Flávio Migliaccio, que interpretava Seu Chalita:
Flávio Migliaccio, que interpretava Seu Chalita: "Vai aparecer na sua melhor forma", diz Fábio AssunçãoGlobo/Divulgação
Por Juliana Pimenta

Ódio, desejo, sonho e ternura. A mistura de sentimentos e confusão que agradou ao público por cinco anos volta ao ar hoje, às 23h15, com a reprise de 'Tapas & Beijos' na Globo. "Acho que o nosso programa envelhece bem graças aos criadores. Porque, mesmo em 2011, já tinha uma questão de representatividade. São coisas que hoje as pessoas procuram, mas naquela época já se identificavam", destaca Vladimir Brichta, que vive o Armane na série.

Essa questão, no entanto, vai muito além do protagonismo feminino, segundo o autor. "Os dramas pessoais dessas mulheres independentes, que focavam no trabalho e buscavam ser felizes no amor, são valores que continuam importantes. Na série, também quis abordar o ambiente de trabalho, as relações que você cria ali, onde descobre grandes amizades e amores", explica Claudio Paiva, que atribui a esses fatores a identificação do público com Fátima (Fernanda Torres) e Sueli (Andrea Beltrão).

E, por falar nas protagonistas, o que não falta são boas lembranças de todos os detalhes da produção. "A cidade cenográfica representando Copacabana era incrível, as pessoas sempre me perguntavam onde ficava no bairro aquele quarteirão... Os figurinos de Fátima e Sueli também eram impecáveis... A roupa rosa, elas pareciam duas bonecas, lembro que adoravam isso", recorda Fernanda Torres.

Alívio cômico

Além da reprise de 'Tapas & Beijos', a emissora voltou a reexibir outras comédias como 'Zorra', 'Toma Lá, Dá Cá' e 'Cine Holliúdy'. Para Claudio Paiva, o retorno de programas humorísticos é fundamental em tempos de crise.

"Os tempos bicudos exigem comédia, não tenho a menor dúvida quanto a isso. O material que a gente assiste todos os dias é absolutamente triste e trágico, além de todo esse medo constante que a gente vem vivendo. Ter comédia na televisão nunca foi tão necessário. O público gosta e precisa, agora mais do que nunca", argumenta o autor que, em tom de brincadeira, faz uma previsão sobre a vida das protagonistas nos tempos atuais. "Hoje, elas estariam na fila da Caixa buscando o auxílio emergencial e tocando um rebu, porque a Djalma Noivas não aguentou a crise e fechou", ri.

Homenagem póstuma a Flávio Migliaccio
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E, de acordo com o elenco, a reprise também servirá como homenagem ao ator Flávio Migliaccio, intérprete do divertido Seu Chalita, que morreu em maio. "O Flávio era o nosso astro rei, o maior comediante, um poço de sabedoria. Um ator imenso e vai dar muita saudade, imagino, para todos nós. Mas vai ser muito bom revê-lo e ver as coisas que nós fizemos juntos. Vai ser uma despedida nossa para ele já que não pudemos estar com ele nos últimos tempos", conta Andrea Beltrão, que é seguida em coro pelo colega Kiko Mascarenhas.
"Vai ser a chance de vê-lo de novo, de abraçá-lo de novo. Vai ser lindo isso", defende o intérprete de Santo Antonio e do advogado Tavares.
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Já Fábio Assunção, o Jorge da série, aproveita para fazer uma reflexão sobre a despedida do colega. "Eu considero a morte dele uma morte política. Porque eu vejo que, fora do coletivo artístico, os nossos velhos estão abandonados, desprezados. A gente tem que pensar nos velhos do Brasil. Que bom que o Flávio vai aparecer na sua melhor forma: feliz, com sua arte. Acho que a série traz isso de forma maravilhosa, com ele contagiando o público com alegria. É uma grande homenagem, e eu dedico essa série ao Flávio", diz o ator, emocionado.
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