Por O Dia

Morreu, na madrugada de ontem, por complicações do novo coronavírus, o compositor e escritor Aldir Blanc, aos 73 anos. Ele estava internado na UTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 15 de abril. Os dias de luta do poeta da MPB chegaram ao fim na mesma data em que, há 83 anos, Noel Rosa, outro grande sambista e compositor brasileiro, também morreu.

Nascido no bairro do Estácio, berço do samba no Rio, em 1946, Aldir ganhou fama e reconhecimento com suas composições. Sucessos como 'Incompatibilidade de Gênios', de 1976, e 'O Bêbado e a Equilibrista', de 1979, foram determinantes na carreira de Aldir e trouxeram características essenciais do autor: humor, boemia, cotidiano e política.

Vida de parcerias

Muitas canções são fruto das relações de Blanc ao longo da vida. Com o amigo João Bosco, por exemplo, escreveu 'O Bêbado e a Equilibrista'. E os famosos versos "Chora a nossa pátria, mãe gentil / Choram Marias e Clarices no solo do Brasil" foram imortalizados na voz da cantora Elis Regina.

Bosco, Blanc e Elis também estão juntos em 'Bala com Bala', de 1972, e 'Dois pra Lá, Dois pra Cá', de 1974, clássicos da MPB. Abalado com a notícia da morte do amigo, João Bosco utilizou seu perfil oficial no Instagram para se despedir.

"Aldir foi mais do que um amigo para mim. Ele se confunde com a minha própria vida. Não existe João sem Aldir", escreveu o cantor.

Quem também deu adeus a Blanc foi Caetano Veloso, que no Twitter falou sobre o compositor. "Os sambas de Aldir Blanc com João Bosco são marco histórico da nossa música popular", disse.

Das ruas e do Vasco

Além das letras de música, Aldir foi autor de livros e colunista de jornais, como O DIA. Tijucano e vascaíno, o autor estreou em 1978 na literatura, com 'Rua dos Artistas e Arredores', crônicas sobre Vila Isabel. Contos dos bares do Rio também estão em 'Direto do Balcão', de 2017, que traz na capa uma ilustração de Blanc com a camisa do Vasco.

A relação com o clube está em 'Vasco: a Cruz do Bacalhau', de 2009, feito em parceria com o jornalista José Reinaldo Marques. No texto 'Febre Vascaína', Aldir lembra quando se tornou vascaíno. "Doido, com 40 graus, encolhido dentro de um pijama, contraí essa doença: ser Vasco da Gama", escreveu.

O clube prestou homenagem ao poeta no Twitter: "Recebemos com profunda tristeza a notícia do falecimento de Aldir Blanc, o Brasil e o mundo perdem com sua partida. Desejamos muita força aos familiares e amigos neste momento de profunda dor".

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