Ananda MarçalFernando Mendes

Rio - A música é uma paixão para Ananda Marçal desde que era pequena e corria pelas ruas do interior do Espírito Santo. Mas foi apenas em 2020 que ela tomou a decisão de seguir seu sonho e se projetar como uma cantora pop. De lá para cá, a artista, que é casada com o surfista Filipe Toledo, lançou três singles: “Vontade de Mim”, “Cancela” e “Seu Lugar”, que tem a proposta de dar voz a força da mulher.
“Somos diminuídas em diversas situações e falam que não somos capazes. Historicamente, fomos colocadas como incapazes de votar, trabalhar e tomar decisões. Somos colocadas como propriedade de homens e assediadas diariamente. Até quando exercemos o mesmo cargo que um homem, temos um desfavorecimento salarial. Eu precisava muito falar sobre esse tema e ter uma mensagem importante para passar às pessoas que me ouvem, para encorajá-las a serem quem são”, revela a cantora, de 27 anos, que possui referências de Beyoncé, Ariana Grande, Iza e Giulia Be.
Essa mensagem não está apenas na letra da canção, mas também no instrumental, no tom de voz grave e no videoclipe com diferentes perfis de mulheres, incluindo a presença de sua filha, Mahina, e sua mãe, Cíntia. “Sou uma mulher que me encaixo no padrão, mas queria quebrar o estereótipo sobre as mulheres. Então, pintei o clipe com diversidade, trazendo mulheres pretas, gordas, altas, baixas, cada uma com seu talento, seu jeito e sua história”, diz Ananda, que explica algumas cenas do clipe.
“A ideia foi exaltar a história e a beleza da mulher em seus mais variados tipos. A primeira cena é a reinterpretação de um fato histórico do nosso país, que é a posse da primeira mulher eleita prefeita no Brasil, a Alzira Soriano. No fim, a gente quis trazer uma cena mais lúdica, com homens e mulheres dançando juntos, trazendo alegria. Nós podemos chegar na igualdade. Infelizmente, não é a realidade, mas quem sabe um dia viver sem racismo, machismo e LGBTfobia”, acredita a cantora.
Carreira
Em 2014, Ananda começou a postar covers no Instagram, principalmente de música pop, quando o aplicativo tinha menos recursos e permitia vídeos de apenas um minuto. Envergonhada, não investiu na carreira por se preocupar demais “com o que as pessoas pensavam e falavam”, mas ela conta que ser cantora estava na listinha de sonhos desde a infância.
“Cantar sempre foi muito orgânico e natural. Não podia ver alguém tocando algum instrumento que já ficava hipnotizada. Não é à toa que eu arrumava um jeito de cantar no bar do meu tio, ao lado da minha casa. Minha mãe sempre me incentivou e meu pai, mesmo tendo um pé atrás, adora me mostrar músicas desde criança. Ele me mostra até hoje, agora, ele diz: ‘filha, escuta essa aqui, olha que batida legal para você imprimir no seu trabalho'”, diz ela, que superou as inseguranças e decidiu investir no sonho durante a pandemia.
“Foi um estalo, a música me chamou. Aliás, ela sempre me chamou, mas eu ignorava porque na minha cabeça eu não tinha talento suficiente, aquela coisa boba que a nossa juventude e insegurança colocam na nossa cabeça. Mas eu não consegui mais evitar. Conversei com o meu marido, meus filhos já estavam um pouco maiores e eu queria muito voltar a trabalhar e ter um emprego que eu pensasse: ‘caramba, eu amo fazer isso aqui’”, conta a artista, que vive atualmente nos Estados Unidos com o marido, o surfista Filipe Toledo, e os filhos, Mahina e Koa, de 5 e 3 anos.
Sonhos
A cantora ainda revela que possui grandes sonhos. “Desde que eu resolvi cantar e juntar meu lado profissional e artístico, eu penso: ‘quero ser parte importante da história da música brasileira’. A ideia é estar nos palcos dos principais festivais do nosso país, como Rock in Rio, Lollapalooza e Planeta Atlântida. E, claro, nos trios de carnaval, que eu sou apaixonada. É uma tradição nossa e eu quero agregar e aprender com esses artistas incríveis que puxam os trios”, finaliza Ananda.