Rio - As ruas de Oswaldo Cruz e Madureira eram só sorrisos ontem. No dia seguinte à conquista dos títulos que a Portela e o Império Serrano conquistaram neste Carnaval, os calçadões estavam coloridos de verde, azul e branco, as cores das duas campeãs, do Grupo Especial e da Série A.
Muitos cariocas vestiam, orgulhosos, as camisas das escolas. Na Rua Clara Nunes, onde fica a quadra da Portela, os festejos se estenderam até ontem pela manhã. Em cada esquina um portelense ou um imperiano a sorrir iluminava a região, da ala infantil à velha guarda, das quadras ao Mercadão de Madureira.

A passista mirim Ana Carolina de Oliveira, de apenas 9 anos, desfilou pela segunda-feira na Portela e estava muito feliz de fazer parte, tão novinha, desse momento. “É um orgulho imenso”, comentou. Já o presidente da Velha Guarda da Azul e Branca, Roberto Camargo, sente novamente o gosto da vitória. “Há 33 anos a gente vem nesse martírio. Foi na inauguração do Sambódromo, um prêmio dividido com a Mangueira. Então precisávamos de um título só nosso. Fiquei tão emocionado que o coração quase não aguentou. Tive que tomar remédio depois do resultado”, disse o baluarte.
“Pela Portela a gente faz qualquer coisa, não mede sacrifícios”, dizia Tia Surica, que retornou à quadra ontem para continuar festejando, e já se prepara para o Desfile das Campeãs, amanhã.
Já na quadra do Império Serrano, os festejos foram mais contidos: foram até 1h de ontem, mas não menos emocionante. Presidente da escola, Vera Lucia Corrêa de Souza já anuncia que no domingo a escola vai tomar as ruas de Madureira. “Foram oito anos de muita luta. Trouxemos a alegria de volta. Não sei se a Portela vai descer, mas nós vamos subir (a Estrada do Portela) no domingo”, anunciou.

Conseguir uma camisa da Portela ou do Império era missão quase impossível ontem no Mercadão de Madureira. Em muitas lojas, os estoques se esgotaram. Nas ruas do bairro, a corrida em busca das camisas começou cedo. Adriana Oliveira, paraibana de Campina Grande, de férias no Rio, levou quatro horas até encontrar a sua.
“Em todo lugar dizem que vai chegar mais tarde”, conta. Há 50 anos no mesmo ponto, José Carlos é referência quando o assunto é camisa de escola de samba e de time de futebol na Estrada do Portela. “Ontem (quarta-feira) saí daqui às 3h da manhã. A baby look (modelo feminino) acabou ontem mesmo”, revelou. As camisas variam de R$ 25 a R$ 50. Dona Hedimê Maria de Oliveira, de 80 anos, é portelense quente e também corre para garantir a camisa da campeã. “Madureira vai festejar o ano inteiro!”, disse.

Formação de raiz para futura geração
Ela desfila na Portela desde 1976 e já viu muita água rolar. Hoje, Nilce Fran é a queridinha dos mirins que desejam brilhar e fazer história na escola. Ela começou como porta-bandeira mirim, já foi passista e hoje ensaia crianças para se tornarem passistas da escola pelo projeto ‘Primeiro Passo’. Com tantos anos de experiência, ela também ensina os truques e trejeitos para rainhas de bateria e musas da escola arrasarem na Sapucaí.
Caprichosos é rebaixada
A Caprichosos de Pilares, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, foi rebaixada para o Grupo C do Carnaval carioca. A agremiação terminou na 11ª colocação do Grupo B e vai para a quarta divisão juntamente com Leão de Nova Iguaçu, Favo de Acari e Mocidade Unida do Santa Marta.
A grande vencedora foi a Unidos de Bangu, que volta à Série A e abrirá os desfiles de 2018 na Marquês de Sapucaí. A Unidos do Cabuçu terminou na segunda colocação, e a Tradição ficou com o terceiro lugar na Série B.