Por gabriela.mattos
O mestre-sala Claudinho e a porta-bandeira Selminha Sorriso estão juntos há 25 anos e fazem parte da história do Carnaval cariocaMaíra Coelho / Agência O Dia

Rio - O casal de mestre-sala e porta-bandeira é o bastião de uma escola de samba. Representa a tradição, as raízes africanas dos negros das senzalas e o sincretismo com o luxo europeu da Casa Grande que, literalmente, acabou em samba. O Carnaval deste ano trará para o espectador um momento especial: será o 25º de Selminha Sorriso e Claudinho juntos. Um dos casais de mestre-sala e porta-bandeira mais famosos do Carnaval carioca vai comemorar as bodas de prata em plena Sapucaí.

“Nós nunca brigamos. Nenhuma desavença. Tivemos diferenças no primeiro ano, porque não nos conhecíamos direito. Mas com respeito e cumplicidade desenvolvemos uma amizade que é o segredo da nossa longevidade. É um casamento de irmãos”, define Selminha.
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Mais compenetrado que a parceira, afinal, tem a tarefa de proteger o pavilhão nilopolitano e de cortejar a dona do sorriso mais famoso do Carnaval, Claudinho mantém a versão da porta-bandeira e “irmã”. “Uma relação assim não se constrói se não houver respeito. Este é o segredo da gente”, diz o mestre, que se agiganta ao pisar em sua sala, a Marquês de Sapucaí.
Só respeito seria insuficiente. A humildade do casal chama a atenção de todas as escolas na Cidade do Samba. Quem atesta é outro ícone nilopolitano — e do Carnaval — que tem as mesmas características de Selminha e Claudinho. Não à toa faz sucesso há 40 anos. “O que a Vilma Nascimento foi um dia para a Portela e para o Carnaval, hoje são Selminha e Claudinho. São os maiores da atualidade. Uma sorte e um privilégio tê-los aqui conosco”, elogia ninguém menos que Neguinho da Beija-Flor, fã e ao mesmo tempo ídolo do casal.
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União começou na Estácio
Os fãs mais jovens de Carnaval devem pensar que Selminha e Claudinho são crias de Nilópolis, afinal, se tornaram símbolos da Beija-Flor. A união, no entanto, se deu na Estácio de Sá, escola onde o mestre-sala foi criado. E de forma retumbante, arrebatadora.
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Criada na Unidos de Lucas, Selminha passou também pelo Império Serrano antes de chegar à Estácio, em 1991, por indicação de Maria Helena, porta-bandeira ícone da Imperatriz, e da carnavalesca Maria Augusta.
E logo no primeiro desfile (1992) Selminha e Claudinho foram campeões, no único título da Vermelho e Branco do São Carlos.
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A Beija-Flor surgiu para os dois apenas em 1995, quando Laíla convidou o casal estaciano a participar do Desfile das Campeãs pela escola de Nilópolis. A Beija-Flor tinha como praxe convidar para desfilar os casais das escolas que não se classificavam para a noite de gala do Carnaval.
Casal veterano e no auge da carreira

O jornalista e escritor Aydano André Motta, autor de ‘Onze Mulheres Incríveis do Carnaval Carioca’, da Editora Verso Brasil, sobre as principais porta-bandeiras da história, é fã declarado de Selminha e Claudinho. “Eles viveram o auge da carreira há dez anos e estão no topo novamente. Sorte da Beija-Flor”, diz Aydano, jurando ter deixado de lado o coração nilopolitano na hora da avaliação.

O mestre-sala Claudinho e a porta-bandeira Selminha Sorriso estão juntos há 25 anos e fazem parte da história do Carnaval carioca.Maíra Coelho / Agência O Dia

O escritor concorda com Neguinho da Beija-Flor na hora de exaltar a dupla. Segundo eles, alguns casais entram para a história pela competência, longevidade e beleza. “Estamos vendo a história diante de nós. Eles estão no patamar dos ícones Neide e Delegado (Mangueira), Vilma e Benício (Portela) pelo talento, beleza, vitórias e longevidade”, assegura o pesquisador.Selminha e Claudinho encantaram a Sapucaí e, no ano seguinte, já vestiam azul e branco. E, pé-quentes, conquistaram oito dos 13 títulos da escola mais vencedora da história da Marquês de Sapucaí.

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