Daniel Toco, repórter da Record -  Paulo Mauzer / RecordTV Rio
Daniel Toco, repórter da Record Paulo Mauzer / RecordTV Rio
Por Lucas França

Rio - Em tempos de pandemia de coronavírus, o noticiário está cheio de informação sobre números de casos da doença, vítimas, tragédias familiares etc. Cansado desse baixo-astral no Rio, Daniel Toco, 31 anos, decidiu pôr em prática uma ideia. Repórter da RecordTV, onde trabalha há cinco anos, ele apresenta diariamente o quadro 'Cidade Alegre', do ‘Balanço Geral RJ’, em que mostra histórias positivas e inspiradoras sobre o Rio, como a de pessoas que contribuem com projetos solidários para ajudar a quem precisa durante o isolamento social.

A proposta surgiu como uma brincadeira entre os colegas de trabalho. Daniel conta que percebia todos cansados com a rotina de cobertura do coronavírus no Rio e passou a dizer que, com um quadro positivo, tudo seria "mais alegre".

Um dia, ele tomou coragem, conversou com uma diretora do canal sobre a brincadeira que tinha virado sonho, e o primeiro episódio foi gravado. "De uma hora para outra estava todo mundo sabendo, todos animados. Aconteceu e estamos aí", comemora Daniel, que começou na emissora como produtor, fazendo entrevistas e coletando informações para reportagens, sem aparecer na TV.

Autoconfiança

Agora à frente das câmeras, Daniel considera que deu um salto na carreira. O repórter não possui um dos braços, o que já foi motivo de incompreensão, receios e autonegação. Justamente pela atrofia do membro, ele se deu o apelido de Toco.

O jornalista recorda o passado e acredita que pode ser uma referência. "Eu mesmo não acreditava, de alguma forma, que poderia estar no ar, ser um repórter e ter um quadro na televisão. Não tinha uma referência com agenesia de membro igual a mim, seja na TV, numa bancada de jornal ou numa novela. Tenho recebido recados diários de mães e crianças que têm a mesma deficiência, ou parecida, dizendo que estão se sentindo representadas, que eu as estou ajudando a sonhar", comenta.

Outros sonhos

O que Daniel tem vivido, segundo ele, são dias de "cura". Esse processo é longo e teve como auxílio a música. Além de repórter, Daniel é vocalista de uma banda chamada Ora Pro Nobis, grupo que toca no Rio há cinco anos. Uma das realizações que Daniel gosta de ter em mente é a do público lhe abraçar do jeito que ele é e lhe dizer: "como é bom ter um cantor com sua forma física".

Toco está cheio de planos. Um deles é começar um projeto em escolas para conversar com crianças sobre bullying. Além disso, quer lançar livros, podcasts e novos quadros. Superar limites é sua palavra de ordem. "Eu estou cada dia mais expandindo e querendo fazer mais. É ilimitado esse poder de sonhar", diz.

 

* Estagiário sob a supervisão de Paulo Ricardo Moreira

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