Rodrigo Alvarez lança livro sobre Jesus - Divulgação
Rodrigo Alvarez lança livro sobre JesusDivulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Impossível não perguntar ao jornalista e correspondente internacional da Rede Globo, Rodrigo Alvarez, se ele se tornou mais religioso ao escrever livros como 'Aparecida' e o recente 'Jesus - O Homem Mais Amado da História' (Ed. Leya, 368 págs, R$ 44,90). Ou se ele fez com que alguém se tornasse mais religioso, ao relatar histórias como a de Nossa Senhora de Aparecida e Jesus Cristo.

"Uma pessoa me escreveu e falou que se tornou ainda mais devota depois de ler 'Jesus'. Disse que eu havia trazido a fé dela de volta. Um ateu me disse que após ler o livro, estava cada vez mais convicto. E as duas pessoas leram o mesmo livro!", espanta-se Rodrigo, por telefone da França, onde vive e trabalha. "Mas minha intenção não é defender tese nenhuma nem evangelizar ninguém. Estou apresentando a história da maneira mais honesta possível".

Atento a histórias religiosas desde a infância, quando estudou no Colégio Santo Agostinho, na Zona Sul carioca, o repórter diz que seu principal objetivo com o livro é mostrar quem foi Jesus. Para isso, aproveitou-se do fato de ter vivido três anos em Jerusalém, como correspondente. Durante a preparação de reportagens para o 'Fantástico', Rodrigo caminhou várias vezes por locais em que Jesus teria caminhado: desertos, montanhas, lugares repletos de pedras que o próprio Jesus pisou. Boa parte dessas experiências surgem nas fotos publicadas do livro, além da narrativa.

"Cheguei a acompanhar peregrinos. Eles estão sempre muito abertos à energia que vem daquele lugar quando pisam naquela terra. E nem falo disso no sentido religioso, falo no sentido de reviver um pouco a experiência desse grande homem. As pessoas chegam lá muito sensibilizadas", relata Rodrigo, que percorreu lugares como Judeia, Jordânia, a Samaria (atual Cirsjordânia) e a Galileia.

PERIGOS

Como correspondente e morador por três anos de Jerusalém, Rodrigo se encontrou em situações de perigo, em alguns momentos. "Fazendo o livro, eu não estava nas áreas de confronto. E turistas não costumam ser alvo dos conflitos por lá. Mas uma vez eu estava na fronteira entre Israel e Gaza e passou um morteiro, um pequeno míssil, sobre minha cabeça", recorda. "Ele passou a cem metros de mim".

"Outro risco foi quando eu estava num confronto entre policiais israelenses durante a guerra em Gaza, em 2014. Os policiais começaram a atirar, e a munição era verdadeira. Eles geralmente usam balas de borracha. Fiquei um pouco ali na linha de tiro e acabou sobrando pra mim", relata. Mas calma que o que sobrou para Rodrigo não foi um tiro. "Atiraram uma bomba de gás. Como eu tinha acabado de chegar, não peguei a máscara no carro".

Teve outra situação perigosa da qual Rodrigo se lembra. Aliás, muitos fãs do seu trabalho também recordam: foi a caça do tornado nas planícies do meio-oeste norte-americano, em 2010. O repórter e a equipe do 'Fantástico' estiveram quase no meio do tornado, como pode ser visto até hoje em vídeos do site do programa. "Se o vento tivesse virado para mim, o tornado teria me levado. Sonho com ele até hoje!", garante Rodrigo. Mas nem pense no repórter suando frio de madrugada, atormentado por pesadelos. "São sonhos agradáveis! Eu até hoje quero voltar lá e encontrar com o tornado de novo. Se você me chamar para ir no meio-oeste ver tornado, vou correndo!", alegra-se.

SONHOS

Incrivelmente Rodrigo não pensava em ser repórter de TV quando começou. "Eu queria ser escritor! Gostava muito de escrever, escrevia poesias, letras de música. Não conhecia nada do mundo e queria viajar, e o jornalismo me proporcionaria escrever e viajar", recorda. Nos anos 1990, Rodrigo entrou para a Globo e começou inicialmente a trabalhar em programas como o 'Jornal da Dez' da GloboNews.

"Numas férias, vendi meu carro e comprei uma câmera. Arrumei um cara para me ensinar a mexer nela e fui para o vale do Silício quando a movimentação lá estava começando. Entrevistei os fundadores das empresas", conta Rodrigo, referindo-se a uma reportagem que mostrou praticamente a fundação da era digital, em 2000. Foi uma das matérias que o levou a ser correspondente. "Depois eu até me esqueci de qual foi meu propósito inicial, e voltei a ele há pouco", brinca.

SEM JESUS

Rodrigo diz já ter se perguntado o que teria acontecido se Jesus nunca tivesse existido. "Sempre será uma suposição. Mas acredito que a humanidade demoraria a conhecer valores como o respeito ao próximo, a busca por igualdade social, a questão de não atacar seu vizinho, de gostar do próximo antes de conhecê-lo. Isso não nasceu com Jesus, João Batista já pregava a igualdade. Mas foram valores que ganharam força fenomenal com Jesus", afirma. "Ainda assim não posso dizer que o mundo mudou tão para melhor. As pessoas estão expondo mais seus ódios, protegidas pelo anonimato da internet".

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