Rio - A voz feminina tem ficado cada vez mais presente nos sambas do Carnaval carioca. Em época de disputa de samba, é normal abrir as páginas da Web e se deparar com fotos e clipes da maratona de eliminatórias e gravações das parcerias em suas escolas e, mais normal ainda, tem sido se deparar com alguns rostos bem conhecidos no mundo dos sambistas: as mulheres do canto.
Aos 59 anos de idade, Angela Sol é uma das líderes das mulheres que entoam os sambas concorrentes do Maior Espetáculo da Terra. A cantora é figurinha premiada nos clipes e gravações dos sambas concorrentes há décadas e uma das obras mais marcantes de ter defendido vem da Baixada, vem da Grande Rio.
"Olha, estou nesse meio há muito tempo. Não lembro se foi em 1978 ou 79, mas ainda não estou velha não, ok? (risos). Lembro que neste ano eu, além de gravar a obra no CD, também fui para a Avenida. Mas acho que o samba que mais marcou e mais gostei de defender foi o da Grande Rio em 1993", disse a cantora, que aproveitou para arriscar um pedaço da obra:
"Clareia dindinha, teu mundo ta aí...", emendou.
Profissionalismo também no Carnaval
Se para muitos, as marcantes vozes femininas nos sambas levam o trabalho apenas no amor ao Carnaval, existe um real equívoco. O lado profissional vence qualquer tipo de questão também junto às obras carnavalescas. Integrante do coro de Arlindo Cruz, Angela revela que o estilo de trabalho no Carnaval é o mesmo, com a mesma seriedade dedicada também nos palcos.
"É o mesmo tipo de trabalho que fazemos também com o Arlindo. É o mesmo profissionalismo, a mesma seriedade. Não levamos de maneira diferente, e sim com o mesmo profissionalismo que os outros. Temos uma grande equipe, quando a agenda acaba atrapalhando a minha presença, por exemplo, tem a Tia Vânia, Débora, Cacau... Todas elas estão sempre presentes também", afirmou Angela que, no entanto, revelou a distância dos trabalhos nas quadras das escolas.
"Não estamos mais fazendo esse tipo de trabalho na quadra, apenas nas gravações mesmo. Até pelas questões de agenda. Essas gravações são feitas, geralmente, durante a semana, o que facilita nossa presença. Os sambas costumam ser aos finais de semanas, que é quando estamos viajando a trabalho. Isso acabou distanciando um pouco", comentou.
Mais trabalhos com o passar dos anos
Presente em diversas gravações dos sambas concorrentes para o Carnaval de 2014, Angela marcou presença, mais uma vez, na gravação da parceria de André Diniz, na Vila Isabel. Juntos há 20 anos, os compositores também contam com a voz de Angela em suas obras há bastante tempo. Segundo a cantora, a participação nos sambas concorrentes da Azul e Branco acontecia antes mesmo da chegada de Arlindo Cruz na parceria.
"Faço esse trabalho com o Diniz há muito tempo, antes mesmo do Arlindo integrar a parceria. Participava com o Diniz nos sambas e com o Arlindo nos shows e gravações. Agora está todo mundo junto, é uma alegria só", disse a cantora, que também aproveitou para festejar o aumento no número de trabalhos a cada ano que passa.
"A procura está sempre aumentando, graças a Deus. Existem alguns sambas que gravo sempre e outros que passaram a procurar depois. Às vezes algumas parcerias se separam e as novas equipes formadas acabam nos procurando também. Espero que continue assim", projetou.
Para finalizar a conversa, Angela demonstrou seu ponto de vista quanto ao motivo da procura cada vez maior pelo canto feminino nos sambas de enredo, algo que vem constantemente evoluindo no cenário carnavalesco:
"Acho que dá um brilho a mais. A voz feminina dá esse diferencial. É muito legal, estamos sempre a disposição", concluiu.
Para o Carnaval de 2014, Angela e sua equipe marcam presença em diversas gravações. Parcerias como a de André Diniz, na Vila, Marcelo Motta, no Salgueiro, e Dudu Nobre, na Mocidade, não deixaram passar a chance de contar com as vozes femininas mais disputadas do Carnaval carioca.
Confira uma das obras que conta com a presença de Angela Sol: