Cazuza - reprodução
Cazuzareprodução
Por RICARDO SCHOTT

Difícil imaginar o que Cazuza (1958-1990) estaria fazendo aos 60 anos. O cantor de 'Codinome Beija-Flor', morto por complicações ligadas à Aids, completaria seis décadas justamente hoje. Leo Jaime, um dos primeiros incentivadores da carreira musical de Cazuza (foi ele que o indicou à vaga de cantor do Barão Vermelho), nem calcula o que o amigo estaria fazendo. "Talvez escrevendo poesia ou romances", arrisca ele, que homenageia Cazuza ao lado de Leoni no show em dupla 'Leoni & Leonardo', sábado, no Teatro Bradesco.

No repertório, entre sucessos dos dois cantores, nada menos que 'Exagerado', que é parceria de Leoni, Cazuza e Ezequiel Neves. E quase ganhou um quarto parceiro. "Ela foi composta na minha frente! Bem que eu quis me meter na letra pra virar parceiro, mas ele não deixou", lembra Leo, que dividia apartamento com Leoni na época.

Outra dupla, os irmãos Rogério Flausino (Jota Quest) e Sideral, homenageia o cantor hoje, às 22h, no Circo Voador, misturando músicas do repertório de Cazuza com letras inéditas, musicadas por Sideral, como 'Não Reclamo' e 'Qual A Cor do Amor'. No palco, juntam-se aos irmãos os convidados Caetano Veloso e Bebel Gilberto.

"Vão ter também alguns nomes-surpresa. E o mais legal é ter a Lucinha Araújo (mãe do Cazuza) abraçando nosso trabalho. Fizemos o Rock In Rio e a Lucinha foi lá ver o show e subiu no palco", recorda Sideral, que ainda está envolvido em outro projeto ligado a Cazuza: um CD, com direção artística de Rogério Flausino e produção de Paula Lavigne, com poemas de Cazuza musicados por ele e por outros artistas, e com diversas vozes.

"Eu mandei uma música para a Baby do Brasil, outra para o Ney Matogrosso... O Xande de Pilares e o Carlinhos Brown já fizeram músicas. O problema é só driblar as agendas. Todo mundo está a mil por hora", revela Sideral, que lança CD solo em breve.

MAIS SHOWS

O nome de Cazuza surge em vários eventos que estão para chegar, no Rio ou fora dele. Na sexta, o Bar Bukowski, em Botafogo, comemora os 60 anos de Cazuza com a festa 'Encontro dos Que Amam um Amor Inventado' e show do cantor Pepê Moraes. O Barão Vermelho, banda que chegou ao sucesso tendo o cantor como frontman, permanece em turnê, tendo Rodrigo Suricato à frente - dia 27 de abril, estão na Casa Natura Musical, em São Paulo - e tocando um repertório que conta com vários hits de sua primeira fase.

Na mesma data, a obra de Cazuza invade o palco do Vivo Rio, só que relida de forma diferente. O espetáculo 'Faz Parte do Meu Show' traz Roberto Menescal, Rodrigo Santos (ex-baixista do Barão Vermelho) e Leila Pinheiro apresentando novos arranjos para 'Faz Parte Do Meu Show', 'Blue da Piedade', 'Codinome Beija-Flor', 'Um Trem Pras Estrelas' e outras. No show, Leila, Menescal e Rodrigo viram quase um trio de jazz-bossa, pilotando piano, violão/guitarra e baixo respectivamente. Rodrigo, que não tocou com Cazuza no Barão, era amigo do cantor. "Lembro que eu estava ensaiando com Lobão em 1989 e Cazuza esteve lá. Já estava bem debilitado, indo com Bené (enfermeiro) para um passeio na cachoeira. Foi muito triste, ele era um cara muito bacana", conta. "Hoje, acho que ele estaria festejando bastante e o texto dele não deixaria de ser contestador".

O cantor Marcelo Quintanilha, que lançou no começo do ano o álbum 'Caju', no qual relembra canções compostas e intepretadas por Cazuza, também imagina que o cantor estaria na luta. "Estaria na rua gritando pelo amor de Deus pra que nosso país acorde dessa onda retrógrada contra a qual ele sempre lutou", diz ele, que estreia o show baseado no disco em Salvador, no Teatro Jorge Amado, dia 26 de abril. Na direção do espetáculo (que depois passa por Rio e São Paulo), ninguém menos que Daniela Mercury. "A luta de Cazuza pela vida me emocionou demais. Chorei muito vendo seus shows e ouvindo suas músicas antes dele morrer", conta a cantora e diretora.

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