Pérola (Rayssa Bratillieri)  - Estevam Avellar/TV Globo
Pérola (Rayssa Bratillieri) Estevam Avellar/TV Globo
Por Gabriel Sobreira

Quando tinha aproximadamente 17 anos e trabalhava como modelo na cidade de Apucarana (PR), Rayssa Bratillieri enfrentou um transtorno alimentar: a bulimia. "Chegava às agências e tinha que emagrecer sempre mais um pouquinho. E já era mais magra do que sou hoje. Comecei a entrar em uma noia e não conseguia parar de comer, então comia e vomitava. Meus pais não sabiam disso. Na verdade, contei para eles há pouco tempo, porque soube que a minha personagem ia ter bulimia", revela a atriz, de 20 anos, que está no ar em 'Malhação' como a Pérola. A partir de hoje, a personagem viverá o mesmo distúrbio sofrido pela intérprete. "Tem que ter muito cuidado para falar sobre isso (na TV). Se tem alguém assistindo e é vulnerável, pode ver como algo bom e engajar. Por isso, acho que temos que tomar cuidado e mostrar realmente os lados negativos, que é ter bulimia e anorexia", defende.

APOIO FAMILIAR

Rayssa conta que foi um momento delicado quando revelou aos pais o que passou. Ela diz que a mãe ficou impressionada, pois não tinha percebido nada. "A pessoa (mãe) sente um pouco de culpa, mas ela não tinha culpa. Eu realmente escondi e não quis contar porque existe um sentimento de vergonha. Minha mãe é maravilhosa, disse que posso contar com ela para tudo. Eu sempre soube disso e disse para ela, mas foi um momento em que eu tinha vergonha. Ela queria saber se eu ainda estava (com bulimia), conversamos muito, e ela falou que estará sempre aberta para conversar", diz a jovem. "Claro que eu tenho uma vulnerabilidade. Tenho histórico. Não vou falar 'não existe mais isso'. Mas a partir do momento que você tem uma consciência, é muito mais importante buscar terapia, conversar com as pessoas. A minha vontade de vida é estar bem de saúde", atesta.

EXEMPLO

Quando soube que sua personagem enfrentaria o drama do transtorno alimentar, Rayssa imaginou como queria contar essa história. "Pensei: 'preciso emagrecer porque vou ter bulimia'. Só que não posso emagrecer de um jeito errado, tomando remédio, sendo que vou ser exemplo para outras meninas. Procurei uma nutricionista e, gente, dá para emagrecer com saúde", defende ela, que emagrecerá para a nova fase da personagem. Pesando 56 kg, distribuídos em 1,69 m de altura, Rayssa conta como tem sido sua alimentação no momento. "Tirei grão, massa, trigo, ou seja, nada de pão, macarrão. Como muita salada, verdura, fruta, de três em três horas, frango e peixe. Meu problema é doce, sou apaixonada. Estou me controlando", entrega, aos risos.

LAXANTE

Morando há três anos no Rio de Janeiro ela se mudou em busca de mais chances como atriz , o início da adaptação não foi fácil. Morando longe dos pais e comendo muita besteira, Rayssa logo viu o peso aumentar. "Fiquei com peso na consciência absurdo. Eu cheguei a praticar bulimia várias vezes aqui (no Rio), mas aí descobri uma outra maneira. Tomava laxante, que também é uma forma de bulimia. E não é bom, a gente fica fraca, sem nutriente", lembra ela.

MAL SILENCIOSO

Rayssa reforça que é importante falar sobre distúrbios alimentares. "A bulimia afeta mais de dois milhões de brasileiras anualmente. É um distúrbio silencioso e pode matar quando chega ao estágio de anorexia. Assim como falamos de bipolaridade e depressão, é necessário falar sobre a bulimia", destaca a atriz, que afirma ter a certeza de que logo as cenas do drama da personagem forem ao ar, suas redes sociais vão ter depoimentos de meninas em situações parecidas. "É mais comum do que a gente imagina. As meninas vão se sentir representadas. Ninguém está aqui para julgá-las", afirma.

A TRAMA

Na história de Patrícia Moretzsohn, Pérola (Rayssa) tem um histórico de perdas (pai preso, o namorado termina com ela, a mãe não lhe dá atenção) e ao ver Márcio, um paquera dela, com outra garota, a jovem se acha gorda. Incentivada por "amigas" a emagrecer, Pérola faz até jejum, que resulta em uma mudança brusca em seu comportamento, sendo hostil com quem se preocupa com a saúde dela. "Quem está vivendo isso tem que procurar ajuda, tem que conversar com alguém, não tem que desistir, tem que ter força. É mais importante a gente entender que existem corpos, biotipos diferentes, viver o nosso dia com saúde e bem. Em vez de buscar o estereótipo perfeito para agradar outras pessoas, agrade a você mesmo e seja feliz", aconselha Rayssa.

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