Por caio.belandi

Rio - As sete primeiras escolas da Série A do Carnaval do Rio abriram o carnaval na Sapucaí nesta sexta-feira e animaram os espectadores da Passarela do Samba. Neste sábado, o segundo dia de desfile do grupo de acesso ao Especial trará, na ordem: Rocinha, Cubango, Inocentes, Império Serrano, Unidos de Padre Miguel, Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra.

GALERIA: Escolas do grupo A abrem carnaval na Sapucaí

Com garra, Sossego estreia e abre o carnaval de 2017

Um desfile simples e humilde, mas muito digno, compacto e com garra, abriu o carnaval no Sambódromo e marcou a estréia da Acadêmicos do Sossego, de Niterói, no Grupa A do carnaval do Rio. Longe da imponência das favoritas Viradouro e Estácio, a azul e branca levou para a Sapucaí o enredo 'Zezé Mota, a deusa de Ébano', em homenagem a cantora e atriz. Ela participou do desfile no quarto e último carro alegórico intitulado 'Muito prazer, eu sou Zezé'.

Integrantes da Sossego mostraram garra para defender a escola%2C que estreia na Série ACacau Fernandes/Agência O Dia

A carreira da atriz foi passada na avenida. O destaque ficou por conta do segundo carro, representando o personagem mais marcante da atriz, a negra alforriada Xica da Silva, representada no filme de mesmo nome, do cineasta Cacá Diegues, de 1976. A religiosidade dela e seu engajamento nas questões raciais também foram mostrados. A escola foi impulsionada pelo bom samba, que empolgou com a frase do refrão 'Eu vi mamãe Oxum clarear na cachoeira', em referência ao orixá da atriz. A bateria sob o comando do consagrado Mestre Átila, ex-Império Serrano, segurou a cadência e fez caprichadas paradinhas e bossas, marcas registradas de seu comandante.

Alegria emociona com a Madrinha do Samba

A madrinha do Samba, Beth Carvalho, emocionou a avenida durante a passagem da Alegria da Zona Sul. A sambista foi o enredo da escola, que levou para o desfile muitas alas em tons verde e rosa, da Mangueira, escola de coração de Beth. Sem grandes luxos, com fantasias simples e carros modestos, a "Alegria" ficou forte devido ao canto dos componentes, que não deixaram Igor Viana, o puxador, levar sozinho o samba-enredo.

Carismática, Beth esqueceu a fragilidade de quem chegou na avenida em uma cadeira motorizada e com 26kg a menos por um problema de saúde, e se levantou muitas vezes no último carro da escola para saudar o público.

"Foi a sexta vez que fui enredo, mas a emoção é sempre muit grande. Ser enredo é a maior honra que uma pessoa, principalmente do samba, pode receber" disse a cantora, emocionada e ovacionada na Praça da Apoteose por uma legião de afilhados. Tia Surica ficou com Beth no recuo da bateria até metade do desfile, quando a homenageada foi para seu carro. Debilitada, a cantora mostrou preocupação durante a sua retirada do carro: "Vai devagar. Não me esquece aqui" pedia a cantora.

Acompanhada de uma mulher, Beth deixou a avenida discretamente, diriigndo sua cadeira, sem qualquer escolta, no fim do desfile da Estacio. Dessa vez, a Praça da Apoteose não parou para ver Beth, que passou quase despercebida pela área até sair do Sambódromo.

Império passa sem grandes destaques

A Império da Tijuca fez um desfile muito aquém dos seus concorrentes da noite. O enredo sobre Sao João Batista foi pouco empolgante, apesar dos carros grandes e alas cheias. A comissão de frente foi um dos pontos altos, com uma mini alegoria e movimentos bem executados.

No começo do desfile, um dos carros teve problema e causou um grande buraco. O incidente fez com que a escola perdesse muito tempo. O ultimo carro, um grande Arraiá com a Velha Guarda fechou o desfile conturbado. No fim, os componentes precisaram correr muito para passar nos 55 minutos e não estourar o limite. Não deu, e a escola fechou o desfile em 56 minutos. Na Apoteose, em vez de samba, houve muita discussão entre componentes, responsáveis pela harmonia e diretoria.

A Viradouro levantou a Sapucaí e é uma das favoritas para voltar ao grupo EspecialDaniel Castelo Branco/ Agência O Dia

Favorita, Viradouro levante a torcida

Livre, com um enredo leve, a Viradouro, uma das três escolas de NIterói no Grupo de Acesso terceira a desfilar na noite de sexta-feira, foi a primeira a levantar o público na Sapucaí. Com o enredo e todo menino é um rei, inspirado na canção de Nelson Rufino e Zé Luiz, imortalizada na voz do saudoso sambista Roberto Ribeiro, o carnavalesco Jorge Luiz Silveira relembrou o imaginário infantil de cada um. Colorida e com um samba fácil, a escola teve a bateria de mestre Maurão variando nas paradinhas e nas bossas,

No carro abre-alas, representado o menino-rei, o puxador de samba há mais tempo em atividade, Dominguinhos do Estácio, foi homenageado. Com a Viradouro, ele defendeu o samba-enredo que deu o único título para a vermelha e branco de Niterói, em 1997, com o enredo 'Treva! Luz! A Explosão do Universo', de Joasinho Trinta. Quem deu o tom do enredo, porém, foi o puxador Zé Paulo Sierra.Ele mudou de figurino várias vezes, e como um moleque, cantou sem camisa próximo ao público. Personagens do imagináio infaltil também estavam no desfile da escola, como Mário Brother, Playmobils, soldadinhos de chumbo e super-heróis, como Thor e Capitão América. O terceiro carro, a reprodução de um batmóvel foi dos destaques do primeiro dia de desfiles. A escola é apontada como uma das candidatas ao titulo. No fim, componentes entoaram o canto 'a campeã voltou' na dispersão.

