Por thiago.antunes

Rio - A aglomeração de pessoas no Posto 10 da orla do Recreio hoje, às 13h, pode parecer a de qualquer outro bloco. Tem um trio elétrico, 70 ritmistas, abadás, samba, pagode e axé. Mas ali não tem álcool, drogas e nem pegação. O que mais se vê no bloco Sou Cheio de Amor, da Igreja Batista Atitude, é o nome de Jesus estampado nas camisas, no trio e nas alegorias.

Coordenadora de eventos da congregação, Ana Cristina Festivo, de 50 anos, diz que o bloco é o preferido da Comlurb e da PM, pois quase não faz bagunça na rua. Para ela, o Carnaval tem um significado diferente da ‘festa da carne’. “É uma estratégia para alcançar vidas para Jesus. Queremos mostrar que somos da igreja, mas nossa alegria não passa nem na quarta-feira de Cinzas”.

Há quatro anos desfilando, a agremiação espera arrastar três mil foliões-fiéis hoje. Do alto do trio, o pastor da igreja vai fazer pregações e a banda vai cantar o samba-tema deste ano, ‘Abra Seu Coração’. Um dos compositores é o professor de Educação Física Gabriel Oliveira, de 30 anos. Sobrinho de Mauro Duarte, autor de ‘Canto das Três Raças’, ele cresceu no samba.

Aos 12 anos aprendeu a tocar cavaquinho, com o qual se apresentava em várias escolas. Mas depois de se converter, em 2012, deixou de se identificar com a Avenida. Hoje, Gabriel tem o grupo de pagode Pra Cristo e só sai no Sou Cheio de Amor. “A Bíblia diz que ‘tudo me é lícito, mas nem tudo me convém’. Aprecio boa música, mas se a letra induz a adultério ou prostituição, eu não curto”, resume.

Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat

Você pode gostar