Caderno D - Entrevista com a cantora Lexa. Rj, 15 de outubro. - Marcio Mercante / Agencia O Dia
Caderno D - Entrevista com a cantora Lexa. Rj, 15 de outubro.Marcio Mercante / Agencia O Dia
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Em alta nas plataformas digitais com o hit 'Sapequinha' (são mais de 30 milhões de visualizações no YouTube somando o clipe e o vídeo que gravou ensinando a coreografia da música), e com vários shows na agenda, Lexa usa hoje em seu trabalho o que aprendeu com seus mestres no funk. A cantora, que fez uma visita à nossa redação justamente no Dia dos Professores, aprendeu tudo o que pôde com o funk pop de Claudinho & Buchecha, que ouvia na infância. "Sempre gostei, sempre ouvi muito. E sempre procurei aprender muito sobre a história do funk", recorda a menina, que chegou a cursar Engenharia Civil, mas largou tudo pela música.

"Muitas pessoas desfazem do poder da música, mas ela é capaz de salvar muitas vidas. Os professores também conseguem fazer isso. É uma profissão que merece mais respeito", conta. Lexa deixou a faculdade de lado, mas não esqueceu a determinação que a levou até lá. "Por mais que eu soubesse que a música era meu sonho, sabia que era tudo muito difícil".

Léa Cristina Araújo da Fonseca Dantas, a Lexa, aprendeu direitinho a lição e não para de trabalhar. "Num país como o que a gente vive, você tem que correr atrás sempre, criar suas oportunidades. E criei o meu futuro", diz a cantora de 24 anos, sempre ao lado da mãe, Darlin, que é sua empresária. Recentemente, a garota enfrentou uma gripe por causa do excesso de shows. Não é mole, não: são, às vezes, 18 por semana.

"Já fiz quatro shows num dia só", conta a funkeira. "Se você abrir minha bolsa, tem antibiótico, analgésico. Minha imunidade baixou, o corpo cobra muito. Nem malho, porque minha vida já é uma academia. E ou eu durmo ou eu malho, e prefiro dormir! Quem trabalha na noite envelhece duas vezes mais rápido", brinca ela, após posar para as lentes do DIA e dar um passeio pela redação (onde até conversou com o colunista Leo Dias via aplicativo de vídeo).

Lexa tem também sempre gravado feats (músicas ao lado de outros artistas): lançou o single 'Te Conecta' com o ex-RBD Christian Chávez, convidou o MC Lan para dividir 'Sapequinha' e solta mês que vem 'Provocar', gravado ao lado da drag queen Gloria Groove. 'Disponível', o primeiro disco de Lexa, saiu em 2015 e, diz a cantora, não deve ganhar sequência por enquanto.

"Penso em lançar um EP, porque as pessoas estão consumindo música muito rápido", conta Lexa, que é de uma geração que ainda se acostumou a ouvir CD inteiro. Lançar o álbum foi uma experiência legal, no entanto. "Ele me apresentou bem e mostrou que canto outros tipos de música. Toquei até piano no disco. Minha ideia nunca foi ficar num só tipo de público".

MAIOR SUCESSO

'Sapequinha', música mais nova de Lexa, é seu maior sucesso. Além dos dois vídeos, conseguiu quase 8 milhões de audições só no Spotify. A ideia dos vídeos da faixa um oficial, outro com a coreografia veio quando rolaram vários conflitos de agenda com a equipe que faria o clipe. "Fui vendo que precisava de mais alguma coisa para viralizar a música. Chamei uma das minhas bailarinas e criamos uma coreografia que fosse fácil de fazer e fosse chiclete, grudasse", conta Lexa.

Muita gente disse que a ideia da cantora não daria certo. "Falavam: 'Ah, lança só a música, vai estragar a surpresa'. Hoje é o vídeo de coreografia mais visto do Brasil, pelo menos no cenário artístico. Ele só perde para os vídeos de fitdance. Minha ideia era que não fosse só mais um funk sendo lançado. A coreografia foi o diferencial, porque funk é dança, e eu sabia que a batida da música era envolvente", diz Lexa, que chegou a adiar o lançamento do clipe por causa da morte de Mr. Catra, no mês passado.

A menina afirma que esse "fazer diferente" move seu trabalho. "Você pode botar uma banana na sua cabeça e sair correndo, e aquilo pode viralizar. Mas e amanhã? Pode aparecer outra pessoa fazendo igual, não? Eu sempre procuro fazer tudo bem feito", conta ela, ciente de que o ritmo ainda suscita preconceitos.

"As pessoas aderem mais quando o rótulo é 'pop'. É uma palavra mais chique, que define uma coisa que dá certo. Mas a coisa mais popular que eu conheço é o funk. E também o samba, o pagode", afirma. "Existe esse preconceito, mas a gente vai construindo nosso caminho e impondo nossa verdade. Quando é de verdade, as pessoas consomem. Tem gente até que me fala: 'Lexa, não gosto de funk, mas adorei sua música'".

E O CASAMENTO?

A vida pessoal vai bem, obrigado: Lexa está casada desde maio com o MC Guimê celebraram a união com uma cerimônia na Catedral da Sé, em São Paulo. O casal já declarou que pretende ter "uns dois filhos". "Eu achava que a vida de casada ia ser mais complicada, tô amando. Sempre sonhei em casar na igreja, de véu, grinalda", diz Lexa. Vocês trocam ideias sobre música? "Não que a gente a deixe fora da casa, mas a gente vive tanto a música que acabamos falando de outros assuntos", conta, rindo.

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