Intérprete histórico do carnaval carioca%2C Dominguinhos do Estácio foi homenageado no desfile da ViradouroDaniel Castelo Branco/Agência O DIA

"Foi uma emoção muito grande. Deu para sentir que a escola passou muito bem. O público gostou, respondeu e passou isso para gente na avenida. Estou otimista", disse mestre Maurão, comandante da bateria.

Curicica abre o baú e diverte público

Com um desfile humilde e compacto, a União do Parque Curicica mostrou garra e alegria para defender o enredo 'O importante é ser feliz e nada mais'. Tendo à frente o intérprete Ronaldo Illê, que completou dez anos a como voz principal da Tricolor de Jacarepaguá, a escola abriu seu baú de recordações infantis, televisivas, musicais e carnavalescas na Sapucaí, entre o fim dos anos 70 e o iníico dos 90. Logo atrás do abre-alas, a ala de Bozos relembrava o célebre palhaço que fez sucesso no SBT, seguida das Paquitas, do Xou da Xuxa. A ala Capitão Gay, do lendário Viva o Gordo foi um dos destaques. A bateria de mestre Léo Capoeira foi caso à parte. Com paradinhas de tirar o fôlego, os músicos vieram fantasiados de Timbalada, numa referência ao bloco de Carlinhos Brown na Bahia, com alguns atabaques.

"Correspondemos à expectativa. Saí de alama lavada", disse Léo, pelo terceiro ano à frente da Bateria Audaciosa, como é conhecida. No fim, referências as lembraças dos antigos carnavais, com alas de colombinas e pierrots, e uma homenagem a Joazinho Trinta, com a ala 'gari da folia', em referência ao enredo Ratos e Urubus da Beija-Flor, de 1989.

"Me senti muito bem completando 10 anos como intérprete da escola. Acho que demos o recado com propriedade na avenida. Espero continuar. Se quiserem renovar comigo, eu fico", deu o papo Ronaldo Illê.

Estácio arrebata com 'filho' Gonzaguinha 

Cria do Morro do São Carlos, pertinho do Sambódromo, Gonzaguinha foi enredo da Estácio de Sá, num desfile que levantou a Marquês de Sapucaí. O samba com trechos de sucessos do filho de Gonzagão funcionou entre os componentes e o público.

O carnavalesco Chico Espinoza optou por alegorias usando muito as cores da escola, com estilo de carnavais antigos.Exuberantes, os carros chamaram a atenção pelo acabamento bem feito.

Intérprete de Gonzaguinha no cinema, o ator Julio Andrade emocionou o público com a semelhança com o músico.  "Eu sinto orgulho quando me confundem com ele. O coração explodiu na avenida" disse o ator.

O refrão "É bonita, é bonita e é bonita", do samba e do hit "O que é? O que é?", ficou caracterizado na Avenida pela Rainha de Bateria Luana Bandeira. Com pouquíssima roupa, a coleguinha do Caldeirão foi a mais bela do primeiro dia de desfiles a Série A.
A bateria do Mestre Chuvisco, vestida de cangaceiro, foi outro ponto alto do desfile.
No fim, Chico Espinoza definiu o desfile da escola que caiu no ano passado: "Foi um desfile de coração para corações e eu estou muito feliz com o resultado"

E assim o Leão, sem vergonha de ser feliz, fez um carnaval para voltar ao Grupo Especial.

Santa Cruz fecha primeiro dia com problemas

Com um dos enredos mais educativos do Grupo A, sobre a história e o incentivo à Literatura infantil, e o samba enredo mais cadenciado da noite, a Acadêmicos de Santa Cruz pagou o preço de ter problemas logo no iinício com seu abre-alas. O imenso buraco foi aberto logo em frente ao Setor 1 forçou a escola a parar e depois a tentar recuperar o tempo perdido. A alegoria do enredo 'Vou levar somente o que couber no bolso e no coração...Uma viagem de sabedoria além da imaginação...', que representava a fonte da juventude, numa referência aos griôs (contadores de história africanos) também apresentou problemas de iluminação.A escola viu sua evolução prejudicada, já que os componente tiveram que acelerar o passo para e itar mais clarões.

O samba mais harmônico da noite e de fácil assimilação foi cantado pelos componentes e bem defendido pelos intérpretes Carlos Pavarotti e Gabby Moura, a única mulher puxadora de samba do carnaval do Rio. Personagens como homem-de-lata, do clássico Mágico de Oz, Emília, do Sítio do Pica-pau Amarelo, um dos homenageados no enredo, foram representados nas alas. No fim, a escola chegou com seu último carro alegórico com cinco minutos de antecedência pouco antes da linha final e pode administrar o tempo máximo de 55 minutos.

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