O Nordeste também fez parte do tema da segunda escola a entrar na Marquês de Sapucaí. Com o enredo ‘A Farra do Boi, do carnavalesco Jack Vasconcelos, a Paraíso do Tuiuti empolgou mais que a primeira escola ao levar para a Avenida lendas e o folclore da região. Um dos destaques foi a comissão de frente com os bois da cara preta. “Viemos para assombrar mesmo”, disse o coreógrafo Junior Scarpin.
A terceira escola a entrar na Avenida foi a Inocentes de Belford Roxo, que homenageou o cineasta Cacá Diegues. O presidente da agremiação disse que a escola investiu R$ 1,5 milhão no desfile, um dos maiores investimentos do Grupo, segundo ele. Até o fechamento desta edição, eram esperadas ainda a tradicional Império Serrano, com o enredo ‘Silas Canta Serrinha’, Caprichosos de Pilares, que faz homenageando o jogador sérvio Petkovic, Unidos de Padre Miguel e Acadêmicos do Cubango.
Na primeira noite de desfiles da Série A, além da Viradouro, outra escola que encantou o público foi a Porto da Pedra, que levou para a Avenida uma bela homenagem ao Palhaço Carequinha. A comissão de frente, coreografada por Patrick Carvalho — o mesmo profissional da União da Ilha —, trouxe figurantes representando palhaços famosos, como Bozo, Topetão e Patati Patatá, além de um anão. Usando uma lona inflável, a colorida comissão montava o ‘circo’ sempre diante dos jurados.
Desenvolvidas pelos carnavalesco Jaime Cezário, as alegorias retrataram com clareza a vida e a obra de Carequinha, que viveu em São Gonçalo, cidade da Porto da Pedra. Ainda na madrugada de ontem, a Renascer de Jacarepaguá teve um dos enredos mais interessantes do primeiro dia: a história dos orixás que viraram santos no Brasil, a partir da representação de São Cosme e São Damião. O Império da Tijuca encerrou a primeira noite com um belo desfile sobre o ator José Wilker e corre por fora para chegar ao Grupo Especial.
Unidos de Padre Miguel
A Unidos de Padre Miguel fez também um dos belos desfiles da segunda noite da Série A no Sambódromo. A ideia do enredo parecia arriscada: contar a história dos impostos no Brasil e da exploração das nossas riquezas de forma irreverente e sem complicar a compreensão do público. Deu certo. Sexta a desfilar, a escola levou alegorias extremamente ricas e bem acabadas, proporcionando assim belo espetáculo. Mérito do carnavalesco Edson Pereira, que também assina o desfile da Mocidade Independente ao lado de Alexandre Louzada.
A comissão de frente reproduziu banquete na corte e lembrou o histórico ‘Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia’, da Beija-Flor de 1989. Logo em seguida, a ala das crianças veio fantasiada de ratinhos do porão, sendo ovacionada pelo público.
Ao longo das alas, a escola misturou história e crítica social na dose certa. Apesar de algumas fantasias sem leitura fácil e de alguns problemas em evolução, a Unidos de Padre Miguel brilhou em todos os demais quesitos, por isso está também credenciada a disputar o título.
Antes de entrar na Marquês de Sapucaí, o penúltimo carro deu um susto e quase entalou no viaduto.
Com ‘Um Banho de Mar à Fantasia’, a Cubango encerrou a segunda noite da Série A. A comissão frente, comandada por Márcio Moura, trouxe bailarinos simulando nado sincronizado dentro de um mar cenográfico, com muito bom humor. O enredo, no entanto, que falava de lendas do mar e exaltava a importância da preservação da água, foi contado de forma pouco criativa. As fantasias de algumas alas também deixaram a desejar.
Inocentes
A Inocentes de Belford Roxo contou a história de um do cineasta Cacá Diegues. Terceira agremiação a pisar na Sapucaí, a escola da Baixada, que passou pelo Grupo Especial em 2013, lembrou os filmes mais importantes da obra do artista, entre eles ‘Chica da Silva’, ‘Bye, Bye, Brasil’, ‘Quilombo’ e ‘Tieta do Agreste’. A comissão de frente foi um dos destaques. Representando o contato de Cacá ainda criança com a sétima arte, o grupo reproduziu o clima mágico de uma sala de cinema, com direito a lanterninha e baleiro. A presença de um figurante mirim deu um toque especial ao trabalho.
A segunda alegoria, intitulada ‘Caravana Rolidei e o Grande Circo Místico’, apesar de imponente, apresentou falha na iluminação. O letreiro de ‘Caravana Rolidei’ passou com o ‘R’ de caravana apagado.
Estreando como Rainha de Bateria, a funkeira Renata Frisson, a Mulher Melão, roubou a cena, apesar da fantasia um tanto comportada. Aos 75 anos, Cacá Diegues veio no quarto e último carro, ao lado Renata de Almeida Magalhães, sua mulher, e mostrou que sabia cantar o samba todo.