiosidade”, diz ele sobre o tipo de estética escolhida pelo diretor da trama.
O fato é que 2016 tem sido um ano de realização profissional para Gabriel, com dois personagens marcantes na TV: o rebelde Guilherme, de ‘Verdades Secretas’, e o idealista Miguel, de ‘Velho Chico’. “A escolha de personagens fortes é fruto da confiança no meu trabalho. Ter o perfil para o papel não é tudo. Saber compor o personagem são outros quinhentos”.
Pode até ser. Mas, em oito anos de carreira, a sua personalidade e a sua entrega trouxeram mais um papel de peso, desta vez no cinema. Leone estreia no segundo semestre no papel do Rei Roberto Carlos, no longa ‘Minha Fama de Mau’, de Lui Faria, sobre a vida de Erasmo Carlos.
“Já havia feito Roberto no musical do Chacrinha, mas no filme foi diferente. Não conversei com ele. Queria compor o personagem sem passar pela imitação, até porque ficaria ruim, não sou imitador. Meu caminho é sempre o da verdade”, diz o ator, ansioso pelo lançamento. “Ainda não vi pronto e espero que o Roberto goste”.