Christina Rocha comemora 10 anos do 'Casos de Família', no SBT - Gabriel Cardoso/SBT
Christina Rocha comemora 10 anos do 'Casos de Família', no SBTGabriel Cardoso/SBT
Por BÁRBARA SARYNE
São Paulo - Christina Rocha comanda o 'Casos de Família' há dez anos. De lá para cá, a artista já contou muitas histórias e garante perceber que evoluiu em sua carreira e na vida pessoal como num todo. Para ela, apresentar um programa diário (e popular!) é "tirar leite de pedra" e é uma pena que nem todas as pessoas valorizem a atração do SBT.
"Às vezes, saio arrasada. Não tem como não me envolver. Uma coisa que tenho horror é de homem machão, preconceito, gente que maltrata idosos, pessoas mal-educadas", diz ela, que recebe muitas críticas por ter esse jeito estourado no programa vespertino.
Publicidade
"Apesar de me acharem nervosa, tenho horror de briga e não gosto de fofoca. Quero paz, viver minha vida no sítio. Gosto dos meus cavalos. Não sou de discutir na internet", defende a artista.
Christina dá entrevistas como se estivesse conversando com amigos, é uma mulher simples e prefere não ficar atrás do glamour. Para ela, não importa o que as pessoas acham do "Casos de Família", a coisa só fica feia quando alguém duvida do profissionalismo de sua equipe.
Publicidade
"Se fosse mentira eu diria que é simulação. Sou jornalista, sempre agi corretamente, sou ética. Fica parecendo que a gente faz o programa nas coxas, que sou mentirosa, que a minha palavra não vale de nada. Eu não ia botar a cara para bater de graça", dispara ao ouvir os comentários.
"Dá impressão de que a gente pega as pessoas ali no ponto de ônibus e manda gravar. É uma equipe de respeito. O profissional tem que ser respeitado. Fica parecendo que a minha credibilidade não é nada. Pode ser que a pessoa venha aqui e aumente a história, mas eu também não sou polícia", completa a apresentadora.
Publicidade
Sem papas na língua, ela revela rezar todos os dias para Silvio Santos não morrer e deixa no ar a possibilidade de não continuar na emissora caso o patrão não esteja lá. Para Christina, poucas são as pessoas que compram a briga do programa e tudo isso deve ser por preconceito com o público da atração.
Nunca indicada ao Troféu Imprensa, a jornalista confessa achar estranho essa falta de reconhecimento e diz que todo mundo merece um incentivo. "Penso que eu merecia pelo menos ser indicada. Tem gente que ganha e nem está no ar. Esse ano eu nem assisti a cerimônia. As pessoas não lembram que inaugurei essa casa. Comecei na TVS Rio. Entrei na Vila Guilherme com o 'Povo na TV'. Se não falam, eu falo", afirma.
Publicidade
Ainda segundo ela, depois de tanta decepção com os comentários que escuta, sua postura mudou como apresentadora. Agora, Christina só procura fazer a sua parte e ir para casa. As críticas também não são mais rebatidas. O silêncio, segundo ela, é a melhor resposta.
"Não tenho assessoria de imprensa, mexo nas minhas redes sociais sozinha. Não me promovo, talvez esteja errada. Às vezes, não estou com saco para rede social. Acho que é um defeito meu. Sempre tem gente falando que é armado. O que vou fazer? Vou me matar para provar que não é? No começo achava que tinha que ficar respondendo, mas liguei o botão do F", dispara.
Publicidade
Embora demonstre ser uma pessoa magoada com todas as críticas, Christina aproveita para exaltar os pontos positivos da última década. Comandar o 'Casos de Família', segundo a apresentadora, é como dar voz às pessoas esquecidas. E é isso que deve ficar em evidência.
"Temos olheiros espalhados por comunidades carentes. O cachê é de R$ 120. Muita gente vem aqui e muda de vida, algumas mulheres até recebem ajuda quando saem do programa porque sabem que não podem voltar para casa por causa do marido", conta a artista, que tem reformulado a atração aos poucos.
Publicidade
"Evitamos fazer programas mais focados no entretenimento e estamos investindo no social. Os temas que marcam o 'Casos de Família' são violência doméstica, reconhecimento da paternidade e homossexualidade", explica o diretor Rafael Bello.
Sobre os boatos de que os participantes receberiam dentaduras para irem ao programa, o diretor também explica que deve ser um mal-entendido. "Até pode ser que esses contatos que temos nas comunidades, sabendo dos temas que fazem transformações (para mostrar o antes e depois), coloquem cartazes espalhados desse tipo para chamar atenção. Mas não é esse o objetivo", esclarece.
Publicidade
Christina Rocha, que conhece os convidados somente na hora da gravação, conta que o 'Casos de Família' é um presente e representa um recomeço em sua vida. Para ela, o que há de mais incrível na atração é o fato de nunca deixar de ser atual, e a torcida é para que permaneça no ar por muitos anos.
"Há 20 anos, a gente não conseguiria falar de WhatsApp porque não existia. Agora já falamos. Antes, não tinha como a mulher pegar o marido traindo pelo Facetime porque isso não existia. Agora tem", explica Rafael Bello, que define o relacionamento de Christina à frente da atração como um "casamento que deu certo".