Rio - Às vésperas do desfile da Beija-Flor, o principal líder da escola de Nilópolis está preocupado. O motivo? “Medo de pré-julgamento”, revelou Laíla. Em entrevista exclusiva ao DIA, o veterano diretor de Carnaval criticou as “fofocas” e “boatos” envolvendo sua escola nos últimos dias e afirmou que teme que isto possa influenciar a avaliação do corpo de jurados, que tem 20 novos integrantes.
“Ninguém vai destruir o nosso trabalho de meses, só aceito perder se não houver sacanagem no julgamento. Só aceitarei perder se houver uma escola melhor do que a nossa. Estou chateado, porque nunca vi um ano com tantos boatos. Esperaram para dar o bote e e tenho medo que isso possa causar um pré-julgamento. Ficam dizendo que o título está entre escola A e B, mas podem ter certeza que vamos dar o troco na Avenida”, desabafou Laíla, que não quis detalhar os “boatos”.
Sem citar nomes, o diretor repudiou aquilo que chamou de “covardia” contra a escola da Baixada, que ficou em sétimo em 2014. “Não quero que mexam comigo, senão vou dar nome aos bois. A Beija-Flor foi injustiçada em 2014, por isso espero que não cometam nenhuma covardia contra a gente. Espero que os novos jurados só tenham boas intenções e não sejam influenciados por ninguém de fora. Perder é normal, mas não aceitarei nenhum tipo de represália, porque todos sabem que foi a Beija-Flor que iniciou o movimento para melhorar o julgamento. Quero poder elogiar a atuação de todos do júri depois do desfile. Se houver sacanagem vou chutar o balde na Quarta-feira de Cinzas', disparou.
Laíla também saiu em defesa do enredo sobre a Guiné Equatorial, alvo de críticas por falar de um país comandando por um ditador, Teodoro Obiang. Para fazer a homenagem, a Beija-Flor teria recebido R$ 10 milhões. A diretoria, no entanto, não confirma o valor. “Não sou político nem bandido. Defendo a cultura no Carnaval e não abro mão. O enredo exalta as belezas e a história da Guiné. Não falaremos de política em momento nenhum, já tínhamos deixado isso claro. E eles (o governo local) também não pediram nada nem fizeram interferências”.
Questionado se pretende fazer algum tipo de oferenda para os orixás na Avenida como em 2014, quando derramou várias garrafas de cachaça na pista, Laíla admitiu que não pretender fazer nada especial em decorrência da repercussão negativa. “Sempre fiz minhas oferendas. Assumo minha religião e não tenho vergonha. Tenho que agradecer sempre ao meu pai Oxalá pelas conquistas. As oferendas estarão de algum jeito, mas de uma forma diferente”, esclareceu.