Rio - Ele não para. Seja interpretando o Seu Rolando Lero da ‘Escolinha do Professor Raimundo’, ou atrás das câmeras na criação do seu talkshow ‘Adnight’ ou na redação e interpretação do humorístico ‘Tá No Ar’, Marcelo Adnet quase não tem descanso. “Fiz a ‘Escolinha’ junto com a criação do ‘Adnight’. Fiz o ‘Adnight’ junto com a redação final do ‘Tá no Ar’. E gravei o início do ‘Tá no Ar’ junto com a gravação do ‘Adnight’. Estou terminando o ‘Tá no Ar’ para poder fazer outras coisas”, planeja. “Até porque é uma carga bem forte e pesada. A gente precisa de um tempinho para dar uma respirada e voltar a fazer as coisas”, completa.
CRÍTICAS AO ‘ADNIGHT’
Enquanto ‘Tá no Ar’ é praticamente uma unanimidade quando o assunto é aprovação do público, ‘Adnight’ não enveredou para o mesmo caminho. Muitos não gostaram do formato do programa, mas nem isso impediu a Globo de garantir uma segunda temporada para a ideia de Adnet. “Achei as críticas ótimas. Nada é unanimidade, acho supernormal haver crítica. Eu acho que têm coisas para melhorar, coisas técnicas”, pontua.
O carioca, de 35 anos, conta que o Brasil vive um momento complicado para quem quer expressar sua própria opinião. “As pessoas ficam reativas a um tipo de humor ou programa em primeira pessoa. Cada vez é mais raro você olhar um programa em primeira pessoa na TV, são pouquíssimos”, explica. Isso também se estende principalmente para as redes sociais. O próprio Adnet foi vítima de seguidores no Twitter, no início de janeiro.
Adnet acredita que os criadores de suas ofensas podem ter feito isso só para chamar atenção. “Talvez se o cara falar ‘Eu te amo, você é muito legal’, eu ignoro. Mas se ele falar: ‘Vou te matar’. Eu falo: ‘Oh, que absurdo!’. Ele ganhou uma resposta. Acredito que tem gente que faz ofensa racista, homofóbica para ser assunto, para ser perseguido, para a pessoa responder”, vislumbra.
“Nós somos criminosos, bandidos, canalhas, eu só estou aqui porque estou apoiando uma revolução comunista, e ganhando muito dinheiro para implantar no Brasil o Bolivarianismo. E é por isso que estou aqui e não por nenhum outro motivo. Não se engane. O governo de Cuba me paga, não é a Globo. Na realidade, a Globo é ligada a Cuba e ao PSOL”, provoca em tom de deboche.
Apesar desse reacionarismo de uma parte da população, Marcelo tenta suavizar e dizer que tudo isso é muito novo, que ninguém viveu essa época antes para ensinar como agir. “O Hitchcock (Aldred Hitchcock, diretor), não fazia um filme e ia no Twitter ver. E a gente não ia também no Face do Hitchcock ver se ele apoia o Trump e ficar decepcionado. ‘Ah, adorava o Hitchcock, mas agora odeio ele porque li uma opinião dele’. Isso não existia. O lado bom é muito maior. A internet é incrivel, une todo mundo. Eu, por exemplo, não vivo sem ela. Mas, aos poucos, a gente vai aprendendo e se acostumando com tudo que ela traz”, observa.
Fã assumido da Silvio Santos, Adnet conta que seria um sonho contracenar com o dono do SBT, já que o comunicador é tanto respeitado pela sua trajetória quanto pelo carisma. “Ele é querido e onipresente. Desde que cheguei na Globo não tive o menor medo ou receio de falar do Silvio. Ele não é de outra emissora, ele é o dono do SBT, ele é do Brasil, de todos. A homenagem que fizemos para o Carlos Alberto de Nóbrega , de recebê-lo com todo carinho, com toda reverência, a gente faria de novo e de novo. Talento não pertence a uma emissora, talento é talento”, derrete-se.
Na TV, o humorista conta que assiste de tudo que se passa na telinha. Não tem nada que não vê. “O público zapeia e eu faço a mesma coisa. Séries, filmes e jornalismo. Em geral não tenho perfil. Ontem estava vendo um programa de culinária que tinham que cozinhar com dificuldades”, lembra.
Por enquanto, Adnet diz que não tem nada programado para o futuro, mas ele confessa que sente falta do teatro. “Porque no teatro você vê as pessoas. Na TV você tem que entrar na rede social para ver se estão aplaudindo, xingando ou se foram embora. No teatro tem a resposta ao vivo, na sua cara. Então você consegue, inclusive, quando faz stand up no teatro, ver se a plateia não curtiu, então pula para outro tema. Na TV a gente não tem esse privilégio, já que olha para uma lente. Sinto saudade desse contato com o público”, revela.