Moacyr Luz celebra 45 anos de carreira na músicaDivulgação / Marluci Martins

Rio - O cantor e compositor Moacyr Luz completa 66 anos na sexta-feira (5), mas a data já começa a ser celebrada nesta quarta (3), quando o artista fará um grande show no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, cantando sucessos e relembrando momentos marcantes das quatro décadas e meia de carreira.

Em entrevista ao "DIA", Moa, como é carinhosamente chamado pelos amigos e fãs, fala sobre a trajetória na música, parcerias marcantes e a convivência com o Parkinson, doença diagnosticada há cerca de 16 anos. "A música é um balão de oxigênio, ela vem para te salvar, para respirar um pouco mais. Ela te dá esperança para trabalhar", diz o autor de canções como "Cabô meu pai", com Aldir Blanc e Luiz Carlos da Vila, e o hino "Saudades da Guanabara", com Paulo César Pinheiro e Aldir, parceiro que destaca como fundamental em sua vida.

"Acho que a palavra coerência talvez seja o grande foco da minha carreira. Aprendi muito com o Aldir a responsabilidade da palavra e do verso", comenta o compositor, que diz não pensar no sucesso quando cria as músicas. "Eu procuro exercer o meu destino, que é fazer música. A gente faz como se fosse a melhor possível. Às vezes, no meio da canção você descobre que ela pode ser conhecida, e a expectativa fica maior. Mas, no fundo, você só quer que todas sejam um sucesso".

Com obras eternizadas por grandes artistas, como Leny Andrade, Beth Carvalho, Maria Bethânia e Alcione, Moa diz que tem vontade de ver suas canções interpretadas por outras estrelas da música brasileira.

"Tem tanta gente bacana que poderia gravar, como Simone, Marisa Monte, e cantoras que já se foram, como Gal Costa, Clara Nunes, Elis Regina… E gostaria que Roberto Carlos me gravasse", destaca o músico, ressaltando que todas as parcerias são importantes. "Eu me sinto particularmente orgulhoso do repertório que eu alcancei com a minha música diante dos seus intérpretes".

Fenômeno no Renascença

O comandante do "Samba do Trabalhador", que acontece todas às segundas-feiras no Renascença Clube, ajudando o carioca a não sofrer com a "síndrome do mau-humor" do início da semana, ele explica que o evento nasceu sem "modismo" e com uma característica única.

"Ele vira moda através do boca a boca, como as coisas funcionam no Rio. Os movimentos no Viaduto de Madureira, as primeiras rodas de samba debaixo dos Arcos da Lapa… Essas coisas todas curiosas que acontecem", conta ele, acrescentando que, inicialmente, o objetivo era reunir os músicos e facilitar novas parcerias.

"Só que virou um fenômeno. Hoje, quase 19 anos depois, a gente tem um público médio de mil pessoas, o que me surpreende sempre positivamente. Quando eu penso que não vai mais ninguém, aquilo lota. E lota também de compositores e cantores, que veem ali uma oportunidade de mostrar seu trabalho para mais gente, e eu poder proporcionar isso me deixa muito feliz", observa.
Saúde

Com a agenda cheia, o cantor revela como lida com a doença de Parkinson, diagnosticada em 2008. "Eu tenho feito viagens internacionais. Vou do jeito que consigo, mas vou. Ainda tenho esperança que saia algum remédio que inverta essa situação, que não é fácil. A sua cabeça pensa uma coisa, e seu corpo reage de outra. Continuo gravando, compondo, cantando e me expondo fisicamente, mais pela necessidade de estar à frente das coisas. Não me preocupo de esconder e mostrar a minha doença."
E os próximos projetos?  "Tenho feito músicas com novos parceiros e parceiros consagrados. É um dos prazeres da minha vida compor. Eu durmo e acordo pensando em fazer música. Faço para amigos próximos, para lançar em discos, para cantar de brincadeira, no botequim… Eu gosto de compor, isso não tem limite na minha cabeça."

No show intimista que fará na noite desta quarta-feira (3), no Espaço EcoVilla Ri Happy, dentro do Jardim Botânico, o pública também poderá ver o trailer do documentário sobre o músico, que tem estreia prevista para este ano.

Serviço:
Show "Moacyr Luz - 45 anos de carreira"
Data: 3 de abril de 2024, às 20h
Local: Espaço EcoVilla Ri Happy, dentro do Jardim Botânico
Valor: R$ 50 (meia-entrada)
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1008