Isabella Santoni - João Miguel Júnior/Globo
Isabella SantoniJoão Miguel Júnior/Globo
Por BÁRBARA SARYNE

Rio - Como boa feminista, Isabella Santoni não esconde a alegria de interpretar Charlotte em 'Orgulho e Paixão'. Na trama de época, a atriz vive uma mocinha à frente de seu tempo, que conseguiu um emprego enquanto muitas mulheres nem podiam pensar em trabalhar fora de casa, e ainda superou um relacionamento abusivo. Segundo a artista, a personagem passou por uma mudança afetiva, criou independência ao longo da trama e lembra um pouco sua personalidade.

Embora vivam em épocas diferentes, Isabella e Charlotte se parecem quando o assunto é a disposição para superar dificuldades. Em seu último trabalho na TV, na novela 'A Lei do Amor' (2016), a atriz lembra que sofreu duras críticas ao interpretar Letícia e afirma que, assim como sua personagem atual, conseguiu filtrar todos os conselhos que ouviu e evoluiu como profissional e ser humano com as "pancadas".

"As críticas me colocam em um lugar de reflexão, e eu acho isso incrível. Precisamos ter sabedoria para ouvir todos os comentários porque são bem-vindos", diz a jovem, que gosta de valorizar esse poder de transformação nas pessoas e personagens que interpreta. Para ela, Letícia precisava ser mimada para aprender com a vida e crescer ao longo de 'A Lei do Amor'. Charlotte, de 'Orgulho e Paixão', também não seria tão forte e independente como é neste momento da trama se não tivesse perdido tempo tentando se vingar do rapaz que tirou sua virgindade e enganou várias mulheres, revoltando o público que acompanha o folhetim.

"Essas mudanças precisam acontecer na vida, é uma caminhada natural. Quando você está aberto para ouvir, as coisas fluem. As pessoas me falavam nas ruas que a Charlotte tinha que seguir a vida dela e esquecer o Uirapuru (Bruno Gissoni), mas não era fácil. Ele foi o primeiro amor dela, e isso é muito forte. Eu torço pela felicidade da personagem e acho que agora ela será uma nova mulher", avalia a atriz, ao se referir ao emprego que Charlotte conseguiu no jornal, uma grande conquista para as mulheres da época da novela.

"A trama, às vezes, parece até contemporânea porque nós, mulheres, continuamos lutando pelos nossos direitos, querendo trabalhar, ganhar o mesmo que os homens, e muitas vezes somos reprimidas. Ainda temos muitas coisas para conquistar. Eu, por exemplo, trabalho desde os meus 16 anos e não me imagino parada de jeito nenhum. Até quando estou de férias estou trabalhando, observando as pessoas, viajando para aprender mais", afirma a jovem, feliz em poder falar sobre o assunto.

Focada na luta das minorias, Isabella acredita que está na hora de aproveitar sua visibilidade com a personagem para incentivar seus fãs e seguidores a fazer o bem e dialogar sobre temas importantes, como padrões de beleza, feminismo, preconceito e sustentabilidade. Este ano, inclusive, a atriz é uma das mobilizadoras do projeto 'Criança Esperança', e diz que o convite para integrar a equipe surgiu na hora certa.

"O que vale ter um monte de seguidores se você não pode ajudar a conscientizar essas pessoas de alguma forma? Eu falo sempre sobre o uso dos canudos, por exemplo. Na medida do possível, a gente vai tentando conscientizar os outros. Eu e a minha mãe estamos trabalhando no projeto da nossa nova casa, que será o mais sustentável possível, e eu divido isso tudo com os fãs", revela a atriz, que tem uma legião de admiradores desde a época em que estreou na Globo, na 'Malhação' de 2014.

MULHERES UNIDAS

Além de defender que é preciso conversar com quem está longe, pelas redes sociais, Isabella acredita no quanto é importante conhecer bem quem faz parte do seu dia a dia e diz que valoriza os momentos que consegue reunir as mulheres do elenco de 'Orgulho e Paixão' para discutir sobre temas que interessam a maioria, como o assédio sexual, que está cada vez mais presente nos noticiários.

"Estamos vivendo um período em que toda semana acontece alguma coisa com uma mulher. Eu tenho para mim que, quanto mais a gente conversa e fala sobre esses assuntos, mais a gente aprende", afirma a moça. Assim como sua personagem, inclusive, Isabella revela que já ficou "cega de paixão" e só depois de muito tempo percebeu que não estava em um relacionamento saudável, mas a história poderia ter tomado um rumo diferente se uma amiga, com o olhar de fora, tivesse conversado com ela sobre o assunto.

"Por que ninguém me falou que aquele cara era um canalha? Acho que todo mundo se pergunta isso em algum momento", diz ela, exaltando a importância de conversar com outras mulheres e deixando claro que, diferentemente da irmã de Darcy (Thiago Lacerda), nunca foi de apostar em vinganças. Para ela, quando a relação acaba sem traumas, não existe motivo para a inimizade e o importante é saber valorizar os momentos bons que o casal vivenciou.

"Meu primeiro amor foi um grande amigo chamado Felipe, que é padrinho de consagração da minha irmã. As famílias sempre foram amigas, e foi um namoro de adolescente. Ele é parceiro, e no ano passado nós até viajamos com amigos, fizemos trilha juntos, e eu acho isso legal. Alguns relacionamentos passam, mas a gente tem que saber cultivar o melhor porque em algum momento da vida você jurou um amor ali. Se acabou bem, por que não continuar a amizade?", pondera ela, que já sofre ao pensar que logo se despedirá de Charlotte, mas imagina que a personagem terá um final feliz.

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