Rennan da Penha no clipe SexToUDivulgação

Rio - Tem mais um sucesso de Rennan da Penha na área! Em parceria com Anitta, o artista acaba de estrear nos vocais com o funk 'SexToU', já disponível nas plataformas de música. Mas, apesar da boa repercussão do trabalho, Rennan abusa da honestidade ao falar que cantar é um ponto fora da curva em sua carreira.


"Eu não quero explorar muito esse lado. Não é minha vibe, não vou negar. Mas se aparecer uma música ou, até mesmo, eu criar algo e der aquele arrepio, pode ter certeza que vai ter uma outra música com o Rennan cantando", explica o artista, que ficou conhecido por seu trabalho como DJ nos bailes do Complexo da Penha.

Parceria de outro

A dobradinha com Anitta, aliás, reforça ainda mais o trabalho de Rennan como produtor. "A temática do clipe foi toda através da Anitta, foi tudo ideia dela. Só entrei com a parte musical", conta ele, ao lembrar da atenção que recebeu após produzir outra música de sucesso da cantora. "Depois de 'Modo Turbo', apareceram várias propostas. Não para Rennan fazer feat como artista, mas só para a parte da produção. E eu fico muito feliz. Só que eu costumo filtrar minhas músicas, o que vou lançar, então não aceito tudo que me mandam", revela.

Novos projetos

E agora, com a carreira consolidada, Rennan diz que não vê mais sonhos a serem realizados enquanto artista. Para ele, o foco está em proporcionar para outros profissionais a mesma experiência que ele tem hoje. "O meu maior objetivo é tornar sucesso os artistas que estão trabalhando comigo, que são pessoas totalmente anônimas. Se você realmente acompanha o meu trabalho, você sabe que eu não tenho essa vaidade de querer gravar com pessoas famosas. Então, meu único objetivo é esse lado empresário que estou investindo agora", destaca o artista, que deixa escapar, sim, a existência de mais um desejo.

"Eu não sei se a gente vai poder dar continuidade ao Baile da Gaiola, mas não vou mentir que tenho o sonho de fazer o Baile do Rennan da Penha na Marina da Glória. Meu sonho é pegar um lugar aberto e trazer o baile de favela para a rapaziada, que nunca curtiu um baile de favela, para o pessoal poder olhar como é realmente. Porque eu acho que é uma coisa linda: as barraquinhas, as equipes de som, o público curtindo, se divertindo, na maior vibe positiva. Então, minha meta é fazer um baile de favela, fora da favela, mas com a estrutura da favela", brinca.

Valorização e respeito

Outra preocupação que já acompanha Rennan há muitos anos está relacionada à valorização da cultura do funk e da periferia. Sobre isso, o artista faz críticas a quem não respeita a importância do ritmo. "Me desculpa pelo que eu vou falar, mas acho o Brasil um país muito 'mente fechada'. Temos o reggaeton, que quebrou muitas barreiras, e o funk também poderia estar quebrando essas barreiras. Por isso, estou me profissionalizando cada vez mais em teoria musical, para trazer para dentro do funk e para que possa ser reconhecido por outras pessoas. Porque querendo ou não, músicos que entendem de arranjo, entendem de tudo, veem o funk como ritmo inferior", reflete o artista, que rebate a esses mesmos críticos.

"Mas é esse 'ritmo inferior' que mudou a vida de tantas pessoas. Tento ver o funk como uma pirâmide. A pirâmide é feita por tijolos e, em cima, tá o funk pop e aqui embaixo, o funk de favela. Os tijolos que sustentam a pirâmide são os tijolos debaixo. Se os tijolos debaixo caírem, a pirâmide também cai. Se a favela parar de produzir conteúdo, o funk pop para de existir. Se você reparar quantos pops gravaram funk e se deram bem... Eu acho que essa rapaziada, que não era funkeiro e nunca pisou em uma favela, deveria puxar mais artistas. Pelo menos, essa é minha opinião", desabafa Rennan.

Laço político

Ainda pensando em como contribuir para mudar a realidade da favela, Rennan decidiu abrir detalhes do encontro que teve com o ex-presidente Lula, em junho, no Rio de Janeiro. "Eu tive que passar a minha indignação para ele. Essa política que tá aí hoje, todo mundo sabe que não me agrada. Eu falei para ele, primeiramente, cuidar do nosso país e parar de matar o nosso povo, que é o que acontece. Expliquei pra ele que, dentro do Complexo da Penha, não tem plantação de coca, não tem plantação de maconha e não tem fábrica de armas, então não é fazendo operação dentro da comunidade e morrendo gente inocente que eles vão acabar com o tráfico", defende o artista que, ressalta, mais uma vez a força cultural da favela.

"Meu objetivo é fazer com que o governo olhe para as pessoas que dão voto para ele. Não é só ir para a favela pedir voto na época em que tem que pedir. Eu fico impressionado com a quantidade de talentos. Se você for ao Complexo da Penha, você vai ver 10 Rennans lá, 10 MC Poze. E o que o Estado faz por nós? A única coisa que o Estado faz, se não é trazer problema quando a gente tenta conquistar algo, é tirar quando a gente ganha", completa.