"Nós do Morro"Felipe Paiva
Por BRUNNA CONDINI brunna.condini@odia.com.br

Rio - Em comemoração aos seus 32 anos de atividades artísticas ininterruptas, completados em outubro, o grupo Nós do Morro estreia o projeto 'Nós do Morro Almoçando com Arte', dando sequência ao espetáculo 'Encontros, 32 Anos Depois', com 12 apresentações, até o dia 23 de novembro, com sessões às quartas, quintas e sextas, às 13h, no Teatro Glauce Rocha, no Centro.

"Este projeto tem o objetivo de dar sequência à sua missão de democratização do acesso à arte, fomentando trabalhadores, estudantes e passantes em geral a usarem o intervalo do almoço não apenas para a alimentação, mas também para vivenciarem uma experiência artística", esclarece Guti Fraga, diretor artístico e fundador do grupo.

O espetáculo é emblemático, pois quando o grupo foi fundado, esta produção foi a primeira a ser apresentada em 1987, com o nome de 'Encontros'. Com argumentos de Luís Paulo Corrêa e Castro, a história fala da vida dos adolescentes do Vidigal na década de 1980.

"Revisitar esse texto é uma forma de celebrar, mas também uma forma de percorremos a nossa própria história e nos fortalecermos no crescimento humano e na sensibilidade artística que nos construiu. Assim, renovamos nossa missão de atuar pela ampliação do acesso à arte e à cultura aos moradores das periferias cariocas", completa Guti.

RESISTÊNCIA

A peça volta à cena em uma releitura assinada por Fabrício Santiago, com colaboração de Álamo Facó. O argumento é o mesmo e os conflitos permanecem, mas as situações foram adaptadas para o contexto atual.

"O maior sonho da minha vida era simplesmente conseguir viver da minha arte. E ao ter a sorte de encontrar o Nós do Morro, isso se tornou possível. Retornar ao grupo nesse momento como dramaturgo é um dos presentes mais especiais de toda minha trajetória", diz Fabrício Santiago.

Guti salienta ainda que o trabalho do grupo é de resistência cultural através de mais de três décadas. "A gente segue fazendo. Porque é uma necessidade nossa, porque acreditamos no que fazemos, porque nos orgulhamos do que construímos e seguimos construindo. Não é fácil, porque nenhum obstáculo nos poupou, mas, ao mesmo tempo, é fácil, porque tem a ver com amor", diz.

O diretor fala do orgulho que tem de tantos atores que saíram do Nós e seguem a carreira com êxito, como Roberta Rodrigues, Thiago Martins e Jonathan Azevedo, entre outros. "Vê-los atuantes e, principalmente, fazendo um trabalho bonito me deixa muito feliz e orgulhoso. O Nós do Morro sempre será a casa deles, sempre um lugar que eles podem voltar. Acho que sentem o mesmo, não à toa eles mantém contato com a gente", conta.

Com uma vida dedicada ao projeto, o diretor garante não ter arrependimentos. "Faria tudo de novo. Meu maior orgulho é ver os mais de 12 mil jovens que passaram pelo Nós do Morro, o sucesso da nossa trajetória. São 32 anos que comprovam que a vida levada na arte é melhor de ser vivida", diz.

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