Elisabeta (Nathalia Dill) - João Miguel Júnior/TV Globo
Elisabeta (Nathalia Dill)João Miguel Júnior/TV Globo
Por Gabriel Sobreira

"Qualquer mulher sempre esteve à frente do tempo. Porque todos os tempos sempre foram atrasados para elas, assim como para os negros, com todas as minorias. Quando estamos ouvindo os nossos desejos e querendo viver nossa vida e nossos sonhos, naturalmente as minorias estão à frente do tempo", defende Nathalia Dill, que volta ao ar a partir de terça-feira, dia 20, como Elisabeta, a protagonista de 'Orgulho e Paixão', próxima novela das 18h, da Globo.

UNIVERSO FEMININO

Ambientada no começo do século 20, em um vilarejo fictício chamado Vale do Café, no interior de São Paulo, a trama aborda questões como costumes da época, por exemplo a importância do casamento na sociedade, a crise da economia cafeeira e o universo feminino e todas as suas abrangências. Nathalia, inclusive, vê alguns ranços da época até hoje.

"A vida pessoal nunca esteve desatrelada à mulher. Tanto que as perguntas são muito assim: 'E filhos?'. São perguntas muito mais voltadas para as mulheres do que para os homens. Esse 'lar' sempre esteve muito em torno do imaginário da nossa sociedade e é mais difícil de desatrelar. Por isso, fica com essa expectativa de que 'não chegou lá' ou 'não conseguiu tudo' e que 'falta um pedaço do quebra-cabeça'. Acho que ainda temos que desatrelar mais um pouco", observa a atriz de 31 anos.

A TRAMA

Na história de Marcos Bernstein, cujos personagens foram livremente inspirados no universo da escritora inglesa Jane Austen, Elisabeta (Nathalia Dill) é uma das cinco filhas de Ofélia (Vera Holtz) e Felisberto Benedito (Tato Gabus Mendes). Arredia e impulsiva, ela não concorda com a obsessão da mãe - e da sociedade - de que o casamento é visto como o único futuro possível para uma jovem de boa família.

CASAMENTO E FILHOS

"Sempre sonhei com casamento e com filhos. Sempre gostei de criança, e é uma experiência pela qual eu gostaria de passar na minha vida, todo o processo. Tenho vontade do processo de engravidar, ter um filho, queria sair dessa vida com essa experiência", conta a intérprete, que namora o músico Pedro Curvello, de 34 anos.

Elisabeta é uma jovem interiorana, intensa, libertária, impulsiva, cheia de sonhos de desbravar o mundo e tem uma ousadia natural, que pode encantar ou afastar um possível pretendente. "Só o fato de ela não abaixar a cabeça nas situações, não aceitar o 'status quo' como ele é, já é uma coisa que me inspira", frisa a atriz carioca.

DARCY

De volta à trama, a única coisa que tira a moça do prumo é quando conhece Darcy ("A pronúncia é 'Dárcy'. A gente treinou para falar direito esse nome", confessa Nathalia, aos risos), vivido por Thiago Lacerda, com posição social bem oposta da sua: ele é rico e aristocrata.

Apesar de ser de uma realidade diferente da dela, ele desperta uma paixão avassaladora em Elisabeta. E vice-versa. Tanto que, quando se vê diante da personalidade forte de Elisabeta, o imponente rapaz passará reconsiderando tudo em que ele acredita, em se tratando de preceitos tradicionalistas. Para a paixão falar mais alto, eles vão precisar superar o orgulho.

"O que eu acho bonito é que os dois são deslocados do tempo. Ela não concorda com a mulher ser essa mulher que tem que servir, tem que "catar" um homem porque afinal de contas era a forma que as mulheres tinham de se sustentar. A economia era baseada assim. Se elas não podiam trabalhar, tinham que escolher um homem rico, era uma forma de sobrevivência. E ele também não concordava com essa postura de 'mulheres na prateleira'. Você vai e escolhe uma que lhe serve. Então, os dois se encaixam nesse lugar, que é fora do senso comum da época", defende Nathalia.

OS OUTROS

O romance entre os dois encontra todo o apoio de Ema (Agatha Moreira), melhor amiga de Elisabeta e casamenteira oficial do vilarejo. Ela consegue desembaraçar a vida de qualquer moça solteira, menos a dela própria. "A amizade entre elas é verdadeira, e as discussões não têm certo ou errado. Tem o que as move. Os embates são muito legais. Uma tenta corrigir um pouco a outra, depois elas desistem. Existe um respeito dentro da diferença entre elas", afirma a intérprete de Elisabeta.

O amor da heroína da história com Darcy só encontra obstáculos em Susana (Alessandra Negrini), uma dissimulada que busca um marido rico, no caso, Darcy. E o jovem boa-praça Ernesto (Rodrigo Simas). "Ele é do mesmo lugar que a Elisabeta. O Darcy vem de fora, não é daquele ambiente. O Ernesto é o oposto, sempre esteve lá, cresceu com ela. Também é libertário como ela, tem uma similaridade entre os dois e uma irmandade genuína entre eles, e isso dá uma desestabilizada", destaca a atriz.

COMPOSIÇÃO

Para compor a personagem, Nathalia leu o livro 'Orgulho e Preconceito', de Jane Austen, mas evitou ver a adaptação cinematográfica da obra. "Eu fiquei meio assim de ver o filme. Não queria muito. Preferi me basear nos capítulos e no livro que eu li. Mas fiquei com vontade de ver o filme. Acho que vou ver. Agora já dá, já foi, já gravei 20 capítulos. Já posso ver o filme", entrega, aos risos.

O bom humor, aliás, é uma das marcas registradas da personagem Elisabeta e uma das características que seduziram Nathalia. "O que eu mais gosto da Elisabeta é que ela é colorida. Ela tem um leque de emoções: humor, drama, romance e ironia", enumera. "Ela não é ranzinza, sofrida ou amarga. Pelo contrário. Ela é pra frente, alegre, aberta e observadora", completa.

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