Gabriel O Pensador comemora 30 anos de carreira com novo álbumDivulgação

Rio - Gabriel O Pensador está em clima de celebração pelos 30 anos de carreira, mas quem ganha presente são os fãs. Nesta terça-feira (7), a comemoração se estende para o palco do Prêmio Multishow 2023, no Rio de Janeiro, quando o rapper se junta a Pedro Sampaio, Joelma, NX Zero, Samuel Rosa e Tati Quebra Barraco para a apresentação de abertura da premiação, que também completa três décadas de existência. Apresentado por Ludmilla, Tadeu Schmidt e Tatá Werneck, o evento será transmitido ao vivo na TV Globo pela primeira vez na história, a partir das 23h15.
As vivências de Gabriel ao longo dos anos na estrada fizeram do artista a pessoa certa para comentar as diversas mudanças pelas quais a cultura nacional já passou. O carioca começou a chamar a atenção do grande público em 1992, com a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)", censurada, na época, pelo governo de Fernando Collor. Um ano depois, Gabriel lançou seu álbum de estreia e ficou conhecido por ser um dos responsáveis por popularizar o hip-hop em português. Trinta anos depois, Pensador avalia as oportunidades que novos artistas têm hoje em dia.
"Eu cheguei a pegar uma censura, (ainda que) por baixo dos panos. Hoje, a gente já não vê esse tipo de coisa. Acho que a galera tem a responsabilidade de aproveitar bem esse espaço, fazer coisas legais para a molecada ouvir, se inspirar... E um sempre inspirando o outro, porque o brasileiro é muito criativo, e na musicalidade também. Temos vários caminhos, vários gêneros, estilos, ritmos. A gente tem tudo para continuar fazendo muita música boa", diz o rapper.
Novo álbum
Em agosto deste ano, Gabriel O Pensador lançou o álbum "Antídoto Pra Todo Tipo de Veneno", seu primeiro disco de canções inéditas em 11 anos, que trouxe parcerias como Lulu Santos e Xamã. Colhendo os frutos do sucesso com o lançamento, o artista, de 49 anos, revela a inspiração por trás da frase que deu nome ao projeto, tirada de uma das canções que compõem o trabalho, intitulada "Liberdade".
"Como ouvinte de música desde criança, eu acho que a arte em geral nos alivia, nos fortalece. Ela nos dá ânimo e coragem para enfrentar todos os desafios, as dificuldades da vida, as emoções mais adversas. Como compositor, esse próprio ato da criação serve muito como uma terapia, um transe que me mantém lúcido. É estranho falar isso, mas chega a ser um transe mesmo", revela.
"Na hora em que estou compondo, às vezes, me emociono, chego a chorar. É uma coisa muito forte. Muitas vezes são letras ou poemas que eu acabo nem mostrando para ninguém. Mas, naquele momento, aquilo, para mim, é um antídoto poderoso. A arte que a gente faz também é importante para nós mesmos. Ao mesmo tempo, já tiveram histórias lindas que me trouxeram, em que essa arte também foi útil para combater o veneno na vida de outras pessoas", reflete ele.
Antes mesmo do álbum chegar às plataformas digitais, "Liberdade", uma colaboração com o gaúcho Armandinho, já havia se tornado uma das favoritas dos fãs ao ser apresentada por Gabriel em alguns shows. Com o refrão que repete as palavras “liberdade, juventude, consciência e fé”, a faixa traduz a atitude inconformada de seu intérprete como uma das vozes que alcançou diferentes gerações ao longo da carreira. E o rapper não faz suspense ao ser questionado sobre o segredo de seu sucesso:
"Tem música viralizando no TikTok hoje com a molecada nova, e, às vezes, chegam o pai e a mãe no show e falam: 'esse é meu filho, estava na minha barriga no teu show de não sei quando'. É o maior barato isso. Apesar de eu valorizar muito a poesia e a construção das frases — tem uma tentativa de ser poeticamente interessante —, eu mantenho a simplicidade para o entendimento. Não precisa ser um intelectual ou conhecer um tema profundamente para entender o que eu quero dizer. Eu tento fazer de uma forma clara. E isso ajuda a alcançar pessoas de gostos musicais diferentes, também porque eu misturo muito, com samba, rock, reggae..."
Por outro lado, Gabriel O Pensador lamenta o fato de algumas de suas canções permanecerem atuais com as denúncias relacionadas à questões sociais. "Infelizmente, alguns temas no Brasil e no mundo são problemas crônicos da humanidade e da nossa sociedade. É o que eu falo na música 'Boca Seca' (terceira faixa do novo álbum, em parceria com Sant): 'Às vezes, o mundo muda em velocidade lenta / E a gente que pensa rápido até se impacienta'. É um mundo que poderia mudar um pouco mais rápido (risos). A gente vê que certos assuntos que se falava há 25, 30 anos, ainda precisam ser questionados da mesma forma", opina.