Jeferson De, Alice Gomes e Luciana Barreto
 - Ricardo Gomes
Jeferson De, Alice Gomes e Luciana Barreto Ricardo Gomes
Por Gabriel Sobreira

Rio - Estreia nesta quinta-feira, nos cinemas, o documentário 'A Última Abolição', que mostra os movimentos abolicionistas, seus desdobramentos e a situação do negro na atual sociedade brasileira. "É enorme a necessidade de se falar sobre a resistência escrava no período e as nuances do abolicionismo no Brasil porque, embora sejam temas muito estudados na academia, são pouco explorados no nosso audiovisual”, enfatiza a diretora Alice Gomes, que também assina o roteiro.

O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888, e liderou a lista dos países que mais receberam populações africanas escravizadas (aproximadamente 5,8 milhões em 350 anos). "Acho que o principal desafio desse filme é mostrar uma visão da história mais complexa do que a que aprendemos na escola. Conhecer nosso passado e suas nuances é essencial tanto para entendermos o presente, quanto para ajudarmos a traçar estratégias e planos para melhorar o futuro”, reforça a diretora.

Documentário 'A Última Abolição' estreia nesta quinta-feira - Divulgação

O filme, com a supervisão artística de Jeferson De, tem tomadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador e é inteiramente baseado em depoimentos de estudiosos do tema, como os historiadores João José Reis, Ana Flávia Magalhães e Giovana Xavier, sociólogos e líderes do movimento de consciência negra. “Temos que enxergar nossa sociedade como ela realmente é: excludente, desigual e falsamente cordial. Quero valorizar a luta constante do povo negro no Brasil, seja por liberdade, como no passado, ou por direitos e igualdade, como no presente", afirma Alice.

A jornalista Luciana Barreto é a responsável pelas entrevistas e pelo pré-roteiro do documentário, que foi iniciado há dois anos. “Foi terrível digerir as atrocidades que foram cometidas contra os escravizados neste país e pensar no quanto essa história é negligenciada. E, pior ainda, ter que perceber o tempo todo o quanto os 350 anos de escravidão estão presentes na nossa história atual de violações diárias de direitos que acometem a população preta e parda até hoje”, observa Luciana.

"Nossa preocupação sempre foi ampliar a voz de intelectuais e profissionais negros que lutam para valorizar a importância do negro na história, combatendo o preconceito racial e diminuindo as injustiças sociais. Como diz Sueli Carneiro num belíssimo depoimento para o filme, acredito que um novo contrato social mais igualitário entre brancos e negros seja possível", conclui a diretora.

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