Monarco realiza live especial com sucessos da carreira - Divulgação
Monarco realiza live especial com sucessos da carreiraDivulgação
Por Lucas França*

Com 87 anos recém-completados, Monarco, baluarte mais antigo da Portela, continua a fazer música e arte. Hoje, às 19h, o sambista apresenta uma live especial no canal da Portela no Youtube aos que admiram sua trajetória no samba. Além de homenagear Monarco, a transmissão vai arrecadar fundos para a Velha Guarda da Portela, patrimônio do samba que completa 50 anos em 2020. Nomes como Diogo Nogueira, Maria Rita, Teresa Cristina e Criolo vão estar presentes mesmo que virtualmente. Será um dia de alegria para o sambista.

"Nunca passou pela minha cabeça fazer um show assim, mas graças a Deus, vai dar tudo certo, é tudo feito com amor. Eu me preocupo muito em como trato as amizades, sempre com muito cuidado. Numa hora dessas, eu vejo a turma toda vindo participar com alegria. Estou muito feliz", comemora o compositor e presidente de honra da Portela.

Quem também está feliz são os participantes da live. Para Maria Rita, que considera Monarco um ícone cultural do país, dividir o microfone com o cantor e amigo "não tem preço". Diogo Nogueira, por sua vez, destaca a força do artista. "Em tempos de live, é um privilégio podermos ver nosso mestre em atividade, fazendo aquilo que ama fazer, que é cantar sambas", completa.

Saudade

Diogo acerta em relação ao amor de Monarco pelo samba, que só divide com a esposa Olinda, filhos e netos. O retorno ao palco, ainda que não da forma que o sambista esperava, é uma forma de fazer aquilo "para o que nasceu", como ele brinca, e também de ficar próximo da família. A saudade dos shows se mistura com a falta de ver a natureza, tema recorrente na obra do sambista, como na canção 'Coração em Desalinho', presente no repertório da live.

"Eu subo no palco e a alegria toma conta de mim, vivo para cantar. Adoro cantar e falar das flores, as minhas músicas são perfumadas", explica o bamba da Azul e Branca.

Memória

Precoce na música, Monarco entrou na ala de compositores da Portela em 1950, aos 17 anos. Lá, fez grandes parceiros na música, como os compositores Ratinho, Manacéa e Alcides Malandro Histórico. O tempo em que viveu com os amigos e fez arte na Portela desenvolveu em Monarco carinho pela Velha Guarda. Com isso, a live busca não só ajudar os integrantes atuais do grupo, mas manter a memória dos mais antigos da escola de samba de Madureira. O assunto é indispensável para Monarco.

"O papel da Velha Guarda, já dizia Juarez Barroso, é estar vigilante quanto aos perigosos desvios. O papel dela é preservar a chama do samba acesa, não deixar isso morrer. Se acabar a Velha Guarda, nossa cultura fica desfalcada, sem fulgor", defende.

A espera de Monarco, agora, é que os dias de pandemia passem logo, já que até o aniversário dele foi comemorado em isolamento social no dia 17 passado. Apesar da tristeza do momento, o sambista mantém a fé em alta.

"Vejo muita gente triste na quarentena. Não pode fazer aglomeração, não pode ir na praia. Isso acabou com a nossa liberdade. Tenho certeza de que Deus vai me iluminar e dias melhores virão. Eu vou poder cantar com meu pessoal, vou fazer uma festa de aniversário, da minha netinha querida e da minha Olinda. Vou chamar um cavaco bom e fazer uma roda de samba legal para brincarmos", diz.

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