Tony Ramos - Fábio Rocha/Globo
Tony RamosFábio Rocha/Globo
Por Juliana Pimenta

Rio - Manoel Carlos, Leblon e, claro, Tony Ramos. Esse trio de sucesso volta ao ar na próxima segunda-feira, com a reprise de 'Laços de Família' no 'Vale a Pena Ver de Novo', da Globo. Aos 72 anos, completados na última terça-feira, Tony faz um paralelo entre a escrita de Maneco e seus trabalhos no começo de carreira.

"Eu tenho uma trajetória que vem lá de trás, da TV Tupi, da TV ao vivo. Então, eu fui aprendendo e conhecendo autores que pegavam notícias do jornal do dia anterior, iam para a máquina de escrever e escreviam o texto para que nós gravássemos uma crônica do que tinha acontecido. E o Manoel sempre foi um grande observador do cotidiano, das pessoas. Ele é um grande cronista do cotidiano, mas um cronista que propõe uma inquietação ao espectador, sem deixar de lado o respeito ao folhetim", explica o ator que, interagindo com os mais jovens, compara as produções com séries de streaming.

"Me perguntam muito de série. Mas série nada mais é do que uma dramaturgia folhetinesca. Como 'Breaking Bad' (disponível na Netflix), onde você vê um professor de química se transformar em um grande traficante. Você torce por ele e sempre se pergunta 'e agora?'. O 'e agora?' é folhetim, é dramaturgia pura", defende Tony

Trama especial

A poucos dias da estreia, Tony acredita que a reprise é uma oportunidade de releitura de uma obra que, apesar de já ter duas décadas, é atemporal. "Algumas cenas tinham cinco páginas. Eu levava um susto, mas é um texto muito saboroso, uma construção literária muito preciosa. É uma chance de ver uma bela história, que vocês vão se emocionar e rever um texto que faz muito bem aos ouvidos", destaca o ator.

"A TV Globo foi muito feliz nessa escolha para vir após esse sucesso estrondoso que está sendo 'Êta Mundo Bom!'. Eles vêm agora, nesse horário, com outra proposta. 'Laços de Família' é uma novela que propõe reflexões mais variadas sobre o cotidiano", diz, lembrando os dilemas do seu personagem.

"Quando você olha para o Miguel, era muito clara a definição e o choque dramático dele, que havia perdido a mulher em um acidente de automóvel e o filho tinha ficado com sequelas. A trajetória desse homem é marcada por esse acidente que ele nunca superou direito. Ele foi levando a viuvez, com pequenos namoricos, até se apaixonar por uma mulher esplendorosa, a Helena (Vera Fischer). Mas ele vê que não será amado por aquela mulher, porque ela tem uma paixão pelo personagem de Reynaldo Gianecchini".

E para Tony, o grande trabalho do mocinho é saber dosar o comportamento diante das adversidades. "O que acontece quando você vai compondo o personagem é entender o que é a renúncia por um ato de nobreza. Você tem que entender que não pode passar, em nenhum momento, decepção, ódio ou rancor porque não foi correspondido a esse amor. Você tem que manter nesse nível de grandeza. Trabalhar o silêncio desse homem", defende o ator, exaltando a dificuldade de fazer personagens "bonzinhos". "Ser simples é de uma dificuldade absoluta", completa.

 

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