Por gabriela.mattos
Rio - O debate sobre o enredo da Imperatriz Leopoldinense acaba de ganhar mais uma voz. Desta vez, são os próprios indígenas que resolveram dizer o que acham de ‘Xingu — O Clamor que vem da Floresta’, duramente criticado por setores do agronegócio. Representantes da etnia Kamayurá, uma das 16 que habitam o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso do Sul, divulgaram uma foto com cartazes em defesa da Verde e Branco.
O carnavalesco Cahê Rodrigues, autor do enredo,comemorou o apoio daqueles que ele pretende homenagear na Avenida. “Ter os indígenas do Xingu nos apoiando demonstra que estamos no caminho certo, que temos um tema que prega o respeito”, declarou.
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O senador Ronaldo Caiado (DEM), defensor do agronegócio, chegou a sugerir sessão temática no Senado sobre o enredo. As principais reclamações dirigidas à escola giram em torno das críticas no samba ao uso de agrotóxicos e à hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, chamada de ‘Belo Monstro’.
Manifestação de apoio é de uma das 16 etnias que vivem no XinguReprodução Internet

“O apoio é devido a esse mal entendido. O agronegócio entendeu que o enredo era ofensivo, mas nunca foi a intenção da escola”, defendeu-se o carnavalesco, que sábado promove o evento beneficente ‘Amigos do Cahê’, em prol da Casa do Índio da Ilha do Governador.

Para criar o enredo, Cahê visitou o Xingu em dezembro e se consultou com o professor de Antropologia do Museu Nacional/UFRJ Carlos Fausto. “Eles foram bastante cuidadosos. O Cahê estudou muito e não está atacando ninguém”, disse o acadêmico, que achou exagerada a reação do agronegócio. “Trabalho no Xingu há 20 anos. Estou vendo os índios morrendo de câncer por agrotóxicos. O que antes era um paraíso, hoje é uma área contaminada”, lamentou.
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?Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat