Por nicolas.satriano
Severo Luzardo Filho e Vera Lúcia apostam num grande desfileCarlo Wrede / Agência O Dia

Rio - “Imperiano de fé não cansa, confia na lança do Santo Guerreiro.” Os versos do inesquecível samba-enredo de 2006 do Império Serrano resumem bem a sina do torcedor de uma das escolas mais tradicionais do Rio, dona de nove títulos, mas que não vence desde 1982, com o histórico ‘Bumbum Paticumbum Prugurundum’.

“Todos sabem que a situação do Império é difícil, mas vamos superar as dificuldades com um desfile grandioso. Vamos falar da fé do povo brasileiro, de todos os tipos de manifestações de fé, independente de religião. E isso acabou caindo como uma luva para esse momento. A fé do imperiano vai ajudar a escola na Avenida”, avalia o carnavalesco Severo Luzardo Filho, que faz sua estreia na agremiação do Morro da Serrinha, na Série A desde 2010.

Para superar a falta de dinheiro e estrutura, a diretoria contou com a ajuda de coirmãs. Somente da Imperatriz Leopoldinense, a escola recebeu dez caminhões lotados de esculturas e sobras de material do último desfile. “Fiz um Carnaval todo com doações, mas mesmo assim acho que vamos emocionar o público no Sambódromo. Não temos só bandeira e uma história linda, temos uma comunidade com vontade de vencer”, exalta Severo.

A opinião é compartilhada pela presidenta Vera Lúcia Corrêa de Souza, que assumiu o cargo em 2014. “Nosso enredo vai fazer a diferença. O Império é grande e vai mostrar sua força. Quem vai ao barracão chora ao ver nossos carros ficando prontos. Tenho certeza que nosso tema e nosso samba vão causar comoção no Sambódromo. As fantasias também estão lindas”, diz Vera Lúcia.

Com o enredo ‘Poema aos Peregrinos da Fé’, o Império Serrano será a terceira agremiação a desfilar na Sexta-feira de Carnaval. Ao todo, serão quatro carros, 24 alas e 2.400 componentes.

Crise: penhoras e 65 ações

Antes mesmo de entrar para enfrentar as outras agremiações, o Império luta para se reerguer diante dos problemas. Atualmente, a escola responde a 65 ações na Justiça, quase todas trabalhistas, ‘herdadas’ de administrações anteriores.

Detalhe da última alegoria onde estará a coroa%2C símbolo da agremiaçãoCarlo Wrede / Agência O Dia

Por causa das pendências, quase toda a subvenção da Lierj fica penhorada. “Somando a subvenção que sobrou com o dinheiro dos direitos de transmissão, só recebemos cerca de R$ 220 mil”, revela Vera Lúcia.

Na quadra, a situação de penúria se repete, tanto que não há mais bens para serem penhorados. Até os ventiladores já estão comprometidos.

Brigas políticas também são responsáveis pelo jejum de títulos, como admite a própria presidenta: “A política sempre atrapalha nossos desfiles. Existe uma divisão que não acaba nunca, mas minha luta será para acabar com isso. Já estamos conseguindo.” Tomara.

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