Criado no Humaitá, humorista confessa ser 'clementiano' de coração - Victor Pollak/TV Globo
Criado no Humaitá, humorista confessa ser 'clementiano' de coraçãoVictor Pollak/TV Globo
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Rio - Ambientes caseiros, como o quintal e a sala, são hoje os cenários de gravação de Marcelo Adnet. Longe dos estúdios da Globo, assim como todo o elenco da emissora, por causa da pandemia, o ator e humorista transformou seu lar, no Rio, no set de 'Sinta-se Em Casa', disponível no Globoplay e aberto para não assinantes. Sucesso nas redes sociais e com direito à exibição de trechos no 'Encontro Com Fátima Bernardes', na Globo, o diário de humor de Adnet é um produto essencialmente do isolamento.

"O projeto surgiu em casa, eu já 'quarentenado', com alguns vídeos parodiando a situação política do Brasil ou o 'BBB'. Vídeos bem curtinhos", diz Adnet.

O Globoplay, então, propôs que ele transformasse aquelas experiências em um produto para streaming, de segunda a sexta. "Falei, beleza, vamos fazer bem simplinho, faço um minutinho, dois minutinhos de casa. Só que acontece que a crônica do Brasil ficou tão acelerada e tão louca. Também acho que foi dando certo, descobrindo aqui como se faz, e aí a gente faz bem mais do que um ou dois minutos. Temos várias complexidades no programa. Comprei um chroma que chegou ontem (semana passada), já fiz a cena do Super Queiroz estreando o chroma, em cima da mesa da sala", conta o humorista, referindo-se ao quadro em que ele faz Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, sobrevoando a casa num colchão.

Adnet traz crônicas inspiradas em acontecimentos do Brasil e do mundo. Mas as figuras políticas que ele imita, como o presidente Bolsonaro, são seus principais trunfos. Aliás, ele vem se especializando cada vez mais nesse tipo de imitação, desde o bem-sucedido tutorial dos candidatos a presidente que fez para 'O Globo', em 2018. Destaque também para Olimpíada dos Gatinhos, em que registra Romarinho e Princesa - resgatados logo que o programa começou - simulando modalidades esportivas.

Em tempos de isolamento, 'Sinta-se Em Casa' conta com uma equipe bem reduzida. "Crio tudo: textos, personagens, onde vou filmar, o figurino. A minha mulher, a Patrícia (Cardoso), que é a única que está comigo de quarentena, grava com meu celular, e me ajuda também nas caracterizações, figurinos, direção de arte". Remotamente, estão envolvidos editor e supervisora artística. "Somos quatro", completa.

 

Produção doméstica
Publicidade
Assim como Adnet, outros humoristas têm se dedicado a projetos que caibam dentro de seus lares: mais enxutos, intimistas, sem megaprodução, usando, inclusive, recursos domésticos, como cenografia e figurino - e seguindo normas de segurança. Paulo Vieira, que encerrou no domingo a série 'Como Lidar?', feita no confinamento para o Fantástico, na Globo, agora se prepara para estrear com Fernando Caruso 'Cada Um No Seu Quadrado', no Globoplay, no dia 3 de julho. Paulo diz que a ideia é tentar criar uma festa, mas com cada um na sua casa.
"Na seleção de convidados, chamamos principalmente amigos, com quem gostamos de conversar, que a gente acha engraçado, para compor a melhor mesa de bar do mundo", diz Vieira. "Está sendo muito divertido gravar isso".
Publicidade
Ataques na internet
Publicidade
Você continua a ser atacado nas redes sociais? Consegue identificar o perfil das pessoas que atacam você?
Sim, continuo. Praticamente 99,9%, sem exagero, são de fiéis apoiadores do presidente, chateados com alguma piada ou com alguma postura minha. Então, não é nada que me surpreenda, não.
Publicidade
Como você acha que o governo federal deveria se posicionar em relação à crise do coronavírus?
Acho que deveria ter assumido a pandemia, deveria o quanto antes ter dedicado verbas para instruir a população sobre o uso de máscaras, uso de álcool gel. Deveria ter um plano para dar mascaras e álcool gel para população carente. Deveria ter feito tudo o que não foi feito. Ficou uma guerra entre a imprensa, que informava, e o governo, que queria desinformar o tempo todo. Uma situação absolutamente patética, de pessoas negando, desprezando a pandemia. É tudo muito triste.
Publicidade
Quais lições você acha que essa pandemia deixará?
Apesar de ser um desastre, a pandemia é também uma oportunidade única de todos nós termos de nos desconectar de tudo, e estabelecer uma vida nova. Talvez alguns erros que cometêssemos no passado não vamos voltar a cometê-los. Acho que vamos ser mais cuidadosos com a higiene, temos tudo para sermos mais altruístas e fazer que a sociedade civil seja capaz de fazer campanhas para apoiar causas, pessoas e comunidades. E muitas reuniões inúteis podem deixar de acontecer. Acho que a gente tem que saber também onde acelerar e onde desacelerar. 
Publicidade
Você pode gostar
Comentários