Por thiago.antunes

Rio - A investigação da 6ª DP (Cidade Nova) sobre o acidente com último carro da Paraíso do Tuiuti — que resultou em 20 feridos no desfile do fim de semana — aponta para falhas e negligências da agremiação. O motorista da alegoria, Francisco de Assis Lopes, só contava com uma pessoa para orientá-lo, sem rádio de comunicação, quando seriam necessárias mais quatro. Ele não tinha visão do trajeto.

Os responsáveis podem responder por lesão corporal culposa (quando não há intenção) grave. A pena máxima chega a um ano e quatro meses de detenção e o caso deve ir parar em um Juizado Especial Criminal (Jecrim).

A delegada disse que não apenas o motorista será punido. “Estamos investigando todos”, declarou Maria Aparecida Mallet. Segundo a perícia preliminar, uma das rodas estava quebrada, mas ainda não está comprovado que houve relação direta com o desgoverno do carro. O diretor de alegoria, Jaime Vasconcelos, prestou depoimento ontem por duas horas. “Ele disse que não encontrou dificuldade com o veículo nem na saída do barracão nem quando entrou na avenida”, explicou.

Engenheiros do Crea estiveram ontem na cidade do Samba para inspecionar documentação técnica dos carros que desfilarão hoje na SapucaíMaíra Coelho / Agência O Dia

O engenheiro responsável Edson Marcos Gaspar de Andrade, tem prazo de 48 horas para apresentar os relatórios de execução e de vistoria do carro aos investigadores. Chama a atenção o fato de ele trabalhar para outras oito escolas do Grupo Especial e para a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), se for comprovada a negligência do profissional, ele pode ser punido até com a cassação do registro.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, que também foi ouvido ontem na delegacia, defendeu Andrade. “Ele faz a supervisão dos trabalhos de engenharia das empresas contratadas e, por já estar na Cidade do Samba e ser conhecido das escolas, faz o acompanhamento das alegorias”, alegou. Sustentou ainda que o acidente na Tuiuti é resultado de “problema técnico ou imperícia”. Rechaçou também a tese da escola de que a pintura teve a ver com o acidente.

Castanheira vai apresentar à delegada documentos que comprovam que a tinta foi a mesma utilizada no ano passado. “É a mesma de todos os anos e feita especialmente para o Sambódromo, com uma aderência maior. Vamos apresentar as notas fiscais”, disse.

Segunda-feira, a partir das 10h, os responsáveis pela Unidos da Tijuca cuja estrutura metálica do carro de Nova Orleans desabou deixando 12 feridos, serão ouvidos, entre eles o presidente Fernando Horta. Um dos feridos foi ouvido ontem.

Carros passam por inspeção

Até o final da tarde de ontem nenhuma das seis escolas que desfilam hoje, na Sapucaí, haviam apresentado declaração que atestasse as condições técnicas favoráveis para que os carros alegóricos entrem na avenida. De acordo com o Assessor da presidência do Crea-RJ, Rodrigo Machado, cabe aos organizadores do evento decidirem se realizam os desfiles ou não diante desse atraso na entrega das declarações.

Os engenheiros responsáveis têm, pelo menos, até às 20h de hoje para apresentá-los, segundo o Crea.  Uma equipe dos Bombeiros passou a manhã de ontem inspecionando os 36 carros das seis escolas que irão desfilar hoje na Sapucaí.

Bombeiros aprovam vistoria nos carros alegóricos nos barracões das escolas de sambaFoto%3A Maíra Coelho / Agência O Dia

Segundo o órgão todos os carros estão aptos. Engenheiros do Crea também estiveram na Cidade do Samba para revisar os relatórios técnicos emitidos pelas escolas e acompanhar se todas as exigências foram cumpridas.

Engenheiro responsável por assinar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ARTs) de nove escolas neste carnaval, Edson Marcos Gaspar de Andrade, terá a conduta investigada pelo Crea-RJ. “Estou o ano inteiro aqui acompanhando o processo de montagem das alegorias. Quanto ao carro da Tuiuti, uma perícia está sendo feita, preciso aguardar o laudo para ou comemorar ou me defender”, posicionou-se.

No entanto, Machado explicou que não é impossível responder tecnicamente por tantos carros alegóricos. “O importante é caracterizar que na engenharia se garanta a operação bem sucedida dos veículos”, disse.

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