Rapper paulista Bivolt lança primeiro álbum da carreira no primeiro semestre de 2020 - Divulgação/Alex Takaki
Rapper paulista Bivolt lança primeiro álbum da carreira no primeiro semestre de 2020Divulgação/Alex Takaki
Por Juliana Pimenta

Rio - Hoje, 6 de agosto, é o Dia do Rap Nacional. Marginalizado por muitos anos, o ritmo se consolida cada vez mais no mercado da música. E, por mais que o estilo ainda receba críticas dos mais conservadores, é difícil ignorar a potência dos talentos. No páreo com o funk, os raps estão no topo das composições mais escolhidas para se ouvir nos últimos meses. Além da sonoridade, as críticas sociais embalam reflexões de tempos tão difíceis. Um dos expoentes da nova geração, Filipe Ret se apresenta amanhã, às 21h, no drive-in Go Dream, instalado no estacionamento do Barra Shopping.

"O rap conquistou seu espaço sem precisar das grandes mídias, e acredito que assim seguirá. É música feita pelo povo para o povo, hoje atinge da favela ao playboy. O rap é contracultura, e acredito que assim seguirá sendo. A velha escola abriu muito caminho para nós, e nós estamos abrindo caminho para muitos que chegarão. É como no samba ou no funk. Acho que agora estamos percebendo que rap e funk são dois lados da mesma moeda. A tendência é se popularizarem ainda mais", argumenta Filipe, aos 35 anos, que comemora o espaço alcançado.

Filipe Ret - Divulgação

"O rap cresceu porque dependeu apenas de quem realmente ama o gênero. As coisas só crescem com amor e verdade. Essa é a essência do gênero: sobrevivência e paixão", destaca o artista, que elege suas principais inspirações. "Como carioca, os primeiros raps que ouvi eram funk: 'Rap da Felicidade', 'Rap do Amor', 'Rap das Armas', 'Rap do Silva', etc. Minha primeira inspiração pra cantar no gênero foi nosso saudoso mestre Mr. Catra. No rap 'proibidão', também tiveram muitos influenciadores: Mc Cidinho, Mc Mascote, Mc Sapão... muitos. Mas esses estão nas minhas raízes", conta.

Jardim do rap

Além de Filipe, outros nomes mostram sua força no mercado. É o caso de Edi Rock, que iniciou a carreira em 1984. O músico faz uma análise, como de costume, bem firme do sucesso alcançado pelo rap. "Sendo simples e direto?? Merecido!! Me sinto realizado, honrado, satisfeito, orgulhoso, vários sentimentos juntos, vi muita coisa acontecer, e fazer parte desse acontecimento é viver o sonho", defende o paulistano, que vê um longo caminho pela frente.

"Ainda estamos no começo, mas na direção certa! O que hoje o rap tem é o que ontem foi feito, construído, preso, morto e enterrado!!! O rap não é mais apenas um movimento cultural que um dia se sonhou. Além de um gênero, é uma religião, um partido, uma organização, um negócio, uma empresa, uma máquina, vai além de cultura... O rap é o hip hop e o hip hop é um universo!!!", comemora Ed.

Edi Rock - Yago Gonçalves

Nascido no Espírito Santo, Dudu também destaca o crescimento do ritmo em seu estado e atribuiu a explosão nacional às novas tecnologias. "Acho que o crescimento tem a ver com as mídias digitais", diz o rapper, acrescentando que as batalhas foram muito importante para o gênero nos últimos tempos. "Porque suas mídias digitais impulsionaram vários MCs, além de propagar diversos nomes do cenário rap e de batalhas. Isso levou outro público para a cena e para alguns artistas", conta o jovem.

Se consagrando como mais uma representante feminina no ritmo, a rapper Bivolt celebra esse momento de virada. "A sensação é de reconhecimento. A sociedade sempre marginalizou muito esse gênero, excluindo o rap dos principais movimentos musicais, mas hoje você liga a TV e vê o rap, você liga o rádio e ouve o rap, você vai a grandes premiações e o rap está lá, vencendo! Eu me vejo nesses espaços, me reconheço nesses espaços, me integro a esses espaços, levando a minha música e esse gênero tão rico para todas as pessoas!", destaca.

Haikaiss - Gabriel Brasil

O grupo de hip hop paulista Haikaiss também celebra a data e exalta a importância do ritmo. “Na minha opinião, o rap nacional é o gênero musical mais importante de todos. Foi subestimado por anos, pra ser a ferramenta que melhor educa e comunica com os jovens. Com um propósito muito maior do que simplesmente entreter ou te fazer dançar", diz o rapper SPVIC, um dos quatro integrantes do grupo.

"É mais do que merecido ter uma data pra lembrar da importância do que foi pavimentado até hoje na história do rap e do hip-hop nacional. Salve Thaide e DJ Hum, Racionais MC’s, Athalyba e a Firma, GOG, DMN, RZO, Ndee Naldinho e tantos outros que construíram os pilares desse movimento que é mais que nosso trabalho, é nossa vida”, exalta o músico do Haikaiss.
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