José Luiz Datena e Marrone  - Reprodução
José Luiz Datena e Marrone Reprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Filiado ao PRP (Partido Republicano Progressista) desde o fim de 2017, José Luiz Datena, 60 anos, não tem pretensão alguma de se candidatar. Mesmo estando em um ano de eleições e chegando a liderar a intenção de votos para o cargo de Senador, por São Paulo, o apresentador é categórico. "Toda hora (me convidam para disputar). Minha ligação com política continua sendo só de jornalista com entrevistado. Absolutamente só isso. Mais nada. Não tenho vontade de ser candidato", garante ele, que estreia no domingo, às 15h, na Band, o 'Agora é com Datena', atração que mistura game, música, entrevistas e jornalismo.

POLÍTICA

Se fosse candidato, Datena duvida que houvesse algum político no país que pudesse discutir com ele, "de igual pra igual", sobre Segurança Pública. "A não ser que seja um especialista. Mas desses candidatos que têm aí, duvido que qualquer um deles, que não seja da área, discuta de igual para igual comigo. É um tema em que eu navego bem", confessa ele, que na estreia recebe no palco o pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro.

"Até pensei em ser candidato a prefeito, candidato a senador. Mas nunca participei da política ativamente. Mas em política, como na vida, é só falar a verdade. Tratar a política como verdade, pronto e acabou. Esse programa não vai ser um programa alienado. Pelo contrário, vou continuar tratando a política como sempre tratei", frisa.

No último dia 5, Datena caiu e fraturou duas costelas e agora convive com a dor. "Estou sob efeito de remédios pesados para apresentar o programa. E como está sendo legal, descontraído e gostoso (gravar o programa), eu consigo superar a dor. Imagino quando estiver bem fisicamente, vai ser melhor ainda", torce.

CONCORRÊNCIA

Um Datena descontraído é o que o público verá na tela. De paletó, calça jeans e sem gravata, ensaiando passos de dança, brincando com todos. Silvio Santos (SBT), Rodrigo Faro (Record), Eliana (SBT) e Faustão (Globo) serão os principais concorrentes do comunicador, que ficará seis horas no ar. "Quando me perguntam como farei para ficar seis horas no ar, eu respondo: 'Meu irmão, eu faço todo dia um programa de três horas e meia com chuva, carro boiando. Se eu falo três horas e meia de vento, ventania, se vocês me derem conteúdo, eu fico o dia inteiro'", conta.

Datena diz que os concorrentes não são adversários, são todos amigos. "Nessa história, quem está entrando aí sou eu, o 'bêbado'. É que nem brigar com o bêbado, e eu sou o bêbado. De vez em quando, o bêbado acerta uma. Vai que eu acerte. Não tenho pretensão de derrubar Eliana, Faro, Faustão. Quero só fazer o meu trabalho. Se as pessoas do outro lado da TV gostarem e assistirem, estarei satisfeito para caramba", atesta.

Mas amigos, amigos, negócios à parte. "Se acontecer uma enchente, coitado do Rodrigo Faro, da Eliana, do Faustão. Eu entendo mais de enchente do que São Pedro (risos). Tinha vezes que eu ia ao supermercado e as pessoas me paravam para perguntar se ia chover. Se acontecer alguma coisa ao vivo, eu derrubo tudo e vou para o 'ao vivo'. Pode ter o que for ali. Eu derrubo tudo. E se for alguma coisa importante, os caras (concorrência) vão suar frio, porque não sei se eles vão ter cintura de bater de frente com a gente, não. Porque nesse campo, eu trafego bem", gaba-se ele, que afirma não ser pretensioso e que não pode ser melhor do que o Rodrigo Faro, Eliana, Fausto Silva ou Silvio Santos. "Quem sou eu para tentar competir com os caras na área deles? Tanto que eu não vou competir. Eu sou o bêbado da história. Agora, se tiver um fato jornalístico, quem vai suar são os caras (risos). Isso você pode ter certeza que eles vão suar", diz.

FORMATO

O 'Agora é com Datena' tem de tudo um pouco. 'A Fuga' é um game de perguntas e respostas em que o participante tem que tirar da arena a maior quantidade de prêmios, de patins a carro, dentro de um tempo pré-determinado, antes que as portas se fechem. O programa ainda terá espaço para música, histórias emocionantes (no quadro 'Heróis do Brasil'), entrevistas e show de calouros com oito participantes mostrando seus talentos diante de jurados convidados e uma plateia de 180 pessoas.

"O conteúdo é muito parecido com o dos outros (programas). Na natureza, nada se cria. Não dá para reinventar a TV. O que pode ser o diferencial começa pelo apresentador. As pessoas vão levar um susto de me ver de uma forma diferente", conta Datena. "Já proibi qualquer coisa que leve para o mau gosto, escorregue para o sensacionalismo ou coisa parecida. Quero fazer um programa para todas as pessoas se informarem e ficarem felizes. Acho que mereço, depois de 16 anos mostrando a dura realidade do Brasil. Mereço uma folgazinha", acrescenta.

JOEL DATENA

Datena afirma que não tem tempo de ver previamente as matérias que serão exibidas no programa. "Mas se eu ver algo que eu não goste, mando tirar do ar, como já fiz no 'Brasil Urgente'", diz.

Quanto ao seu antigo programa, Datena afirma que não volta mais a comandá-lo. Essa missão é do filho dele, Joel Datena. "Não tenho nem mais jeito pra apresentar o 'Brasil Urgente'. Me sinto muito estranho. É inegável que, fazendo há 16 anos um programa que representa o ralo, com tanta coisa ruim, desde política até polícia, isso me desgastou muito. E não é por coincidência, quando o Joel disse que o tinham convidado para fazer o 'Brasil Urgente', eu disse para não fazer. Não vale a pena. Isso é muito pesado", revela.

MARCELO REZENDE

José Luiz Datena tem uma tese que envolve seus antigos programas, 'Brasil Urgente' e 'Cidade Alerta', na Record', a retirada da metade do pâncreas e extração do baço e a morte do amigo e apresentador Marcelo Rezende, em 2017. "Não acha muita coincidência o Marcelo e eu termos uma doença muito parecida em um órgão nobre e que quase ninguém ouve falar, o pâncreas? Não sou cientista, mas tem muito a ver com a emoção. Então, não sei, a carga de coisa ruim, não só de notícia, mas disputa pela audiência. Tudo isso desgasta muito. Não foi mera coincidência o Marcelo morrer de uma doença muito parecida com a minha. Eu dei sorte de ter descoberto logo. Tenho muita saudade do Marcelo", comenta, emocionado.

AUDIÊNCIA

Quando o assunto é audiência, Datena não tem papas na língua. "Se não der resultado, vou pretender fazer um talk show. Já falei para o Rafa (Rafael Gessulo, diretor da atração) que não quero que me encha o saco com Ibope. Deu deu. Não vou mexer na matéria por causa da audiência. Mas depois que o programa for para o ar, podemos avaliar o que pode mudar e tal", diz o apresentador. "Mas, por exemplo, vou exibir uma reportagem sobre a Venezuela, uma denúncia terrível de que tem gente comprando pessoas na fronteira. Vai colocar uma reportagem dessas no ar e se não der audiência vai tirar? Não. Vai prestar um desserviço. Tem que manter. É assim que vai funcionar. Claro que a audiência vai preocupar, mas que seja (uma preocupação) da Band, a minha não vai ser", finaliza.

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