Eterno apito: Ícone da Ilha, Paulão diz que falta fidelidade dentro das baterias
Bastante querido na Tricolor, ex-mestre da escola comenta o dilema dos ritmistas desfilantes em várias baterias. Empolgado para 2014, sambista revela que sonha em voltar a ser mestre
Por rafael.arantes
Rio - Paulo Cezar Teixeira pode ser um nome aparentemente desconhecido no Carnaval carioca, no entanto, quando falamos em mestre Paulão, da Ilha, a conversa muda de rumo. Comandante da bateria tricolor nas décadas de 80 e 90, o sambista é um verdadeiro ícone na Insulana. Bastante querido, Paulão passa grande parte de seus dias na quadra da escola e admite que uma das coisas que sente falta da sua época de mestre é a fidelidade dos ritmistas, que hoje marcam presença em diversas baterias.
"Acho que falta amor para os ritmistas. Na minha época tinha uma maior fidelidade, cada um tocava por sua paixão. Agora é diferente, o ritmista quer sair em duas, três escolas. Em São Paulo, por exemplo, os caras não pulam o muro, eles desfilam na sua escola e só. Aqui não, o ritmista do Rio é fominha, quer desfilar em todo lugar. O cara assim não tem amor à uma escola. Se essa coisa do amor pela sua escola e a fidelidade voltassem as coisas seriam diferentes", analisou.
Após ocupar o posto de presidente da bateria em 2013, quando Odilon e Riquinho dividiram o posto de mestre da "Baterilha", Paulão agora se depara com um novo nome no comando dos ritmistas da Ilha. Contratado após o Carnaval, Thiago Diogo vem desempenhando um novo trabalho junto aos ritmistas tricolores e mesmo com o desejo de voltar a ser mestre da escola, Paulão mostra apoio ao trabalho do novo comandante.
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"O que acontece na bateria da Ilha é complicado. A escola tem sua identidade e nunca teve ninguém de fora comandando. A chegada do Thiago fez muita gente reclamar, criar briguinha, isso não tem nada a ver. É muito cedo para avaliar o trabalho dele, mas temos que confiar que ele vai fazer o melhor pela nossa escola. É claro que eu tenho vontade de voltar a ser mestre, cheguei a falar isso com o presidente uma vez, mas isso depende de muitas outras coisas", comentou.
Aos 67 anos de idade, Paulão tem na União da Ilha um verdadeiro refúgio. Após ficar afastado da escola por seis meses, em razão de problemas de saúde, o sambista conta que já voltou à tradicional rotina diária na quadra da agremiação, onde reencontra amigos e garante tardes de alegria e diversão.
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"Eu estou sempre na Ilha. Tive que ficar afastado seis meses porque tive um derrame, mas agora estou voltando e vou lá todos os dias. Eu praticamente nasci dentro da União da Ilha, frequento a escola desde a sua fundação. Gosto de ir até a quadra para bater papo e rever o pessoal. A escola faz parte de mim", disse Paulão, que ainda projeta um bom rendimento da escola no Carnaval de 2014.
"Pelo que estou acompanhado tenho gostado muito. A escola está bem, vai disputar o título. O presidente está fazendo um trabalho maravilhoso e tenho certeza que vamos conseguir mostrar todo nosso valor", concluiu.