Rio - Para ganhar o Carnaval tem que bater a Beija-Flor de Nilópolis. A velha máxima, difundida desde que a Azul e Branca se transformou em uma máquina de vencer, mais uma vez se faz real. O desfile da agremiação nesta noite de domingo no Sambódromo foi o mais completo da escola na década, com traços de desfiles antigos e a velha forma avassaladora de desfilar, que fazem da Beija-Flor o rolo compressor da avenida.
GALERIA: Beija-Flor derrama ouro na Sapucaí
Impossível citar apenas um quesito como destaque em um desfile que entra para a história. Uma comissão de frente com a assinatura do trabalho de Marcelo Misailidis, com complexidade de coreografia e riqueza de detalhes. Conjunto de alegorias e fantasias que dificilmente será igualado neste 2016 e uma atuação que explica porque Neguinho da Beija-Flor é o maior intérprete do Carnaval Era Pós-Jamelão.

Comissão de Frente
Marcelo Misailidis assina o melhor trabalho de sua carreira com a comissão "Do trabalho escravo à exploração do ouro e o esplendor do barroco mineiro". Praticamente uma mini-peça teatral, que representava o período histórico da exploração do ouro, o desejo de liberdade pelos negros e as manifestações culturais. Em um primeiro momento o elemento alegórico era um carro de boi, onde negros puxavam.
A partir de uma segunda etapa o mesmo elemento era erguido e se transformava em uma igreja. De dentro dela saía o Marquês de Sapucaí. No final da apresentação, os negros ganhavam asas de liberdade e o Marquês era arrastado, sob um pano azul, para dentro do elemento.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Completando 25 anos de parceria, Claudinho e Selminha Sorriso estiveram quase perfeitos no desfile. E o único senão fica por conta da exibição para o primeiro módulo de julgamento, quando o pavilhão tocou levemente no esplendor do mestre-sala. Mesmo assim a dupla se apresentou muito bem, com a velha categoria de sempre.
A indumentária dos dois estava belíssima, com destaque para a máscara que ambos usavam. Eles representaram a "nobreza dos enamorados Arlequim e Colombina" e foram apresentados pelo carnavalesco Fran Sérgio.

Harmonia e Samba
O rolo compressor da Beija-Flor passou pela avenida. Conduzido com a categoria de Neguinho da Beija-Flor, 40 anos de avenida, é um ícone do Carnaval. As alas passaram berrando o samba e alguns diretores de harmonia davam pulos de euforia, atestando o resultado do trabalho de um ano inteiro. Os setores 01 e 07 foram os que cantaram com maior força o samba, que teve excelente rendimento na avenida, apesar de todas as críticas recebidas no período de pré-carnaval. Harmonia com a assinatura nilopolitana.
Enredo
Outro ponto forte do desfile que coloca a Beija-Flor na briga pelo bicampeonato. Cada setor bem dividido com o nascimento, crescimento e a vida do Marquês de Sapucaí. Sequenciamento cronológico com coerência e fácil entendimento. Destaque para o último setor, que mostrou a relação da Beija-Flor com o homenageado, através de alas que mostraram como era o carnaval no período do Império e uma alegoria evidenciando a maior campeã da Sapucaí, com 13 campeonatos. Uma homenagem que deve ter deixado o Marquês cheio de orgulho na rua onde ele vive na ilusão do sambista.
Evolução
A Beija-Flor passou quicando pela avenida como não passara há algum tempo. Aquele padrão de desfile que fez da escola o que ela é hoje, referência nos quesitos de pista. As alas passaram brincando, sem desorganização e as fantasias volumosas não atrapalharam em momento algum. O único senão ocorreu na altura do terceiro módulo de julgamento onde a escola permaneceu 10 minutos parada.

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