Rio - Com quase 500 blocos e cada vez mais colorido e diversificado, o carnaval de rua do Rio neste ano é palco para a obra de grandes ídolos musicais. Indo do samba ao rock, passando pelo pop americano, os blocos temáticos transformaram o carnaval carioca num grande caldeirão musical.
Inspirados no bom humor dos Mamonas Assassinas, o Brasília Amarela estreia este ano nas ruas de Copacabana. Segundo Caio Bucker, fundador do grupo, o grupo de rock tem tudo a ver com carnaval. “Mamonas é alegria, irreverência, é momento de se divertir. É a única banda que tem o Carnaval na sua essência”, contou. O bloco faz uma homenagem ao conjunto em ritmo de marchinhas e outros ritmos carnavalescos e tem até samba enredo próprio. Eles desfilam no dia 16 às 16h na esquina da Miguel Lemos com a Aav. Atlântica.
Outro estreante que faz homenagem a alguém é o Enquanto Corria o Bloco. A festa reúne os fãs da banda Novos Baianos e tem como madrinha a cantora Baby do Brasil, ex integrante do conjunto. O bloco fez festa pra 7 mil pessoas na sexta-feira, nos Arcos dos Teles, Centro.
O New Kids On The Bloco traz para o carnaval carioca pela segunda vez a homenagem às boysbands dos anos 90. Com um repertório que tem Britney Spears, Back Street Boys e Menudo, o bloco vai contribuir para aumentar a diversidade da festa. Eles esperam fazer uma festa para 40 mil pessoas no domingo, às 16h na rua Miguel Lemos.
Pioneiras dos blocos temáticos, o grupo Mulheres de Chico tem na banda 30 mulheres que há nove anos trazem para a rua as composições do mestre Chico Buarque. Vivian Freitas, integrante do grupo, vê com bom olhos o crescimento dos blocos que se dedicam a homenagear suas bandas preferidas, mas pondera. “Acho o maior barato quando é pra ser divertido e irreverente. Só tem que tomar cuidado pra não virar uma comercialização de blocos”, disse.
O maior exemplo dessa categoria, é o Sargento Pimenta, dedicado aos Beatles. O bloco que começou com uma brincadeira entre amigos tem hoje uma bateria composta por mais de 120 pessoas e no ano passado tocou para mais de 125 mil no Aterro do Flamengo. Esse ano eles fazem o seu quinto desfile no dia 16, segunda feiras, às 15h no mesmo local. Segundo Mateus Xavier, diretor musical do bloco, o sucesso se deve a popularidade do grupo. “É uma homenagem a uma das bandas mais importantes da história”, declarou.
Outros exemplos de blocos que fazem homenagem a ídolos musicais são o Bloco pra Iaiá (Los Hermandos), Timoneiros da Viola (Paulinho da Viola e, neste ano, Cartola) e Mulheres de Zeca (Zeca Pagodinho) que já fizeram suas festas, e o Bloco do Thriller Elétrico, homenagem a Michael Jackson, que acontece no domingo às 9h na Praça Barão de Drummond, em Vila Isabel.
O sucesso do tipo de bloco é tão grande que todos eles acabam se transformando em bandas e fazem shows durante todo o ano. O Sargento Pimenta viajou a Londres para tocar junto com o Monobloco em um evento das olimpíadas de 2012. O Brasília Amarela ainda não estreou e já tem shows marcados para os próximos meses.
Há quem prefira se manter no tradicional, mas as opções para quem quer variar só crescem. Para Rodrigo Resende, da liga de blocos de rua Amigos do Zé Pereira, o Carnaval do Rio se transformou muito e comporta hoje tamanha pluralidade. “Algo que era pra ser mais restrito por tocar um artista definido acaba sendo muito amplo”, argumentou. Ele disse que aquilo que começou com o resgate do samba tradicional e das marchinhas, hoje abraça todos os estilos.
“Na nossa liga por exemplo, temos o Exalta Rei e o Toca Rauuul. Ao mesmo tempo nosso padrinho é o Bola Preta, a origem do carnaval de rua no Rio”, explicou. Para os blocos a ideia é homenagear seus ídolos e diversificar a folia. “O Carnaval tem espaço para o tradicional e para o novo. É a oportunidade de sair do comum e fazer algo que agrade todos os público”, declarou Márcio Souza, cantor do New Kids on The bloco.
Reportagem: Flora Castro