Paulo Lessa caracterizado de Bruno para o filme Sala EscuraBernardo Jardim/Divulgação
Paulo Lessa estreia em filme de terror gravado no Roxy e Odeon e faz 'cara marrento e machista'
'Sala Escura' traz no elenco ainda Allan Souza Lima, Osvaldo Mil, João Vitor Silva, Luiza Valderato e mais
Rio - Paulo Lessa não para! O ator, de 42 anos, está emendando seu quarto trabalho na Globo, gravando a série "Encantado's" e estreia em breve no cinema no filme de terror-suspense "Sala Escura", de Paulo Fontenelle, que chega aos cinemas no dia 14 de novembro. O gênero, ainda pouco explorado em produções nacionais, promete causar sustos no público, já que toda a história acontece em uma sala de cinema.
Para isso, foram usadas locações nos clássicos Cide Odeon, no Centro, e no Roxy, em Copacabana, que recentemente deixou de ser sala de cinema e virou uma casa de espetáculos que serve jantar. Paulo interpreta Bruno, um cara descrito por ele como "marrento demais, extremamente machista", que está o tempo todo silenciando a namorada Paula (Raissa Chaddad).
"A gente não tem acesso à história pregressa desses personagens. O filme se passa todo numa sala de cinema, então, tentamos já reforçar esses estereótipos, deixá-los muito bem definidos. O Bruno é esse cara marrento, machista. O valentão ali, que a gente desenhou dessa forma", explica.
Na trama, um grupo de espectadores é surpreendido por uma brusca interrupção do filme, substituído pelas imagens de uma garota sendo torturada por um homem vestido de bate-bolas. Confusos e assustados, eles tentam deixar o local e descobrem que estão trancados na sala para um desespero ainda maior.
"Nosso filme não fica atrás de nenhuma produção, me surpreendeu demais quando comecei a ler o roteiro. O filme tem um personagem central tipicamente brasileiro - o motivo de todo esse terror - é muito conhecido no Carnaval carioca, que é o bate-bola, isso eu acho muito legal, não tem essa tentativa de imitar os filmes de fora", detalha.
Para o ator, o longa tem tudo o que um típico filme de terror tem direito. "Tem aquela pitada de suspense, muita crueldade, sangue.... Tanto que o filme ficou classificado para acima de 18 anos. O fato de se passar numa sala acho que traz sim uma certa agonia", opina.
Algumas cenas podem deixar o público intrigado para tentar descobrir se o que está passando é referente ao filme do cinema desses personagens ou o que está acontecendo na hora. "Dá um caldo bem legal, estou muito orgulhoso de fazer parte".
No elenco estão nomes como Allan Souza Lima, Osvaldo Mil, João Vitor Silva, Luiza Valdetaro, Raissa Chaddad e Sofia Malta. "A interação do elenco foi maravilhosa, a gente se deu muito bem, vários companheiros que estavam ali, no meu caso, eu já conhecia, Alan Souza Lima é um amigo de longa data, a gente já fez alguns trabalhos juntos, e tinha uma galera que a gente se conhecia de vista. A gente teve uma conexão muito legal, a gente se divertiu muito ao longo desse período de gravação", conta o ator.
Diretor e roteirista da produção, Paulo Fontenelle comenta que o filme foi uma maneira de trazer sua "fobia à realidade". "Estar em um cinema completamente vazio, vendo um filme de qualquer gênero, foi algo que sempre me gerou uma certa fobia. Aquela sala enorme, escura, com diversas cadeiras vazias e cantos de onde a qualquer momento eu poderia ser surpreendido por alguém saltando em minha direção. ‘Sala Escura’ foi uma forma de trazer essa minha fobia à realidade e, quem sabe, transformar o meu medo no medo de várias pessoas".
Gravações antes da pandemia
Quando gravou "Sala Escura", entre janeiro e fevereiro de 2020, Pauio Lessa estava em outro momento da carreira e vida pessoal, ele ainda não era pai da pequena Jade, 3 anos, fruto do relacionamento com a cabo-verdiana Cindy Cruz. Depois da gravação, vieram papéis de destaques na TV: "Gênesis" (2021), na Record e "Cara e Coragem" (2022), "Terra e Paixão" e o mais recente papel em "Família é Tudo" (2024) na Globo.
"Sou muito feliz com a minha trajetória, olhando o meu caminho até aqui, fico muito orgulhoso. As coisas foram acontecendo no tempo certo. É fruto da luta de muita gente antes de mim: Milton Gonçalves, Dona Ruth de Souza, Lea Garcia, que conseguiram abrir o espaço para a gente hoje ter um maior protagonismo negro na televisão brasileira", avalia.
Lessa diz ficar feliz por ter a oportunidade de dar continuidade a esse caminho que grandes artistas negros abriram. "É uma luta que continua. A gente vem experimentando isso e mostrando o quanto a representatividade é importante, sentimos isso nos lugares que vamos, no feedback do público, no contato com as pessoas. A representatividade é sim muito importante e esse é um motivo para eu ficar muito orgulhoso da minha caminhada até aqui", completa.
Após gravar a série da Globo "Encantando's", o ator pretende tirar um período de férias e voltar recarregado para novos projetos. "Um personagem que eu gostaria de fazer seria um grande vilão, mas acredito que em breve vai chegar", torce.
Encantamento
Paulo Lessa diz que o cinema resgata muitas memórias da sua infância. "Minha relação com o cinema é de encantamento. Sou nascido e criado em Copacabana, cresci ali na minha infância, adolescência indo no Cine Roxy, onde tivemos a felicidade de conseguir gravar um pedaço do filme", comemora.
"Cinema para mim é esse lugar onde as emoções se potencializam. Tem uma magia na sala de cinema. Não tenho tantas experiências no cinema como ator, mas como espectador é fantástico. Seja sozinho, seja com a família. Esse ano eu tive a oportunidade de ir ao cinema pela primeira vez com a minha filha, consegui levá-la para assistir 'Divertidamente' e foi uma experiência incrível", conclui.