Por gabriela.mattos

Rio - No ritmo da marchinha ‘Ó abre alas que eu quero passar’, o Carnaval carioca, que se encerrou oficialmente com o Desfile das Campeãs, se prepara para brilhar de novo. Agora, porém, o espetáculo será longe da Sapucaí: no exterior. Na ‘entressafra’ até o desfile de 2018, centenas de passistas, ritmistas, intérpretes e componentes de alas, como a das baianas, vão cumprir um inusitado e lucrativo calendário internacional do samba.

Pesquisador de Economia Criativa e um dos principais incentivadores de negócios no entorno da maior festa popular do Brasil, o professor Jair Martins de Miranda (UniRio) estima, depois de viajar pelos quatro cantos do mundo desde 2009, que existam mais de mil grupos estrangeiros inspirados no Carnaval tupiniquim espalhados pelo planeta.

Célia Domingues se orgulha da qualificação de 500 mulheres%2C que produzem itens para Carnaval no Brasil e exteriorpor anoDivulgação

O mais antigo deles, com 15 anos de existência, o de Helsinque, na Finlândia, onde existiam cinco escolas de samba em atividade. A quantidade mais fiel à realidade, porém, só será conhecida com mais precisão com a consolidação da Rede Internacional de Samba e Carnaval e uma pesquisa cartográfica que está em andamento.

Jair Miranda e investidores japoneses na Sapucaí. Bons negócios no exteriorÁlbum de família

“A rede será uma plataforma digital, uma ferramenta para agenciamento e local colaborativo de trocas culturais e comerciais para os sambistas. A expansão do samba no mundo vai muito além do que sabemos e imaginamos. E tem crescido muito nos últimos anos, não só nos países já tradicionais como Japão, Estados Unidos, Alemanha e Finlândia, mas especialmente em países como a Rússia, Sérvia e Coreia do Sul, por exemplo”, destaca Jair Martins.

Ele lembra que em Nothing Hill, na Inglaterra, as escolas de samba London School of Samba, Quilombo e Paraíso Samba School costumam levar dois milhões de pessoas às ruas. No Japão já existiriam mais de 30 grupos com status de blocos e mini-escolas de samba.

Apesar do otimismo, Jair sustenta que a conexão entre agentes brasileiros e os gringos ainda pode ser melhor. “O mundo do samba ainda desconhece o samba do mundo”, observa. A globalização do samba e os negócios, inclusive, viraram tese de doutorado do especialista, que será apresentada na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no próximo dia 5. Pela internet (www.sambaglobal.net/web-tese), cidadãos podem dar opiniões sobre o assunto.

Selminha Sorriso%2C em foto de 2001%2C no Japão%3A pioneiraarquivo pessoal

Eventos na Europa, EUA e Ásia

Já há eventos carnavalescos previstos para Europa, Estados Unidos e Ásia. Os maiores destaques são para Copenhagen (Dinamarca); Helsinki (Finlândia), em junho; Marselha, Paris e Toulon (França), em julho; Coburg, Berlin e Hamburgo (Alemanha), em agosto; em Londres (Inglaterra), Los Angeles (EUA), Tókio, Yokohama e Nagoya (Japão) e Seoul (Coreia do Sul), até o fim do ano.

Selminha Sorriso, porta-bandeira da Beija-Flor, é pioneira em se apresentar no exterior. “Sou apaixonada pelo Japão. E vice-versa”, garante. Presidente da Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (www.amebras.org.br), Célia Domingues já formou 15 mil mulheres empreendedoras, em quase 20 anos produzindo carnavais no Brasil e na Argentina.

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