Cid Moreira lança a sua própria rádio aos 93 anos - César Abreu / Divulgação
Cid Moreira lança a sua própria rádio aos 93 anosCésar Abreu / Divulgação
Por TÁBATA UCHÔA
Rio - Uma das vozes mais marcantes do Brasil, o jornalista Cid Moreira está de volta as origens e lança sua própria. Aos 93 anos, o veterano se junta ao especialista em Marketing Sérgio Azevedo e ao radialista Cyro César na concepção da rádio Conhecer, que entrou no ar no dia 1º de dezembro.
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Trata-se de uma rádio online que leva aos ouvintes conteúdos sobre saúde, curiosidades, bem estar, arte, música, literatura, ciência, entre outros temas. Cid Moreira, além de diretor geral, está à frente de dois programas: "Crônicas e Poemas Imortais" e "Mensagens da Bíblia em Áudio".

"Nesse momento é como se eu estivesse renascendo. Me sinto emocionado como se fosse a primeira vez que eu entrei no rádio, aos 17 anos. Eu fui pensando em fazer um estágio em contabilidade, mas o diretor tinha escutado a minha voz [e o convidou para a locução] e o meu coração disparou. A emoção foi grande", relembra Cid Moreira, que aceitou o convite para fazer parte do projeto de imediato.

"O Sérgio é um parceiro de longa data. Quando surgiu essa ideia da rádio Conhecer, nós não pensamos duas vezes. Eu aceitei de cara. O Sérgio é especializado em Marketing e o Cyro é técnico, professor em rádio. Pretendo ser aluno dele ainda", brinca o jornalista.

Juntos, Cid Moreira e Sérgio Azevedo já realizaram trabalhos de sucesso, como a gravação da Bíblia. "É um privilégio poder participar de muitos trabalhos com o Cid ao longo desses 20 e poucos anos. A rádio Web, na verdade, é a rádio do futuro. E a rádio do futuro é interativa. Ela tem o som do rádio, mas você pode complementar com vídeos, áudios, etc... É uma rádio que mescla conhecimento de vários assuntos no geral e ao mesmo tempo é leve, porque ela é permeada de música. Principalmente uma música flashback, que é uma música gostosa de ouvir. Com isso a gente espera ter receptividade da audiência".

Cyro César ressalta a importância do rádio em tempos de pandemia. "O rádio veio se mantendo pelas suas reconstruções, pelas suas reinvenções. Sempre foi uma mídia que atendeu a demanda da necessidade com a sua velocidade de informação. O rádio teve que se reinventar para sobreviver a chegada de seu grande concorrente, que foi a televisão. Na pandemia, o rádio esteve sempre lá, presente, perdendo anunciantes mas ao mesmo tempo proporcionalmente ganhando ouvintes. As pessoas precisavam saber o que estava acontecendo, o que era a covid-19, quais os procedimentos médicos e cuidados que deveríamos ter. O rádio foi respondendo essas perguntas", afirma o radialista.

"E em meio a tudo isso, numa conversa com o Sérgio, fiquei sabendo que o Cid ainda tinha esse grande sonho, que era retornar ao rádio. E eu fiquei pensando nisso e construímos a rádio Conhecer. Ele abraçou essa ideia, juntou a força da marca, do nome que é Cid Moreira, a força da voz conhecida por todos os brasileiros... E hoje ele é a voz padrão dessa rádio que procura ancorar o conhecimento, a boa informação. O Cid sempre teve uma vida como jornalista muito ligado aos fatos e acontecimentos, e ele dá uma lição de vida para nós. O importante não é a idade medida pelo tempo e sim pelo espírito que a gente tem. Trabalhar com o Cid é uma lição de vida todo dia", comemora.

Fátima Moreira, mulher de Cid, também exalta a vitalidade do jornalista. "Eu não posso deixar de ficar encantada com o meu marido. Não só como marido, mas como profissional. Imagina alguém de 93 anos mexendo nos sistemas, gravando. Ele faz todas as gravações sozinho. Ele envia, pesquisa coisas no Google. É uma beleza. Quem dera nós pudéssemos chegar na idade dele também com esse interesse, com essa curiosidade, com essa alegria, essa energia de viver".

Pandemia

Apesar dos tempos difíceis com a pandemia de covid-19, Cid Moreira procura encontrar pontos positivos em tudo e aproveitou o isolamento para estudar e descansar. "Comecei no rádio e jamais pensei que voltaria para o rádio. Há males que vem para o bem. Tive tempo de estudar, de me dedicar mais, ficar mais em casa. Eu viajava muito, não tenho mais viajado. Não tenho saído. Deixei o Rio", diz o jornalista, que está passando o período de isolamento social com a mulher em Petrópolis. "Sempre saio com máscara. Tenho essa preocupação da máscara e do álcool, que estão sempre me acompanhando".

"O Cid estava mesmo querendo diminuir o ritmo de viagens de avião. Na pandemia ele fez palestras, eventos, poesias... Tudo online. Gravou vários comerciais. Para a gente o ritmo de trabalho não mudou. A pandemia trouxe um outro jeito de trabalhar, que é muito interessante. A gente está num sítio, numa área lindíssima. Usufruir disso e poder trabalhar em casa foi bom. Não estamos alegres com a pandemia, mas existe um outro lado. As pessoas vão se ajustando, se adaptando, vão tentando tirar o melhor da situação", explica Fátima Moreira.

"Principalmente na fase em que eu estou. Embora eu me considere bem, a realidade é dura. São 93 anos", completa Cid, aos risos.

Realizado

Com tanta experiência de vida, Cid Moreira se sente realizado pessoal e profissionalmente. "Eu me sinto realizado como ser humano, como profissional. Não estou mais na área de jornalismo, estou me dedicando uma a promessa que fiz quando eu gravei ''O Sermão da Montanha". Naquela época, escrevi na capa: 'quero levar Evangelhos, as notícias de Deus, até o último dia da minha vida'. É isso que está me motivando. Estou investindo não só em mim, mas em todos nós. A realidade é essa. Ninguém fica aqui para semente".